Um grupo de investidores e de funcionários comprou a empresa curitibana Inepar Capacitores por cerca de R$ 10 milhões. A aquisição foi feita através de um leilão judicial realizado no ano passado, dentro do processo de Recuperação Judicial do Grupo Inepar/IESA, que acumulava dívidas de R$ 4,6 bilhões. Após a compra, os novos gestores mudaram o nome da empresa e passaram a chamar a marca de Brazilian Energy Efficiency (Bree).
Bree vai focar no mercado de energia limpa
O Grupo Inepar entrou em recuperação judicial em 2015, após acumular dívidas de R$ 4,6 bilhões. A empresa foi fundada em Curitiba em 1953 com foco em engenharia elétrica e, ao longo dos anos, diversificou os seus negócios para atuar também nos segmentos de telecomunicações, petróleo, energia e gás. A estratégia de diversificação levou a empresa a inflar suas operações e acumular dívidas bilionárias. Há pouco mais de dois anos, o grupo entrou em recuperação judicial.
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Dentro do processo de recuperação judicial, alguns ativos do grupo foram colocados à venda em leilão. Um desses ativos foi a empresa Inepar Capacitores, que produz equipamentos para o mercado de energia, como capacitores, bancos de capacitores e filtros harmônicos de baixa, média e alta tensão. Inicialmente, estavam previstos R$ 30 milhões pela compra da empresa, que incluiria a fábrica e o capital humano. Nenhuma dívida seria herdada pelo novo comprador.
Algumas empresas chegaram a demonstrar interesse pelo ativo. Mas recuavam quando viam os riscos da operação, que, além de estar atrelada à marca de um grupo que beira à falência, tinha um caráter extremamente técnico e que requisitava domínio da área de atuação para reviver no mercado.
Mobilização de funcionários
Foi nesse cenário que o diretor comercial da Inepar Capacitores, Ricardo Woitowicz, decidiu mobilizar mais dois colegas diretores e alguns investidores a adquirir o negócio. “Vi que a empresa tinha muito potencial e que o maior medo dos interessados em adquirir a Inepar era não ter o conhecimento técnico e operacional do negócio”, conta o engenheiro eletricista.
Ele propôs a um grupo de investidores dos setores de energia, construção civil e serviços que comprasse o negócio no leilão judicial e que dividisse parte das ações com os três diretores, que permaneceriam no cargo. “Manter parte do corpo técnico e operacional do negócio e colocá-los como sócios foi uma oportunidade de mitigar os riscos de comprar uma empresa em recuperação judicial”, explica Woitowicz.
O grupo de investidores aceitou a proposta e adquiriu a Inepar Capacitores em outubro de 2016. Com isso, a empresa deixou de estar vinculada ao Grupo Inepar e passou a ser independente. O valor total da compra chegou a cerca de R$ 10 milhões e inclui a fábrica e o capital humano na companhia. As dívidas tributárias e trabalhistas não foram herdadas e ficaram à cargo do Grupo Inepar.
Após a aquisição, os investidores (que não são relevados) ficaram com 51% da sociedade e repassaram os 49% restantes aos três diretores da Inepar que lideraram a mobilização para comprar a empresa: Ricardo Woitowicz, Adriana Grigolon e Flavio Garcia. Esse processo de partilha é conhecido no mercado como “management + investors buy out”, pelo qual uma companhia é comprada por um grupo de funcionários e investidores externos.
Ao assumir a empresa, os novos donos da Inepar mudaram a sua gestão e renomearam a marca. Rafael Wolf Campo assumiu a presidência do grupo para representar os investidores corporativos e os diretores continuam à frente da gestão. Os 80 funcionários, dos quais mais de 20% são engenheiros, também permanecem na companhia, que tem sede administrativa em Curitiba e fábrica em Araraquara (SP).
Bree vai focar no mercado de energia limpa
Sob a nova direção e com o nome de Brazilian Energy Efficiency (Bree), a antiga Inepar Capacitores vai focar no desenvolvimento de soluções para o mercado de energia solar e eólica. A empresa desenvolve equipamentos para correção no sistema de geração e distribuição de energia, como capacitores e filtros harmônicos. A companhia também vai continuar atendendo clientes do ramo hidrelétrico.
O diretor comercial da Bree, Ricardo Woitowicz, afirma que o mercado de energia limpa precisa de mais correções no sistema de transmissão e distribuição de energia do que as hidrelétricas. Isso acontece porque, ao contrário da água, o sol e o vento variam muito e dificultam o controle da corrente de energia. Com as correções, é possível otimizar a infraestrutura, ou seja, fazer com que se transmita mais energia usando a mesma linha e evitar excessos, perdas e interrupções.
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