Com uma conta corrente 100% digital e gratuita, o Banco Inter (antigo Intermedium) conseguiu atrair 300 mil clientes em pouco mais de um ano e meio. A empresa, que nasceu como uma financeira da MRV Engenharia, deixou de ser apenas um operador de crédito e virou um banco completo, gratuito, digital e lucrativo. O objetivo para o próximo ano é acelerar ainda mais esse crescimento e chegar a meta de 1 milhão de correntistas.
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O Banco Inter nasceu como uma instituição financeira da MRV Engenharia, em 1994. Na época, com o nome de Intermedium, a empresa atuava como uma operadora de crédito em Minas Gerais. Com o passar do tempo e sem ver crescimento nessa área, entrou em outros segmentos, como financiamento imobiliário, e, em 2008, virou um banco de investimentos, passando a oferecer conta corrente “semidigital” a seus clientes a partir de 2014.
O salto de 20 mil para 300 mil clientes
A grande virada do negócio só aconteceu 22 anos depois da sua fundação. A empresa lançou, em 2016, o modelo de conta corrente 100% digital, gratuita e livre de tarifas. Todo o processo de abertura e gestão da conta é feito através de um aplicativo (Android, iOS) e o cliente recebe um cartão de débito físico. O banco não cobra anuidade e os saques (em caixas eletrônicos Banco24Horas) e transferências são gratuitos e ilimitados. O cliente pode optar, ainda, por incluir a função crédito em seu cartão de débito, também sem nenhum custo ou anuidade. A bandeira é Mastercard Internacional.
O modelo já atraiu 300 mil correntistas, marca que será alcançada nos próximos dias, segundo Alexandre Riccio de Oliveira, diretor executivo do Banco Inter. “Em 2014, para atender o cliente investidor, lançamos a conta corrente ‘semidigital’. Em 2015, conseguimos lançar a conta digital para todos, mas o processo de abertura ainda envolvia o envio de documentos e autenticação em cartório. Em 2016, a abertura passou a ser feita totalmente via aplicativo e a escala mudou de patamar. Passamos de 20 mil contas para 300 mil.”
O modelo de abertura de conta corrente digital começou a ser possível a partir de uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) no ano passado. A medida deu um impulso às chamadas fintechs, empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros. É o caso do Banco Original e do Neon, que também oferecem conta digital, e mais recentemente do Nubank.
1 milhão de correntistas em 2018
Diante do sucesso do modelo, o Banco Inter quer conquistar mais 50 mil correntistas até o fim de dezembro para terminar o ano com 350 mil clientes. Em 2018, o plano é bater a meta de 1 milhão de correntistas. A média de idade dos atuais correntistas é de 31 a 32 anos, com 80% dos clientes tendo de 18 a 42 anos.
O diretor-executivo do Banco Inter acredita que ações de marketing nas redes sociais e o boca a boca já serão suficientes para atrair novos clientes. Ele também diz que a entrada de novos players no segmento, como o Nubank, é bom para o setor, pois ajuda a popularizar o serviço. “Quando a gente olha para a indústria bancária, há uma concentração enorme e pouco bancos digitais. Uma vez que a gente tem vários players atuando, o mercado [de conta digital] que hoje deve estar em dois milhões de clientes total começa a chegar a 5 milhões, 10 milhões e a gente vai crescendo junto.”
Para financiar esse crescimento, a empresa já planeja abrir capital. “Vamos precisar de um movimento desse tipo [abertura de capital] para poder financiar esse crescimento. Uma vez que o número de contas evolua, os clientes vão nos demandar mais serviço e crédito e nós vamos precisar de dinheiro para atender a essa demanda e também às regras do Banco Central.”
Modelo lucrativo
Além de atrair milhares de correntistas, o Banco Inter vem mostrando para o setor que é possível ser uma instituição financeira lucrativa, mesmo oferecendo conta corrente sem anuidade e livre de tarifa. A empresa teve lucro de R$ 22,1 milhões no primeiro semestre de 2017, valor 83,6% maior em comparação ao mesmo período de 2016. O banco tem R$ 3,6 bilhões em ativos.
O resultado é alcançado, principalmente, pelas receitas geradas com serviços extras. Além da conta corrente e do cartão de crédito, o banco tem as opções de câmbio, investimento, seguro, recarga de celular, crédito imobiliário e crédito consignado. Tudo pode ser feito pelos correntistas através do aplicativo. O banco ganha em cima de cada uma dessas operações extras.
A companhia lucra, ainda, cada vez que o cliente passa cartão de débito e crédito, em uma taxa conhecida como intercâmbio. É um percentual descontado do valor final da transação que o lojista paga para o emissor do cartão (no caso, o Banco Inter) e a bandeira (no caso, Mastercard). O Banco Inter também não tem agências, o que diminui os seus custos operacionais e possibilita maiores investimentos em tecnologia.
Apesar de todas as características de uma fintech, a instituição gosta de se definir como uma companhia que une a tradição de um banco com a inovação de uma fintech. “A gente quer entregar um produto parecido com o das fintechs, mas não quer abrir mão da tradição e da solidez de um banco.”
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