Durante a Google I/O, evento anual para desenvolvedores do Google que começou nesta terça-feira (8), a empresa anunciou a disponibilidade da versão beta do Android P, próxima grande versão do seu sistema para smartphones, e alguns detalhes inéditos dele. Um dos que mais chamaram a atenção é um conjunto de funções que materializa o que a empresa chamou de “digital well being”, algo como “bem estar digital”. Basicamente, o Google quer que você use o smartphone de modo mais consciente.
A ideia por trás desse “bem estar digital” é a mesma defendida pelo designer Tristan Harris, ex-funcionário do Google e criador da iniciativa Time Well Spent, que prega que a indústria de software abandone estratégias em software para manter o vício dos em apps.
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No Android P, o Google fornece dados de uso do sistema e ferramentas ao dono do smartphone para ele ter uma visão panorâmica de como usa o aparelho e seus apps. E, caso queira, estabelecer limites para esse uso.
O sistema apresenta um painel com gráficos e dados que apontam os apps mais usados e por quanto tempo cada um ocupou a atenção do usuário, além de outros detalhes como quantas vezes o celular foi desbloqueado e quantas notificações ele recebeu.
Dessa tela, é possível tocar em um app para ter estatísticas específicas dele e, caso deseje, definir limites de uso. Se você assiste a muitos vídeos no YouTube ou passa horas rolando os feeds do Instagram e Facebook, por exemplo, pode estabelecer limites temporais diários (30 minutos, 2 horas etc.). Quando eles estiverem próximos do fim, uma notificação avisa que é hora de fechá-los e os ícones dos apps ficam em preto e branco.
Outra medida, chamada de “Wind down” (algo como “desacelerar”), deve ajudar o usuário do Android P a dormir na hora certa. Ela ativa o modo noturno, que elimina a luz azul da tela, e, depois de um tempo, ativa a função “não perturbe”, que emudece notificações, e tira as cores da tela para lembra-lo de ir para a cama. A definição do horário de dormir é automática, extraída pelo próprio Android do comportamento padrão do usuário através de inteligência artificial (IA).
Inteligência artificial em todo lugar
Inteligência artificial, aliás, permeia muitas áreas do Android P — e do próprio Google, que, em 2015, se definiu como uma empresa que prioriza IA. No novo Android, a tecnologia chega a pontos bem específicos, como o auxílio no gerenciamento da bateria do smartphone e até no ajuste do brilho automático da tela.
Além dessas novidades, o Android P terá uma nova interface de navegação. Baseada em gestos, ela lembra bastante a do iOS 11 no iPhone X, da Apple. Nessa parte, a IA surge para compreender como o usuário lida com o smartphone ao longo do dia. Isso permite que o Android P apresente apps, pessoas e ações nas notificações de acordo com o contexto (teoricamente) correto.
O Android P, ainda em versão beta, está disponível para os smartphones da linha Pixel do Google, e no Xperia XZ2, Mi Mix 2S, Nokia 7 Plus, Oppo R15 Pro, Vivo X21, OnePlus 6 e Essential Phone — nenhum deles à venda no Brasil. Ainda não há data prevista para a versão final e, mesmo quando ela sair, a disponibilidade para os smartphones já em uso dependerá de cada fabricante. O Android 8 “Oreo”, versão mais atual disponível, foi lançado em agosto de 2017, mas, até agora, só chegou a 4,6% dos smartphones Android em uso, segundo dados do próprio Google.