Glass Enterprise Edition, nova versão do Google Glass, é direcionada à industria| Foto: Handout/WaPo

O Google Glass está de volta, mas não da forma como foi idealizado. Deste vez, ele surge em uma versão aprimorada direcionada às indústrias. Uma prova que até mesmo as inovações do Vale do Silício podem ter aplicações que seus criadores nunca imaginaram.

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A primeira imersão do Google Glass no mercado foi na forma de um par de óculos com computador. Um desastre. Isso aconteceu em 2013, ano marcado como o “boom” dos wearables (roupas e acessórios inteligentes), quando 318 startups surgiram para empurrar aos consumidores roupas inteligentes, óculos inteligentes, relógios inteligentes, entre outros acessórios inteligentes.

A Alphabet, dona do Google, entrou na onda e lançou o par de óculos com realidade aumentada. O aparelho tinha uma série de funções e a melhor parte era que não precisava usar as mãos. Tudo o que você poderia fazer usando um smartphone agora você faria apenas olhando através das lentes do Google Glass.

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Os primeiros clientes ficaram impressionados com o fato de a tecnologia realmente funcionar. Mas eles logo descobriram que a tecnologia era uma cilada, pois passaram a não ser bem-vindos nos espaços públicos, já que poderiam registrar secretamente tudo ao seu redor.

Os consumidores desistiram dos óculos inteligentes e voltaram a usar smartphones. A Alphabet, por sua vez, perdeu o interesse no produto e interrompeu as atualizações do software e acabou com o site que anuncia a invenção.

O real potencial do Google Glass

Mas agora, em 2017, a Alphabet descobriu todo o real potencial do Google Glass em um local inesperado: o chão de fábrica. A gigante americana descobriu que as indústrias podem usar os óculos inteligentes para aumentar a produtividade dos trabalhadores da linha de produção.

Os óculos podem, por exemplo, executar tarefas manuais complexas e evitar que os trabalhadores interrompam as suas atividades para olhar para a tela de um computador. O par de óculos pode mostrar na tela, sem acabar com o campo de visão do usuário, instruções passo a passo, ajudar a escolher as ferramentas certas, fotografar e reportar problemas de qualidade, tudo enquanto o trabalhador continua a operar a máquina.

A nova versão do Google Glass destinada à industria foi lançada neste mês. A Alphabet rebatizou a sua invenção de Glass Enterprise Edition, uma versão com lentes mais resistentes que podem ser usadas em linhas de produção e com melhor conectividade e maior duração da bateria

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Por que não pensar nisso antes?

Então, por que a Alphabet não pensou nisso antes? Porque a mentalidade do Vale do Silício é criar produtos que atinjam o maior número de pessoas possíveis, de preferência toda a população. E esse ideal resulta em muitas decepções.

Até o ano passado, o número de startups que vendiam roupas e acessórios inteligentes caiu de 318 para 114. E a atratividade dessas empresas perante aos investidores estava cada vez mais em baixa. Todo perceberam que relógios inteligentes e roupas fitness tecnológicas nunca serão tão onipresentes quanto os smartphones.

Como Jan Wassman, da empresa alemã de pesquisa de mercado GfK, disse: “Os fabricantes e os varejistas precisam entender o que querem os reais usuários de wearables”.

Agora vai?

Foi o que a Alphabet acabou fazendo com o Google Glass. A empresa lançou um óculos que passou a ser utilizado por empresas como DHL, General Electric e Sutter Health nos segmentos de logística, aviação e saúde, respectivamente. A alemã DHL afirma que sua cadeia de produção ganha 15% de eficiência quando o Glass é usado.

“Mecânicos da divisão de aviação da GE em Cincinnati, no estado de Ohio, usam os óculos e veem na tela instruções em vídeos, animações e imagens sem que tenham que parar o que estão fazendo para olhar para a tela de um computador”, escreveu Jay Kothari, diretor de produto do Glass.

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