Taciana Pereira, 22 anos| Foto: Arquivo pessoal

Em abril, a então estudante de bioengenharia Taciana Pereira, de 22 anos, chamou a atenção pelo discurso que proferiu na Brazil Conference, evento que ela própria ajudou a organizar, na Universidade de Harvard, e que contou com a presença de várias personalidades brasileiras, incluindo o juiz Sergio Moro. Formada, a jovem agora trabalha em uma startup que tem por objetivo viabilizar e tornar acessível a impressão 3D de tecidos e órgãos humanos.

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Taciana esteve recentemente no Brasil para falar no Congresso da Sociedade Latino Americana de Biomateriais, Órgãos Artificiais e Engenharia de Tecidos, realizado entre os dias 20 e 24 de agosto, na cidade de Maresias, litoral de São Paulo.

Antes de desembarcar no Brasil, ela soube do evento e entrou em contato com a organização para sondar profissionais brasileiros que atuam na área. Acabou convidada para apresentar o trabalho que ajuda a desenvolver desde que concluiu seus estudos em Harvard.

Enquanto estudava qual seria o próximo passo da sua carreira, Taciana diz que tinha o desejo de “ir para um lugar mais dinâmico que o laboratório”. Seu foco ainda seria a pesquisa, mas queria fazer outras coisas em paralelo. Ela, que se descreve como uma pessoa dinâmica, encontrou em uma startup, a BioBots, o ambiente ideal para atuar.

Bioimpressoras 3D acessíveis — no Brasil também

BioBots foi fundada em 2014 por dois alunos da Universidade da Pensilvânia, Danny Cabrera e Ricky Solorzano. O objetivo da empresa, desenvolver impressoras 3D e biotintas capazes de imprimir tecidos e órgãos, não é exatamente novo. A diferença, explica Taciana, é que os produtos da BioBots chegam a ser até 30 vezes mais baratos que as bioimpressoras 3D tradicionais, que custam entre US$ 200 e 300 mil.

Bioimpressora 3D<br> 
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Tornando a tecnologia mais acessível, Taciana e a BioBots esperam levá-la a mais pesquisadores que, de outra forma, não teriam a chance de trabalhar na área e ajudar a avançar a pesquisa e aparar as arestas, muitas ainda, no caminho até a impressão de tecidos humanos completos e aptos a serem transplantados.

Essa meta não tem prazo para ser alcançada, mas Taciana acredita que, com o esforço coletivo dos cientistas, em 10 ou 15 anos os primeiros testes clínicos em seres humanos começarão a ser feitos. No futuro, os transplantes serão mais baratos, seguros e realizados com órgãos artificiais, feitos sob demanda em bioimpressoras, como as que a BioBots desenvolve, a partir de exames laboratoriais. 

‘Mini-rim’ impresso à base de alginato, um composto de algas marinhas, sem células. ‘O importante é mostrar a complexidade que a impressora consegue alcançar, impossível de fazer manualmente’, diz Taciana<br> 

Atualmente, estudam-se kits de biotintas para a criação de diferentes tecidos que possam ser usados para criar ossos, cartilagens, tecidos do fígado, entre outros. Aplicações distintas possíveis via bioimpressão 3D envolvem pesquisas para a cura do câncer e na indústria farmacêutica, para testar os efeitos de diferentes dosagens de novos medicamentos. 

Taciana tem como meta paralela fomentar a pesquisa no Brasil. Sua vinda ao país é parte desse esforço. Ela conta que, antes do congresso em que palestrou, fez uma extensa pesquisa de trabalhos na área realizados. Encontrou alguns pesquisadores que já experimentam com a impressão 3D, mas a fazem separada da celularização, sem extrusão (quando o tecido impresso já sai com células). “Qualquer pessoa que quiser trabalhar com isso será pioneira no campo. Ainda não existem trabalhos publicados no Brasil sobre isso”, conta.

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