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Como não cair em golpes na Black Friday

Cuidado redobrado na Black Friday para não ser vítima de golpes. | Negative Space/Pexels
Cuidado redobrado na Black Friday para não ser vítima de golpes. (Foto: Negative Space/Pexels)

Nos últimos anos, a Black Friday se consolidou no calendário do varejo brasileiro. Em 2016, as vendas chegaram a R$ 1,9 bilhão, de acordo com a consultoria Ebit; para este, a expectativa, segundo o Google, é que esse valor aumente em 20%. O bom desempenho atrai a atenção de comerciantes, consumidores e, infelizmente, estelionatários. É preciso atenção para não cair em golpes.

No último dia 9, Eduardo Lopes, diretor da Nodes Tecnologia, identificou uma tentativa de golpe, enviada por e-mail, que se aproveita da Black Friday para enganar as vítimas. A suposta oferta prometia uma Smart TV de 60 polegadas por R$ 1.049; o preço médio do modelo, segundo o executivo, é de R$ 4 mil. Pior: foi enviada “em nome de uma grande loja de departamentos”, ou seja, se passando por uma loja legítima.

Ataques do tipo são chamados de “phishing”. Neles, o criminoso digital tenta enganar a vítima, fazendo-a acreditar estar lidando com um varejista legítimo. Se ela cai no golpe, fica sujeita à cessão de dados sensíveis, como os do cartão de crédito, a terceiros mal intencionados.

Esse é o principal vetor de ataque na Black Friday. Segundo a empresa de segurança Kaspersky, “as possibilidades de phishing durante as vendas da Black Friday parecem infinitas”. É preciso, pois, muita atenção, especialmente porque algumas redes varejistas como B2W, Saraiva e Via Varejo enviam ofertas por e-mail.

A advogada Helen Zanellato da Motta Ribeiro, que atua na área de Direito do Consumidor em Curitiba, é taxativa: “Aconselho não abrir os links por email. Se chamar a atenção, entra no site da loja e veja se tem essa oferta”. Como os e-mails são muito similares, na dúvida, é melhor evitá-los e entrar direto no sites das lojas ou nos aplicativos oficiais.

A atenção se faz necessária, outra vez, na hora de baixar os apps — embora raro, alguns criminosos conseguem reproduzir o visual e enganar alguns usuários. Recentemente, uma variação extraoficial do WhatsApp, repleta de anúncios, foi baixada por mais de um milhão de pessoas na Play Store, a loja do Android. 

Além do e-mail, ofertas fraudulentas do tipo também podem chegar por mensagens de celular e em redes sociais. Nesse último caso, há anúncios grosseiros, mas outros que simulam com precisão a identidade visual e a “persona” da loja. Noavmente, muita atenção, e, na dúvida, acesse o site oficial diretamente.

Lojas fraudulentas

Outra abordagem possível dos criminosos é a inversa, ou seja, a criação de lojas que não tentam simular endereços idôneos e com bom histórico. Elas são desconhecidas, o que é, por si só, um sinal de alerta, mas compensam essa fraqueza com preços e condições irresistíveis. 

No caso da Black Friday, devido à natureza da data — de preços abaixo dos comumente praticados —, a distinção entre ofertas legítimas e iscas para golpes pode ser mais difícil. Uma loja novata e idônea, por exemplo, pode baixar agressivamente os preços de alguns produtos para se promover. É preciso muita atenção e pesquisa para separar essas das que são feitas apenas para aplicação de golpes, ou seja, aquelas que recebem o pagamento, mas jamais entregam o produto.

Helen orienta as pessoas a darem uma boa olhada no site que tem a promoção desejada. Essa olhada deve contemplar aspectos como CNPJ e endereço físico, além dos canais de contato (SAC) existentes da loja. São indícios de legitimidade. “Se o consumidor não tiver segurança nas informações encontradas, ele pode buscar o produto ou serviço em outra empresa mais confiável”, diz ela.

Outra dica da advogada é “verificar a reputação do site ou da loja nos sites de reclamação”, como o Reclame Aqui e o Consumidor.gov.br, do governo federal. São bons locais para saber o histórico da loja quando algo dá errado com o pedido e, se ele for ruim, evitá-la. 

O Procon de São Paulo mantém uma lista atualizada de lojas que “tiveram reclamações de consumidores registrada no Procon-SP, foram notificados, não responderam ou não foram encontrados”. Até o momento, ela conta com 518 endereços que devem ser evitados.

A Kaspersky e Helen chamam a atenção, ainda, para indicadores de segurança presentes nos sites. O nome do domínio, o cadeado de segurança e a indicação “https://” no início do endereço são fatores comuns em sites sérios de e-commerce. Não quer dizer que sites fraudulentos jamais apresentem tais características, mas, como informa a empresa de segurança, “raramente sites fraudulentos os exibem”.

Cuidados técnicos

“Tomar um café em uma loja enquanto realiza suas compras pelo Wi-Fi pode parecer conveniente, mas fazendo isso você fica vulnerável a ataques virtuais”, diz a Kaspersky. Redes públicas podem ser inseguras, o que abre brechas para o roubo de informações, situação que pode ser catastrófica quando estamos falando de compras online e cartões de crédito.

A recomendação, de acordo com Helen, é fazer compras apenas nos próprios dispositivos (computadores, celulares) e em redes conhecidas. A Kaspersky, além dessa dica, recomenda também o uso de uma VPN, caso a promoção seja do tipo que acaba rápido e a única rede disponível for uma pública. A VPN cria um túnel seguro na conexão à Internet que impede que bisbilhoteiros interceptem os dados trafegados.

Além do Secure Connection, solução de VPN da Kaspersky, existem outras recomendáveis no mercado. Algumas, inclusive, têm franquias mensais gratuitas que acabam sendo suficientes para o uso esporádico.

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