Os acionistas da Eletropaulo aceitaram a proposta de compra feita pela italiana Enel, e vão vender R$ 5,5 bilhões em ações da empresa. O leilão aconteceu na tarde desta segunda-feira (04). Com isso, a companhia italiana passa a ser a maior distribuidora de energia no Brasil, com 17 milhões de unidades consumidoras atendidas e líder em volume gerado de energia vendida.
Além da Eletropaulo – que atende 24 cidades da Grande São Paulo, incluído a capital paulista, a Enel já opera no Rio de Janeiro, em Goiás e no Ceará. A concessão da Eletropaulo vai até junho de 2028.
>> O que está em jogo no leilão de uma das maiores distribuidoras de energia do país
De um total de 167 milhões de ações, foram negociadas 122,7 milhões, vendidas a R$ 45,22 cada, somando R$ 5,5 bilhões. Além da compra das ações, a Enel se comprometeu a realizar um aumento de capital de R$ 1,5 bilhão. A disputa principal foi com a Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola, cuja oferta final era de R$ 39,53 por ação. A Enel adquiriu 73,38% do capital social da Eletropaulo.
Em 2017, a Eletropaulo registrou receita de R$ 13,2 bilhões e prejuízo de R$ 844 milhões. Líder em volume de energia vendida, a empresa é considerada uma das distribuidoras de energia mais atraentes do país, já que concentra o maior PIB nacional e tem a mais alta densidade demográfica.
São 1.593 unidades consumidoras por quilômetro quadrado, o que corresponde a 33,1% do total de energia elétrica consumida em todo o estado de São Paulo e 9,3% do total do Brasil. A concessão da companhia vai até 15 de junho de 2028.
Histórico do leilão
Em abril, a Eletropaulo, que tem suas ações negociadas na Bolsa e capital pulverizado (sem controlador), recebeu três ofertas públicas de aquisição (OPA). A brasileira Energisa, o quinto maior grupo de distribuição de energia do país, acabou desistindo da proposta.
Com isso, permaneceram na disputa a italiana Enel e a brasileira Neoenergia (controlada pelo grupo espanhol Iberdrola). Duas das maiores, ambas buscam consolidar suas posições no Brasil. A disputa pelo controle da Eletropaulo não foi nada amistosa.
Tudo começou em abril deste ano, quando a Eletropaulo aprovou uma oferta primária de ações para captar R$ 1,5 bilhão, ancorada pela Neoenergia, com o compromisso que a companhia faria depois uma oferta pública de aquisição de ações (OPAs) para comprar o controle da Eletropaulo. Depois que o acordo foi divulgado, a Enel e a Energisa acabaram apresentando OPAs para adquirir a Eletropaulo por valores acima do acordado com a Energisa.
A Neoenergia tem 13,4 milhões de clientes atendidos a partir de quatro distribuidoras: Elektro (interior de SP e MS), Celpe (PE), Cosern (RN) e Coelba (BA). Com a aquisição, a Enel soma as 7,1 milhões de unidades consumidoras da Eletropaulo às 9,8 milhões que a empresa italiana já administra, nos estados do Rio de Janeiro, Ceará e Goiás, contabilizando um total de 17 milhões da unidades consumidoras.
Mudanças na tarifa
Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo acreditam que não deve haver grandes mudanças na tarifa da Eletropaulo, uma das mais baixas do país, com a aquisição. Isto porque o valor é regulado pela Aneel.
O que não significa que a Enel, nova controladora, não vá lutar por um reajuste de preços. Isto porque, além do investimento para a aquisição da companhia, há vários “esqueletos” do setor elétrico cujos custos devem ser repassados ao consumidor. A data de aniversário dos reajustes anuais e revisões tarifárias da Eletropaulo é 4 de julho.