| Foto: JONATHAN CAMPOSJONATHAN CAMPOS

Em maio, a Bloomberg publicou uma matéria intitulada "A China é o futuro da economia compartilhada". "As condições", dizia, "são ideais para o setor prosperar". O compartilhamento de bicicletas no país já é uma indústria de bilhões de dólares; startups que permitem que os usuários compartilhem baterias de celulares levantaram mais de US$ 150 milhões em investimentos. Hoje, você pode até pegar bolas de basquete emprestadas e usar umas "cápsulas de sono" públicas.

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Foi essa bonança que inspirou o empresário Zhao Shuping. “Tudo na rua agora pode ser compartilhado”, disse ele ao South China Morning Post. Esse “tudo”, ele percebeu, incluía guarda-chuvas.

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Assim, há algumas semanas, ele lançou a Sharing E Umbrella em 11 cidades chinesas. Com um depósito de cerca de US$ 2,79, os usuários podem pegar um guarda-chuva por meio do app. Eles então pagam cerca de US$ 0,75 por cada meia hora de uso e avisam, pelo app, quando terminam de usá-lo. Os usuários encontram os guarda-chuvas em estandes nas estações de metrô e ônibus, e podem deixá-los em qualquer lugar. Uma vez feito o pedido pelo app, o usuário recebe um código para desbloquear o cadeado embutido no guarda-chuva.

Na época, os usuários comemoraram a chegada do serviço. Um editorial do jornal estatal People's Daily declarou que "compartilhar guarda-chuvas é um sinal de progresso no serviço público e um show de cuidados humanos, liberando o acolhimento da cidade".

Mas Shuping rapidamente descobriu que nem tudo o que pode ser compartilhado deve ser compartilhado. No início desta semana, ele anunciou que quase todos os 300 mil guarda-chuvas sumiram.

O que deu errado

Shuping teorizou que muitos usuários estão levando os guarda-chuvas para casa com eles, em parte porque é difícil deixar um guarda-chuva na rua. O compartilhamento de bicicletas "fez com que os usuários pensem que qualquer coisa na rua pode ser compartilhada agora", disse ele ao Paper, um site de mídia estatal. "Mas guarda-chuvas e bicicletas não são iguais: uma bicicleta você pode estacionar em qualquer lugar, mas um guarda-chuva precisa de um local apropriado".

Outros esforços de compartilhamento na China foram igualmente prejudicados. No mês passado, a startup de bicicletas compartilhadas Wukong Bicycles anunciou que estava fechando suas portas depois que quase todas as suas bicicletas foram roubadas. O mesmo aconteceu com o 3Vbike, sediada em Pequim.

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Esses grandes fracassos deixaram investidores se perguntando se a China atingiu o "pico do compartilhamento". "Compartilhar bolas de basquete, guarda-chuvas – todas essas são ideias ruins", disse o diretor-geral da GSR Ventures, Allen Zhu, com sede em Xangai, ao New York Times. "Ambos estão muito ligados a um determinado local, o que dificulta a expansão da empresa".

Andy Tian, um empresário e cofundador do Asia Innovations Group, também é cético: "a China está finalmente abraçando suas raízes comunistas", disse ele ao Times. "Mas não há dúvida de que é uma bolha. Pode até ter raízes em algo valioso, mas você pode realmente compartilhar tudo?"

Os atrativos da China

Mas, a longo prazo, os investidores ainda pensam que a economia de compartilhamento da China é uma boa aposta. Cerca de 600 milhões de chineses participaram dela no ano passado, gastando cerca de US$ 500 bilhões em 2016, de acordo com o escritório de pesquisa de economia compartilhada do governo chinês. As empresas de economia compartilharam levantaram cerca de US$ 25 bilhões no ano passado.

Os investidores são atraídos para o país por alguns motivos. A população de millennials da China e a classe média crescente tornaram-se mais destacadas em seus hábitos de consumo. Isso impactou a economia compartilhada de duas maneiras. Como Bloomberg explicou:

"Em primeiro lugar, o dinheiro que poderia ter sido gasto em, digamos, um carro, é economizado por meio do compartilhamento de viagens e aplicado a outras compras mais refinadas. Em segundo lugar, o compartilhamento permite o acesso a experiências premium – digamos, por meio de uma boa casa durante as férias. Curiosamente, essa tendência é paralela ao crescimento de um mercado rico e baseado na Internet de bens de segura mão (em efeito, negócios de compartilhamento de longo prazo), incluindo itens de luxo como bolsas da Gucci.”

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Os consumidores chineses também adotaram sistemas de pagamento móveis, o que torna mais fácil persuadi-los a fornecer suas informações de cartão de crédito para uma startup de guarda-chuva.

Shuping, por sua vez, não perdeu as esperanças. Ele disse que vai espalhar alguns milhões de guarda-chuvas pela cidade até o final do ano. Com sorte, a previsão é de que o clima seja um pouco melhor desta vez.