Apesar de a Oi ter sido por muitos anos a principal operadora do país em telefonia fixa, ela está um pouco atrás quando o assunto é telefonia móvel e banda larga fixa. Ela é apenas a 4.ª maior operadora móvel do país em número de clientes, atrás de Vivo, Claro e Tim, e a 3.ª em banda larga fixa, atrás de Claro e Vivo. Como está em recuperação judicial, com dívidas de cerca de R$ 64 bilhões, demora para investir em redes 4G e cabos de fibra óptica e corre o risco de ficar para trás na era dos dados.
Segundo números da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de outubro deste ano, o mês mais recente disponível, a Oi é apenas a 4.ª maior operadora móvel do país, com 41,9 milhões de linhas, o que dá a companhia um market share (participação de mercado) de 17,41%. A Telefônica (Vivo) é a líder no segmento, com 74,6 milhões de linhas móveis e market share de 30,99%. Em segundo lugar está Claro, com 60,5 milhões e 25,12% de fatia de mercado, seguida por TIM, com 59 milhões e 24,49%, respectivamente.
Em banda larga fixa, ainda segundo dados da Anatel de outubro deste ano, a Oi ocupa a 3.ª posição entre as maiores operadoras, com 6,3 milhões de acessos e market share de 22,41%. A liderança nesse segmento é da Claro, dona também da Embratel e da Net, com 8,8 milhões de clientes e participação de mercado de 31,13%. O segundo lugar é da Vivo, com, respectivamente, 7,6 milhões e 26,84%.
Por que a Oi vem perdendo espaço?
O presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, afirma que a Oi demora mais para investir em novas tecnologias, o que a faz ficar atrás na briga por clientes em telefonia móvel e banda larga. “Ela está bem coberta em termos de infraestrutura, mas precisa atualizar suas redes para aumentar a velocidade, principalmente do 4G. Ela também precisa investir mais em fibra óptica para levar internet de alta velocidade até a casa do consumidor”, explica o especialista em telecomunicações.
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Um dos principais gargalos da Oi é o investimento em 4G. A operadora foi uma das últimas a fazer a migração para a nova a nova tecnologia e, até setembro deste ano, apenas 295 municípios contavam com a cobertura 4G da operadora, representando 63% da população urbana. A Vivo, líder no segmento, tem cobertura 4G em 1.919 cidades, com 75,7% da população coberta, além de 96 cidades com a tecnologia 4G+, que inclui a agregação de faixas para uma transmissão mais veloz e estável do sinal de internet. Os dados são até setembro deste ano.
Este é outro ponto em que a Oi está atrás das suas concorrentes. Vivo, Claro e TIM começaram a oferecer, neste ano, o LTE-Advanced, nome técnico do 4G+ ou 4,5G. Trata-se de uma versão avançada do 4G que consiste em combinar de duas a cincos faixas de transmissão para aumentar a largura da banda e permitir que uma quantidade maior de dados seja transmitida.
As operadoras estão combinando as faixas de 2600 MHz, 1800 MHz e, nas cidades em que está liberada, e de 700 MHz para oferecer a versão melhorada do 4G. A Oi usa, essencialmente, a faixa de 2500 MHz e foi a única grande operadora a ficar fora do leilão da faixa de 700 MHz, que estava ocupada pelo sinal analógico de televisão e agora começa a ser liberada para transmissão de dados.
Dívida bilionária atrasa investimentos
A dívida bilionária da Oi, que chegou a cerca de R$ 64 bilhões e fez a operadora pedir recuperação judicial em junho de 2016, é o principal fator apontado por Tude para a falta de investimento em novas tecnologias. “Ela precisa resolver essa questão da recuperação judicial e começar a sanar suas dívidas para voltar a ter injeção de capital e poder investir mais na rede.”
A operadora ainda não conseguiu aprovar uma proposta de renegociação das dívidas que agrade acionistas e credos. Um novo plano foi apresentado à Justiça na terça-feira (12), em que a companhia prevê um abatimento de R$ 27,9 bilhões da sua dívida e aumento de capital de R$ 4 bilhões, através da emissão de novas ações, e captação de até R$ 2,5 bilhões no mercado.
Procurada, a Oi não respondeu diretamente aos questionamentos feitos pela reportagem. A empresa afirma apenas que o total de investimentos da companhia atingiu R$ 3,8 bilhões nos nove meses acumulados do ano, um crescimento de 11,6% em relação ao mesmo período de 2016. Ela também acrescenta que está “priorizando a modernização da infraestrutura e expansão da capacidade da rede, a realização de ações preventivas com aumento de produtividade e a digitalização para oferecer uma melhor experiência aos clientes”.