Dados pessoais são o novo petróleo. A conscientização do valor que os dados que produzimos têm para as empresas de tecnologia, somada a legislações mais duras, como o novo regulamento geral sobre proteção de dados (GDPR, na sigla em inglês) da União Europeia, tem despertado o interesse das pessoas em saber o que e como seus dados são coletados, armazenados e usados.
Google e Facebook (incluindo o Instagram) já oferecem ferramentas de exportação de dados. A reação de quem baixa esses arquivos costuma ser parecida: espanto e certa indignação com o tanto que as duas empresas sabem da sua vida.
Elas não são as únicas, porém. Incontáveis outras empresas, de pequenas e obscuras às maiores do mundo, também se aproveitam de dados para fazer negócios.
Zack Whittaker, jornalista especializado em segurança digital da publicação norte-americana ZDNet, pediu à maior delas, a Apple, os dados que ela tem dele. Whittaker é cliente da Apple desde 2010, quando comprou o primeiro produto da empresa, um iPhone.
“O interessante dos dados é o que a Apple tem — e o que ela não tem”, escreve Whittaker. Ele diz que seu arquivo contém apenas 5 MB de dados, mesmo tamanho de uma foto. O conteúdo é composto por um punhado de planilhas do Excel, cada uma referente a determinados aspectos da experiência de uso, como dispositivos da marca que ele tem e já teve, detalhes do seu cadastro e registros de interações entre ele e a Apple.
O backup guarda meta dados de mensagens de texto e fotos, mas não as mensagens e as imagens em si. Na realidade, diz o jornalista, não há nenhum tipo de conteúdo; apenas informações circunstanciais constam no backup.
Alguns dados que a Apple usa para aperfeiçoar seus produtos, como consultas à Siri, ao Apple Mapas e acessos ao app de notícias News (esse último, indisponível no Brasil), são destituídos de identificadores de usuários.
Uma das planilhas do backup simplesmente explica o que as outras contêm. Whittaker hospedou ela na web; você pode consulta-la neste link.
A Apple ainda não oferece uma ferramenta fácil para que os usuários baixem seus dados, mas, segundo a publicação, isso deve mudar até o fim do ano. No momento, é preciso fazer uma solicitação por escrito à Apple — esta página explica (em inglês).
Não é de hoje que a Apple usa a privacidade como argumento de venda ao consumidor. Alguns especialistas em segurança digital, como a professora da Universidade da Carolina do Norte, Zeynep Tufekci, indicam o iPhone para profissionais que lidam com informações sensíveis, como jornalistas e políticos.