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Filme da  Kodak. | Martin Zellerhoff/Wikimedia Commons
Filme da Kodak.| Foto: Martin Zellerhoff/Wikimedia Commons

A Kodak perdeu o protagonismo do mercado fotográfico no período de transição dos filmes analógicos para as câmeras digitais. Desde essa virada, a empresa já esteve à beira da falência, mas sobreviveu e, agora, não parece disposta a perder outra grande oportunidade. Na CES, em Las Vegas, a Kodak anunciou seus planos para… bitcoins?

Foram feitos dois anúncios relacionados a moedas digitais, ou criptomoedas, e eles agradaram o mercado. Nesta terça-feira (9), as ações da Kodak dispararam e chegaram a valorizar quase 140% frente às novidades anunciadas.

O primeiro produto é uma moeda digital própria, a KodakCoin, destinada a fotógrafos. Ela funcionará dentro da KodakOne, uma blockchain de gerenciamento de direitos autorais, e permitirá que fotógrafos registrem e licenciem seus materiais, inclusive os antigos.

Jeff Clarke, CEO da Kodak, disse em comunicado à imprensa que “para muitos na indústria de tecnologia, ‘blockchain’ e ‘moeda digital’ são palavras quentes, mas para fotógrafos que há muito lutam para garantir o controle do seu trabalho e como ele é usado, essas palavras são fundamentais para resolver o que parecia um problema insolúvel”.

Também na CES, a Kodak anunciou uma máquina de gerar bitcoins. Batizada de KashMiner, ela é, de acordo com o Business Insider, produzida por uma empresa chamada Spotlite, especializada em computadores dedicados à mineração de bitcoins.

Anúncio da KashMiner, da Kodak, na CES.@chrisbhoffman/Twitter

O objetivo com a KashMiner é alugar as máquinas aos consumidores atreladas a planos de dois anos, com o pagamento adiantado de US$ 3,4 mil. Ele, então, recebe metade dos bitcoins gerados no período, o que, segundo a Kodak, seria o equivalente a US$ 375 por mês ou US$ 9 mil ao final do contrato.

Em redes sociais, muitas pessoas questionaram a conta, pois ela é feita com base na premissa de que a dificuldade em minerar bitcoins permanecerá estável nesses dois anos. No modelo das moedas digitais, a dificuldade para a mineração de novas moedas aumenta na mesma medida da capacidade de processamento da rede — quanto mais gente minerando bitcoins, mais difícil a atividade se torna. Isso acontece para garantir que o ritmo com que novas moedas são geradas fique estável, independentemente do tamanho da rede.

Outro fator desconsiderado no cálculo é a volatilidade do bitcoin. Na véspera de Natal, o valor da moeda caiu 25%. Na ocasião, um bitcoin valia cerca de US$ 19 mil, um recorde histórico que ainda não foi alcançado desde então. No momento, um bitcoin está cotado em US$ 14,9 mil, cerca de US$ 900 acima do valor usado como base pela Kodak, US$ 14 mil, para anunciar sua KashMiner.

Precedente

A Kodak não é a primeira empresa que se lança no território das moedas digitais mesmo não tendo nada a ver, até então, com esse segmento. Em dezembro, a Long Island Iced Tea, uma pequena empresa de bebidas norte-americana, mudou seu nome para Long Blockchain e viu o valor das suas ações aumentarem em mais de 400%, do dia para a noite.

Segundo Philip Thomas, CEO da Long Blockchain, embora a empresa pretenda continuar a produção de chás gelados, ela está “mudando seu foco corporativo primário para a exploração e investimento em oportunidades que se aproveitem dos benefícios da tecnologia blockchain”.

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