Em vez de ver fotos em álbuns físicos, hoje é mais comum que a experiência seja individualizada e mediada por telas. No lugar de esperar uma visita para ter a chance de revisitar bons momentos, trocamos fotos na hora, pelo celular. Apesar dessas mudanças drásticas de hábitos, a impressão de fotografias resiste. Prova disso são as lojas que oferecem o serviço e a adaptação pela qual estão passando: muitas já se oferecem para receber as fotos que serão impressas através do WhatsApp. Muito moderno e cômodo, mas e a qualidade, fica boa?
Pelo centro de Curitiba, alguns estabelecimentos oferecem o serviço de impressão de fotos enviadas pelo WhatsApp. Em um deles, consultado pela reportagem, a modalidade já é majoritária, à frente do e-mail, dos pen drives e da transferência na hora, via cabo USB.
Além da praticidade, existe outro ponto que pesa a favor do WhatsApp: a privacidade. Em vez de conectar o cabo USB e expor todas as fotos ao lojista, por WhatsApp o controle das fotos compartilhadas é total. Também é mais seguro, já que não se conecta o celular a computadores alheios, o que é um vetor para comprometer a integridade do aparelho.
A compressão do WhatsApp
É mais prático, privado e seguro, mas será que a qualidade é a mesma? A dúvida é legítima devido ao fato do WhatsApp comprimir as fotos antes de enviá-las, medida que acelera a transferência e reduz o consumo de dados. Na tela dos celulares, a compressão não chega a afetar a qualidade da imagem, mas quando ela passa para o papel, existe o risco de que artefatos e granulações apareçam.
As câmeras que equipam celulares modernos são relativamente boas. Elas têm resolução suficiente para fazer fotos que ficam boas impressas no papel. Quando a cena capturada é bem iluminada, com o Sol colaborando, mesmo impressões grandes tendem a ficar boas, desde que elas sejam adequadas à resolução da foto original. A resolução é um dos fatores que permitem antever a qualidade final de uma foto impressa; a outra, é a densidade de pixels por polegada.
A resolução da foto é determinada pelo sensor da câmera e medida em megapixels. Um megapixel equivale a cerca de um milhão de pixels, logo, uma câmera como a do iPhone 7, que tem um sensor de 12 megapixels, gera imagens com pouco mais de 12 milhões de pixels. Quanto maior a resolução, maiores as dimensões que fotos impressas podem ter sem perda de definição.
O outro ponto é a densidade de pixels por polegada, ou, na sigla em inglês, PPI ou DPI. É uma questão lógica, de espaço preenchido: quanto mais pixels por polegada, melhor a qualidade da imagem. Pense em uma bacia com laranjas. Com duas laranjas dentro, o fundo da bacia fica exposto. Se enchermos a bacia com laranjas, o fundo dela sumirá. Quanto mais pixels em cada polegada, mais “preenchida” e com melhor qualidade é a foto impressa.
Há um padrão, porém, nas câmeras de celulares atuais: praticamente todas fixaram a densidade em 72 pixels por polegadas. Câmeras profissionais podem ir além disso, chegando a 300 PPI, mas é uma variação que não se vê nos celulares e que, portanto, acaba não fazendo diferença no WhatsApp – na verdade, o app eleva a densidade, de 72 para 96 PPI.
Comparativo
Qual o impacto da compressão do WhatsApp na transferência de uma foto? Fizemos o teste com duas imagens, ambas feitas com um iPhone 6s, celular com câmera de 12 megapixels, e fomos surpreendidos: pelo menos no tamanho padrão, de 10x15 cm, a perda de qualidade das imagens impressas é mínima.
As fotos feitas com o iPhone têm resolução de 4032x3024 e ocupam, em média, 1,83 MB de espaço – se descontada a “live photo”, recurso que gera animações em fotos automaticamente. Ao transferir essa mesma foto pelo WhatsApp, a resolução cai para 1280x960 (~1,2 megapixel) e o tamanho, para apenas 0,13 MB, ou seja, 14 vezes menor. A diferença, representada graficamente, é a seguinte:
O envio também elimina meta dados da foto, informações técnicas e, caso seu celular esteja configurado para isso, as coordenadas de GPS do local onde a foto foi tirada. Dependendo das circunstâncias, é um efeito desejável e é bom que o WhatsApp suprima tais dados por padrão.
Imprimimos quatro fotos em 10x15 cm, duas exportadas diretamente do celular e as outras duas, passadas pelo WhatsApp antes. Elas foram tiradas em locais com boa iluminação natural e são ricas em detalhes, um aspecto em que resoluções maiores fazem a diferença na manutenção da definição e redução de ruídos.
A foto da bandeja de morangos (acima) enviada pelo WhatsApp apresentou alguma perda de definição no selo e nas sombras. Nessas áreas escuras, as sementes e as folhas dos morangos apareceram mais borradas do que na foto original. Quanto ao selo, as palavras menores ficaram com o contorno e a legibilidade piorados em comparação à foto original.
Na outra, de folhas de uma palmeira com o Sol do entardecer, além da perda de definição nos contornos das folhas e nas sombras mais duras da parede ao fundo, notou-se ainda algum ruído em determinados tons de verde das folhas.
Essas diferenças só se manifestaram após uma análise criteriosa e atenta e, importante dizer, quando observadas bem de perto. No teste que importa, quando os dois pares foram mostrados aos colegas de redação, a quem foi pedido que identificassem possíveis diferenças, os apontamentos foram raros e, no geral, a qualidade das duas imagens, tidas como equivalentes. Os fotógrafos da Gazeta do Povo ficaram impressionados com a qualidade da foto comprimida, mas fizeram a ressalva: provavelmente a diferença seria mais visível se as fotos fossem maiores.
Quanto maior o tamanho da impressão, mais a disparidade de pixels faz diferença. Em impressões maiores, a perda de definição e o ruído tendem a aumentar e, nesses casos, manter a resolução original é desejável. Mas para fotos no tamanho mais popular, o 10x15 cm, a diferença, embora existente, é quase desprezível.
Existem cálculos e listas que apontam a resolução mínima para imprimir fotos com boa qualidade em variados tamanhos. Para fotos de 10x15 cm, é indicado o uso de fotos com pelo menos 2 megapixels, ou 1600x1200 pixels. Não é muito longe do tamanho das fotos do WhatsApp, de 1,2 megapixel (1280x960), o que explica a pouca perda de qualidade das impressões realizadas pela reportagem.
Alternativa no próprio WhatsApp
No início de julho, o WhatsApp expandiu os formatos de arquivos que podem ser transferidos entre os contatos. Antes, apenas documentos do Word (DOC) e PDF podiam ser compartilhados. Com a expansão, outros tipos, incluindo fotos originais, agora podem ser enviados sem passar pela compressão obrigatória do método convencional.
O que determina a aplicação de compressão é o método de envio. Se escolher a opção normal, que já existia (“Fotos e vídeos”), elas serão comprimidas. Se, por outro lado, você optar por “Documentos” e escolher uma foto a partir dali, o arquivo será enviado intacto, sem qualquer tipo de alteração.
Para quem usa iPhone, o procedimento tem algumas camadas extras de complexidade devido à forma como o sistema lida com fotos. Não é possível ter acesso direto aos arquivos de imagens. O caminho, então, é abrir o app Fotos, salvar a imagem desejada no iCloud Drive e, no WhatsApp, pegá-la desse local. O Android permite acessar facilmente os arquivos de fotos originais.
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