Com o desligamento do sinal analógico de televisão em alguns municípios, as operadoras de telefonia começam a utilizar a faixa de 700 megahertz (MHz) para oferecer internet mais veloz aos consumidores. A primeira cidade a receber a novidade foi Rio Verde, no interior de Goiás, ainda em 2016, e na última semana foi a vez de Brasília contar com a tecnologia. O serviço segue o cronograma da tevê digital e a expectativa é que ele chegue, até o início do próximo ano, em São Paulo.
A faixa de 700 MHz estava sendo ocupada para transmitir o sinal analógico de televisão aberta. Aos poucos, com o desligamento do sinal analógico e migração para a TV digital, o novo espectro está sendo liberado para prestação de serviços de telecomunicações, principalmente de banda larga móvel 4G.
Atualmente, as operadoras utilizam a faixa 2,5 gigahertz (GHz) para oferecer sinal de internet 4G. Essa faixa não é a ideal, pois combina tráfego de dados e de voz em uma mesma frequência, o que compromete a velocidade do serviço. Ela também tem um alcance menor e requer mais investimentos em antenas por parte das operadoras.
Já a faixa de 700 MHz prioriza o tráfego de dados em seu espectro e, por isso, é capaz de oferecer um sinal de internet móvel mais veloz – com potencial para atingir até 300 megabit por segundo (Mbps). A faixa também permite mais acessos simultâneos e é menos suscetível a obstáculos. Ela possui, ainda, alcance maior, o que resulta em maior cobertura.
Onde já funciona a tecnologia?
Rio Verde, no interior de Goiás, foi a primeira cidade do país a ter o sinal de 4G sendo transmitido na faixa de 700 MHZ. Isso aconteceu em junho do ano passado, três meses após a cidade ter o sinal de TV analógico desligado. A autorização foi concedida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e funcionou como um projeto piloto para o restante do país.
Na semana passada, foi a vez de Brasília conhecer a tecnologia. O sinal analógico de televisão foi desligado na capital federal em novembro e, neste mês, as operadoras Claro, TIM e Vivo receberam autorização da Anatel para começar a usar a faixa de 700 MHz para fornecer internet 4G.
A Tim começou a utilizar a frequência em Brasília na última sexta-feira (21) e todos os aparelhos do portfólio da operadora já operam na faixa de 700 MHz. A empresa adquiriu o direito de operar na frequência após vencer um dos lotes do leilão de faixas promovido pela Anatel em 2014. O investimento foi de R$ 2,85 bilhões nessa aquisição.
A Claro também passou a utilizar a frequência na capital federal na semana passada e nesta terça-feira (25) anunciou que vai agregar as três faixas de frequências disponíveis (700 MHz, 1,8 GHz e 2,5 GHz) para oferecer um serviço móvel mais veloz aos consumidores. Chamado pela operada de internet 4,5 G, o sinal vai usar as três faixas simultaneamente, o que aumentará ainda mais o alcance e a velocidade de internet.
Próximas cidades
A próxima cidade que deve ter a frequência de 700 MHz sendo usada para internet 4G deve ser São Paulo. A capital paulista teve o sinal da tevê analógico desligado em 29 de março e agora as operadoras se preparam para que possam ofertar banda larga utilizando a nova frequência.
Segundo a Seja Digital, que está coordenando a migração para a televisão digital, as operadoras demoram até nove meses para começar a utilizar a faixa de 700 MHz após concluído o processo de desligamento da tevê analógica. As empresas precisam, ainda, de uma autorização da Anatel.
Entenda o caso
A faixa de 700 MHz foi leiloada pela Agência Nacional de Telecomunicações às operadoras em setembro de 2014. Claro, Tim, Vivo e Algar Telecom adquiriram o direito de uso do espectro e a Oi - que na época ainda não havia entrada em recuperação judicial, mas que já estava afundada em dívidas - não participou do leilão.
Mas, apesar de terem adquirido o direito de operar na frequência de 700 MHz, as operadoras não puderam utilizar a faixa imediatamente. Isso aconteceu porque a faixa estava sendo ocupada para transmitir o sinal aberto de televisão analógica.
A Anatel, junto com as operadoras, traçaram um calendário de desligamento da tevê analógica e migração do serviço para o digital. Com isso, a faixa ficaria livre para ser utilizada pelas operadoras.
