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Dono da Cyrela critica legislação imobiliária e busca crescimento na área de saúde

Maquete de empreendimento da Cyrela em Curitiba | Daniel CastellanoAGP
Maquete de empreendimento da Cyrela em Curitiba (Foto: Daniel CastellanoAGP)

Diante das incertezas do abatido mercado imobiliário, um dos principais empresários do setor no País aposta em um segmento cujos resultados têm sido mais estáveis nesses anos de crise. Após ter assinado ontem a compra de um hospital, o fundador da Cyrela, Elie Horn, prepara-se para expandir a atuação na área de saúde por meio de seu fundo familiar, o Abaporu.

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A ideia, disse ele ao Estado, é adquirir pelo menos mais um hospital ainda neste ano - em parceria com a gestora Bozano Investimentos. O Abaporu concluiu ontem a compra de cerca de 65% do capital do Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP) - e vai investir em clínicas e “hospitais de retaguarda”.

Esse tipo de hospital, ainda raro no Brasil, é um modelo intermediário entre o hospital tradicional e a moradia para idosos. É um empreendimento para pacientes que não precisam ficar internados, mas necessitam de atendimento de profissionais, como nutricionistas e enfermeiros.

O projeto do fundo Abaporu e da Bozano inclui aportes em praticamente todos os segmentos de prestação de serviço de saúde, com exceção de laboratórios, área considerada pelos investidores com forte concorrência. Tanto aquisições quanto construções de empreendimentos novos estão no radar de Horn. “Estamos no começo. Por enquanto, estamos de portas abertas (a novos projetos). Se você tiver alguma coisa para oferecer, agradecemos.”

Sem revelar quanto desembolsou pelo negócio, Horn afirmou que, em dez anos, o Abaporu deverá ter uma receita de “centenas de milhões” de reais. O primeiro hospital adquirido pelo fundo tem receita anual em torno de R$ 300 milhões e lucro de cerca de R$ 15 milhões.

Resiliência

Com a aposta em saúde, Horn entra em um setor cuja rentabilidade é maior que a do setor imobiliário. O faturamento bruto dos 80 associados à Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) alcançou R$ 28,3 bilhões em 2016, valor 24,7% superior ao de 2015 - quando havia 72 associados.

Ainda no ano passado, a receita líquida por paciente-dia desses hospitais subiu 18,1%. Enquanto isso, o PIB da construção caiu 5,2%. “Vai haver crescimento (na saúde) porque o País precisa de planos de saúde, de mais camas hospitalares e mais médicos. Achamos que (a área) tem muito futuro”, disse Horn.

O presidente da Anahp, Francisco Balestrin, lembra que investidores têm buscado o setor por ser mais resiliente. “O desemprego afeta menos. O que sofre mais são os prontos-socorros, mas a taxa de ocupação dos hospitais se mantém.”

Além da intenção de investir em um segmento mais resistente a crises, Horn diz ter optado pela área de saúde por depender menos de decisões do governo. O empresário se refere à definição de uma nova regulamentação dos distratos (cancelamentos de compra de imóveis).

O mercado imobiliário aguarda a tramitação de um projeto de lei que regulamente essas devoluções de imóveis que ajudaram a devastar o setor nos últimos anos - hoje, entre 60% e 90% do valor pago pelo consumidor precisa ser devolvido em caso de desistência do negócio.

“O setor tem o distrato, que é uma desgraça, uma porcaria total. Se o governo não resolver essa questão, a situação vai piorar”, destacou. A Cyrela registrou R$ 6 bilhões em distratos nos últimos quatro anos, sendo R$ 2,8 bilhões apenas em 2016.

País

Diante da crise econômica e política brasileira, Horn disse continuar otimista. “Não há mal que não venha para o bem.” O empresário acrescenta que a delação da JBS fez com que os negócios ficassem mais parados do que já estavam. “Tudo isso atrasa o processo de recuperação, infelizmente, não tem jeito.” Para ele, porém, o cenário deve melhorar e as empresas precisam ter fôlego para atravessar esse período mais difícil.

Sobre as reformas previdenciária e trabalhista, Horn destacou que, o quanto antes elas forem aprovadas pelo Congresso, melhor será para o Brasil. “As reformas são essenciais ao País. Não é normal que a gente esteja vivendo numa época de outro século com um País que poderia ser moderno e dar pleno emprego à sua população. As reformas resolvem o emprego, a situação econômica, (os entraves do) País e combatem a pobreza”, destacou.

O fundador da Cyrela defendeu ainda que o governo trabalhe para que o Brasil seja mais aberto economicamente. “Enquanto não formos abertos e modernos, o País vai sofrer.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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