Os bloqueios das rodovias brasileiras decorrentes da greve dos caminhoneiros tem reflexos na indústria e no varejo. Segundo órgãos setoriais consultados pela reportagem, entre prejuízos e interrupções em fábricas, as perdas da indústria e do varejo são bilionárias.
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A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) estima que as perdas de vendas no varejo brasileiro podem chegar a R$ 5,4 bilhões por dia. A entidade afirmou, em nota, que “o prejuízo nas vendas dos bens não duráveis como alimentos, remédios e gasolina pode ser visto como um primeiro alarme” e, caso a crise persista, “o problema pode se estender para as vendas de bens duráveis como veículos, eletrodomésticos e materiais de construção”.
A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) divulgou nota na quinta (24) informando que as empresas do estado poderiam deixar de vender o equivalente a R$ 550 milhões por dia, caso haja a paralisação completa das linhas de produção. Segundo a assessoria de imprensa da Fiep, a maioria das empresas está parada porque não tem matéria-prima e as que têm ficaram sem espaço para estocar o produto acabado. Praticamente todas as empresas no mínimo pararam parcialmente.
No Brasil, ainda de acordo com cálculos de economistas da Fiep, as empresas podem estar deixando de vender até R$ 6,5 bilhões por dia.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou, na última sexta-feira (25), a paralisação de todas as montadoras de veículos no Brasil. O setor gera R$ 250 milhões de impostos por dia e, “por isso, esta paralisação gerará forte impacto na arrecadação do país”.
Varejo
O mesmo cenário foi considerado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), que estima que o setor deixou de vender R$ 1,3 bilhão nos últimos cinco dias de greve. O cálculo descarta os dois primeiros porque, até então, os mercados ainda tinham estoque de produtos perecíveis, os primeiros a sumirem das prateleiras com o desabastecimento.
A Ebit, que acompanha o varejo digital no Brasil, reduziu a estimativa de faturamento para o mês de abril em 7,4 pontos percentuais, uma redução de R$ 280 milhões. Segundo André Dias, diretor executivo da Ebit, as vendas nos dias de greve foram 20% menores que o esperado, devido à incerteza por parte do consumidor em relação à entrega dos produtos. Os setores de eletrônicos e eletrodomésticos foram os que mais perderam participação desde o início da greve; às vésperas da Copa do Mundo, a venda de TVs, que estavam crescendo, foram impactadas.
A Abit, que representa a indústria têxtil e de confecções, informou que mais de 70% dos associados enfrentam problemas provocados pelo desabastecimento. Em nota, a associação disse que “não há como medir exatamente o prejuízo”, mas que “em termos de impostos, imaginamos o risco de perda de R$ 90 milhões por dia sobre o faturamento anual, considerando o ICMS, PIS/COFINS”. Por dia, o setor fatura R$ 450 milhões.