Há uma nova versão do Windows disponível com foco em estudantes. Mas ela também equipa o novíssimo Surface Laptop, um notebook da própria Microsoft, vendido no varejo, que começa em US$ 999, valor nada convidativo para os departamentos de TI das escolas. Qual a lógica?
O chamado Windows 10 S mira, num primeiro momento, em ambientes educacionais. Sua missão é recuperar o espaço perdido, nos Estados Unidos, para o Google e seus notebooks baratos movido pelo Chrome OS, os Chromebooks.
Mas “S” não é de “school” (”escola”, em inglês); a letra está ali para sinalizar segurança, simplicidade. Essa distinção indica que, no futuro, ele poderá ser a versão padrão ou a mais popular do Windows.
O que tem de diferente no Windows 10 S
Por meses, rumores de que a Microsoft preparava uma versão especial do Windows circularam em sites e fóruns especializados. Conhecido nesse período como Windows 10 Cloud, o produto foi oficializado hoje (2), com o nome Windows 10 S, durante um evento da Microsoft em Nova York onde a empresa também anunciou o Surface Laptop, seu primeiro hardware de 2017.
O grande diferencial do Windows 10 S está no que ele não faz: rodar aplicativos obtidos fora da Loja do Windows, o canal de distribuição de apps da própria Microsoft. Lá, só entram apps testados e homologados pela empresa, o que garante que eles não consumirão recursos em demasia.
Em troca, a Microsoft promete vantagens tentadoras: mais rapidez na inicialização do computador, menos instabilidades e intrusões no sistema por parte dos apps e uma redução considerável no consumo de bateria. Entre outras restrições, a Loja determina que apps não fiquem rodando em segundo plano à toa e, quando isso for inevitável, limita os recursos que, nessa condição, eles podem consumir.
É uma estratégia repetida, na verdade. Quando o Windows 8 foi lançado, em 2012, a Microsoft apresentou em paralelo o Windows RT, versão que rodava na plataforma ARM, a mesma que domina os mercados de celulares e tablets, e limitada a apps distribuídas pela Loja do Windows. Na época, a imaturidade dos desses apps causou uma forte rejeição junto aos consumidores e o projeto foi cancelado.
Quase cinco anos depois, de acordo com a Microsoft agora existem 669 mil apps na Loja do Windows. E, diferentemente da época do Windows 8, quando apenas apps exclusivos da então última versão do sistema eram distribuídos por lá, hoje os desenvolvedores podem adaptar e lançar nela apps “legados” (Win32), aqueles usados em versões anteriores como Windows XP e Windows 7. A oferta, porém, é reduzida, já que não foram todos os desenvolvedores que tiveram esse trabalho.
Como o Windows 10 S roda com os mesmos processadores da versão tradicional do Windows, usuários da nova poderão atualizá-la para o Windows 10 Pro sem qualquer prejuízo. O contrário também é válido, ou seja, usuários que estejam com o Windows 10 Pro podem mudar o sistema para o Windows 10 S. Essa última possibilidade é especialmente interessante para escolas.
Surface Laptop
O foco do evento de hoje foi o ambiente educacional, mas o carro-chefe do Windows 10 S provavelmente não será visto com muita frequência nas escolas. O Surface Laptop, anunciado em conjunto e equipado com o Windows 10 S, é um notebook premium com preços que começam em US$ 999, muito acima do que escolas norte-americanas costumam pagar por equipamentos para os alunos.
Para colocar esse valor em perspectiva, os notebooks de parceiros da Microsoft que serão lançados com o Windows 10 S começam em US$ 189. Entre as fabricantes parceiras estão Acer, Asus, HP, Dell e Toshiba.
O Surface Laptop completa um ciclo que a Microsoft sempre pareceu evitar, o dos notebooks. Começou com um tablet, com o Surface Pro, de 2012, até o formato tradicional dos notebooks com o Surface Laptop. Em 2016, um meio termo: a empresa havia apresentado, junto à quarta versão do Surface Pro, o Surface Book, um produto com cara de notebook, mas que tinha a tela destacável, o que o transformava em um tablet.
O Surface Laptop, embora tenha uma tela sensível a toques, não permite remover o teclado; trata-se de um computador com o formato clássico do notebook. Sua tela tem 13,5 polegadas com proporção 3:2 e resolução Full HD, processador Core i5 ou Core i7, pesa 1,25 kg e promete até 14,5 horas longe da tomada. Ele estará disponível em quatro cores.
Preço e disponibilidade
O Windows 10 S virá pré-instalado nos computadores. Para escolas, haverá uma uma licença de um ano do Minecraft: Education Edition e o Office 365 for Education totalmente gratuito, incluindo uma versão adaptada do Teams, o serviço de mensagens para equipes da Microsoft.
Esses notebooks devem ser lançados entre junho e agosto, coincidindo com o início do próximo ano letivo nos Estados Unidos. O Surface Laptop estará disponível a partir de 15 de junho.
A Microsoft do Brasil ainda não tem data para a chegada do Windows 10 S ao país, mas a página de perguntas e respostas do sistema já está traduzida no site oficial da empresa, indício de que ele deverá ser lançado por aqui também. Quanto ao Surface Laptop, é improvável que ele chegue. A empresa nunca lançou produtos da linha Surface no Brasil.