O mercado global de computadores voltou a crescer após cinco anos em queda. Os números se referem ao primeiro trimestre de 2017 e são da consultoria IDC. Outra, a Gartner, aponta uma queda histórica. A disparidade entre os relatórios se explica pelo que cada consultoria classifica como computador ou não.
De acordo com o IDC, no primeiro trimestre do ano foram distribuídos 60,3 milhões de computadores no mundo inteiro, crescimento de 0,6% em relação ao mesmo período de 2016. Embora ínfimo, é o primeiro aumento desde o primeiro trimestre de 2012. O resultado foi inesperado – a previsão era de nova queda, de 1,8%.
Como Apple e Microsoft mantêm vivo o computador de mesa
O Android se tornou o sistema mais usado do mundo. É a vitória da pior tecnologia
LEIA MAIS notícias de negócios e tecnologia
A consultoria informou em comunicado que esse aumento se deveu ao fato de que componentes críticos, como memórias, estão em falta, o que levou as empresas a acelerarem a produção em antecipação a inevitáveis aumentos de custos. Essas consultorias monitoram a distribuição de produtos, e não necessariamente quantos deles chegam aos consumidores finais.
Outro fator que pesou no trimestre, ainda segundo o IDC, é que o mercado corporativo está passando por um período de renovação de equipamentos, o que deve estender o bom momento dos computadores por mais alguns trimestres. Para consumidores domésticos, a demanda por modelos específicos para jogos e a saturação dos mercados de smartphones e tablets contribuem para a estabilização do de computadores.
O relatório ainda mostrou que a norte-americana HP voltou a ser líder de mercado, posto que havia perdido no começo de 2013 para a chinesa Lenovo. No trimestre, o placar ficou em 13,14 milhões de unidades vendidas contra 12,32 milhões da segunda colocada. O crescimento anual da HP foi o maior entre as empresas que figuram no ranking, de 13,1%.
Divergências
O IDC considera, para esses números, computadores desktop, notebooks e workstation. Chromebooks, os notebooks que rodam o sistema Chrome OS, do Google, estão englobados. Tablets, incluindo a linha Surface, da Microsoft, ficam de fora.
O Gartner, outra consultoria que também consolida e divulga relatórios trimestrais de distribuição global de computadores, usa critérios diferentes. Chromebooks tablets ficam de fora, mas tablets com teclados acopláveis/destacáveis, caso dos Surface da Microsoft, entram na conta.
Essas diferenças na classificação dos dispositivos explicam a disparidade nos números finais do trimestre. Para o Gartner, o mercado encolheu 2,4% no mesmo período, chegando a 62,2 milhões de unidades. E essa marca, mesmo maior que a aferida pelo IDC, é negativa na ótica do Gartner: foi a primeira vez, desde 2007, que menos de 63 milhões de computadores foram distribuídos em um trimestre.
O Gartner também diverge quanto às empresas que mais vendem. Na lista, a HP também está no topo, mas a vice-liderança é da compatriota Dell. A Lenovo, vice para o IDC, aparece apenas na terceira posição no relatório do Gartner.
A ascensão do Chromebook
Um dos possíveis fatores que geram as divergências entre IDC e Gartner, os Chromebooks são notebooks pequenos, leves e baratos, que rodam o Chrome OS, sistema operacional do Google. Ele tem pouca memória local e é bastante dependente da nuvem. A interface do usuário consiste, basicamente, em janelas do navegador Chrome.
Nos Estados Unidos, Chromebooks se tornaram líder no segmento educacional. De acordo com a consultoria Futuresource, 58% dos 12,6 milhões de “computadores móveis” (a definição engloba notebooks e tablets) comprados em 2016 para alunos do jardim de infância até o ensino médio rodavam o sistema do Google.
O crescimento acelerado dos Chromebooks fez as rivais se movimentarem. A Apple lançou o “Classroom” para o iPad, uma suíte de aplicações para se trabalhar em sala de aula com acompanhamento das atividades pelos professores. Já a Microsoft, além da sua própria versão do Classroom, também está apostando em uma variação do Windows 10 mais leve, destinada a notebooks simples e baratos, capazes de concorrer em preço com os Chromebooks. O anúncio oficial dessa versão, chamada informalmente de “Windows 10 Cloud”, deve ocorrer em evento marcado para o dia 2 de maio, em Nova York.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano