Se a Tesla decepcionou o mercado após anunciar que fabricou somente 260 unidades do seu carro elétrico popular no terceiro trimestre deste ano, o CEO e fundador da companhia, Elon Musk, já avisou que está - literalmente - dormindo nas fábricas para tentar resolver o problema. Ele afirmou que, durante as últimas quatros semanas, passou as noites a as madrugadas nas linhas de produção da montadora e que dorme por lá, quando necessário. “Eu me mudo para onde estão os maiores problemas da Tesla”, afirmou, enquanto conversava por teleconferência com investidores da sua fábrica de baterias, em Nevada, nos Estados Unidos.
A Tesla anunciou no ano passado o seu modelo de carro elétrico popular, o Model 3, um sedã de US$ 35 mil, metade do preço do Model S, seu esportivo de luxo. A empresa começou a produzir em julho sua grande aposta para popularizar os carros elétricos nos Estados Unidos e prometeu que fabricaria 1,5 mil unidades até setembro e que seria capaz de produzir 5 mil por semana até o fim deste ano.
Mas as expectativas não foram atendidas. De julho a setembro, a Tesla produziu somente 260 unidades do Model 3, devido a problemas na sua fábrica de montagem na Califórnia e na sua unidade de baterias, em Nevada. E, apesar de relatórios anteriores terem indicado que a linha de montagem da Califórnia estava atrasando toda a produção, o grande cerne do problema está mesmo na Gigafactory, a fábrica de baterias da Tesla, o que afeta também outros produtos da empresa, como seu telhado solar.
Musk afirmou a investidores que passou as últimas quatro semanas trabalhando dia e noite na fábrica de baterias, o principal gargalo na linha de produção. “Eu realmente me sinto muito otimista agora”, disse o CEO da Tesla durante teleconferência. “Mas se você tivesse falado comigo há três semanas, eu teria sido bastante pessimista”, completou o empresário.
Ele, porém, não detalhou o que está atrasando a produção das baterias e apenas confirma que há gargalos na unidade e que os melhores engenheiros da companhia foram levados para a Gigafactory para tentar automatizar o processo de fabricação. Em nota, a Tesla diz, apenas, que “não há problemas fundamentais com a cadeia de produção ou fornecimento do Model 3” e que os funcionários da empresa sabem “o que precisa ser consertado”.
Atraso na produção leva Tesla do lucro ao prejuízo
Segundo a Tesla, o Model 3 recebeu 500 mil reservas e, por isso, muitos especialistas acreditam que o modelo popular é a chave para a rentabilidade de longo prazo da empresa. Mas, com a produção emperrada, a companhia acabou saindo do lucro e indo para o prejuízo. A empresa teve perdas US$ 671,1 milhões no terceiro trimestre deste ano, ante lucro de US$ 21,9 milhões no mesmo período do ano anterior.
“As pessoas que têm reserva do Model 3 podem não ficar entusiasmadas com o fato de terem que aguardar mais tempo do que pensavam para ter o seu veículo, mas provavelmente não cancelarão suas encomendas em massa”, afirmou Jessica Caldwell, especialista em indústria automotiva. “O lucro não significa nada para as empresas que estão criando novas indústrias”, disse. “Eles estão aprendendo com suas falhas e são muito rápidos em superar os problemas.”
Só que enquanto isso não acontece, a Tesla precisou rever suas expectativas. Musk afirmou que a meta de fazer 5 mil unidades por semana do Model 3 deve acontecer até março de 2018, e não dezembro deste ano, como estava previsto. Musk também se esquivou de uma projeção feita há três meses que a Tesla seria capaz de produzir 10 mil unidades por semana o seu modelo sedã popular em algum momento do próximo ano.
