Em maio, a Bloomberg publicou uma matéria intitulada "A China é o futuro da economia compartilhada". "As condições", dizia, "são ideais para o setor prosperar". O compartilhamento de bicicletas no país já é uma indústria de bilhões de dólares; startups que permitem que os usuários compartilhem baterias de celulares levantaram mais de US$ 150 milhões em investimentos. Hoje, você pode até pegar bolas de basquete emprestadas e usar umas "cápsulas de sono" públicas.
Foi essa bonança que inspirou o empresário Zhao Shuping. “Tudo na rua agora pode ser compartilhado”, disse ele ao South China Morning Post. Esse “tudo”, ele percebeu, incluía guarda-chuvas.
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Assim, há algumas semanas, ele lançou a Sharing E Umbrella em 11 cidades chinesas. Com um depósito de cerca de US$ 2,79, os usuários podem pegar um guarda-chuva por meio do app. Eles então pagam cerca de US$ 0,75 por cada meia hora de uso e avisam, pelo app, quando terminam de usá-lo. Os usuários encontram os guarda-chuvas em estandes nas estações de metrô e ônibus, e podem deixá-los em qualquer lugar. Uma vez feito o pedido pelo app, o usuário recebe um código para desbloquear o cadeado embutido no guarda-chuva.
Na época, os usuários comemoraram a chegada do serviço. Um editorial do jornal estatal People's Daily declarou que "compartilhar guarda-chuvas é um sinal de progresso no serviço público e um show de cuidados humanos, liberando o acolhimento da cidade".
Mas Shuping rapidamente descobriu que nem tudo o que pode ser compartilhado deve ser compartilhado. No início desta semana, ele anunciou que quase todos os 300 mil guarda-chuvas sumiram.
O que deu errado
Shuping teorizou que muitos usuários estão levando os guarda-chuvas para casa com eles, em parte porque é difícil deixar um guarda-chuva na rua. O compartilhamento de bicicletas "fez com que os usuários pensem que qualquer coisa na rua pode ser compartilhada agora", disse ele ao Paper, um site de mídia estatal. "Mas guarda-chuvas e bicicletas não são iguais: uma bicicleta você pode estacionar em qualquer lugar, mas um guarda-chuva precisa de um local apropriado".
Outros esforços de compartilhamento na China foram igualmente prejudicados. No mês passado, a startup de bicicletas compartilhadas Wukong Bicycles anunciou que estava fechando suas portas depois que quase todas as suas bicicletas foram roubadas. O mesmo aconteceu com o 3Vbike, sediada em Pequim.
Esses grandes fracassos deixaram investidores se perguntando se a China atingiu o "pico do compartilhamento". "Compartilhar bolas de basquete, guarda-chuvas – todas essas são ideias ruins", disse o diretor-geral da GSR Ventures, Allen Zhu, com sede em Xangai, ao New York Times. "Ambos estão muito ligados a um determinado local, o que dificulta a expansão da empresa".
Andy Tian, um empresário e cofundador do Asia Innovations Group, também é cético: "a China está finalmente abraçando suas raízes comunistas", disse ele ao Times. "Mas não há dúvida de que é uma bolha. Pode até ter raízes em algo valioso, mas você pode realmente compartilhar tudo?"
Os atrativos da China
Mas, a longo prazo, os investidores ainda pensam que a economia de compartilhamento da China é uma boa aposta. Cerca de 600 milhões de chineses participaram dela no ano passado, gastando cerca de US$ 500 bilhões em 2016, de acordo com o escritório de pesquisa de economia compartilhada do governo chinês. As empresas de economia compartilharam levantaram cerca de US$ 25 bilhões no ano passado.
Os investidores são atraídos para o país por alguns motivos. A população de millennials da China e a classe média crescente tornaram-se mais destacadas em seus hábitos de consumo. Isso impactou a economia compartilhada de duas maneiras. Como Bloomberg explicou:
"Em primeiro lugar, o dinheiro que poderia ter sido gasto em, digamos, um carro, é economizado por meio do compartilhamento de viagens e aplicado a outras compras mais refinadas. Em segundo lugar, o compartilhamento permite o acesso a experiências premium – digamos, por meio de uma boa casa durante as férias. Curiosamente, essa tendência é paralela ao crescimento de um mercado rico e baseado na Internet de bens de segura mão (em efeito, negócios de compartilhamento de longo prazo), incluindo itens de luxo como bolsas da Gucci.”
Os consumidores chineses também adotaram sistemas de pagamento móveis, o que torna mais fácil persuadi-los a fornecer suas informações de cartão de crédito para uma startup de guarda-chuva.
Shuping, por sua vez, não perdeu as esperanças. Ele disse que vai espalhar alguns milhões de guarda-chuvas pela cidade até o final do ano. Com sorte, a previsão é de que o clima seja um pouco melhor desta vez.
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