Um dos principais novos recursos esperados no próximo iPhone é uma nova maneira de desbloquear o smartphone: com seu rosto.
À primeira vista, isso talvez não pareça grande coisa. O Android tem um tipo de reconhecimento facial, chamado Face Unlock, desde 2011. A Samsung, principal rival da Apple no segmento, possui sua própria versão de reconhecimento facial — além de um scanner de íris e o leitor de impressões digitais padrão.
Mas, graças aos grandes avanços da tecnologia de digitalização facial, esse método está em alta — e a Apple não é a única empresa interessada em dar uma nova chance à tecnologia. Várias empresas, incluindo a Delta Airlines, a JetBlue Airways e o Citibank, estão testando ou lançaram programas que utilizam a tecnologia como meio de verificação no ano passado.
Novas tecnologias
As empresas têm posicinoado o reconhecimento facial como uma maneira mais fácil e eficiente para que os consumidores verifiquem sua identidade. Sim, você talvez tenha que segurar o aparelho em um ângulo estranho para alinhar sua cabeça corretamente. Mas não há códigos ou senhas. E ao contrário das impressões digitais, você não corre o risco de esquecer qual rosto configurou no seu celular.
No passado, havia limitações. Hackers conseguiam enganar os sensores de reconhecimento facial com fotos ou vídeos do dono do celular. Chapéus ou mesmo certos tons de pele confundiam os sensores. E, claro, existe o problema de gêmeos idênticos — um relativamente raro, mas real.
Mas os recentes avanços na tecnologia de reconhecimento facial corrigem algumas dessas questões. As câmeras de detecção de profundidade, que são usadas em varreduras avançadas, são capazes de mapear uma espécie de mapa tridimensional de um rosto em vez de simplesmente depender de imagens. Isso torna mais difícil enganar o sistema. Mesmo gêmeos muitas vezes têm pequenas diferenças na estrutura óssea ou no formato da cabeça, o que possibilita uma identificação individual muito mais precisa. Um acessório ainda pode confundir o reconhecimento de um sensor, dizem os especialistas, mas não tão facilmente. Então, embora não seja perfeito, o reconhecimento facial está se tornando mais do que apenas uma curiosidade.
A Apple adquiriu pelo menos duas empresas notáveis de reconhecimento facial nos últimos anos, como a Prime Sense, que desenvolveu o Kinect original, acessório do video game Xbox capaz de detectar rostos e movimentos dos jogadores. A Apple também comprou uma empresa chamada RealFace, especializada em aplicações de segurança para reconhecimento facial. Ambas as empresas trabalharam arduamente em tecnologias de reconhecimento facial que não poderiam ser facilmente enganadas por uma foto ou vídeo, por exemplo.
O motivo dessa jogada é simples, diz Gene Munster, sócio-gerente da Loup Ventures: a Apple quer entregar uma tela maior.
Nos iPhones atuais, o sensor de impressão digital está no botão inicial na parte frontal do aparelho. Mas especula-se que a Apple esteja abandonando esse botão completamente, como parte do trabalho em cobrir toda a frente do iPhone com a tela e dar aos usuários mais espaço para navegar, assistir a vídeos e comprar aplicativos.
O objetivo da empresa é "tornar as coisas mais seguras e também avançar o design de dispositivos", diz. Adicionando o reconhecimento facial — pelo menos do tipo esperado no próximo iPhone — deve ser uma jogada que possibilita a ambos.
A Apple recusou-se a comentar.
Outras iniciativas
Se a Apple usar o reconhecimento facial para pagamentos e compras, será a primeira a fazer isso. A Samsung informou ao Korea Herald, em abril, que não precisa de reconhecimento facial avançado para o setor bancário devido à existência de outras "tecnologias biométricas de alto nível", como a digitalização de íris e impressões digitais.
Outras empresas têm usado o reconhecimento facial para identificação, incluindo companhias aéreas no check-in e a MasterCard, que possui um programa chamado "Identify Check" que permite verificar as compras com uma foto. (Informalmente, isso é conhecido como “pagamento por selfie”.) No caso da MasterCard, a empresa tenta contornar a fraude pedindo aos usuários para que pisquem em determinados momentos, a fim de verificar se ali se encontra uma pessoa viva e não uma foto ou vídeo.
Esses programas, no entanto, usam o reconhecimento facial apenas como mais uma opção de segurança biométrica, ou seja, os consumidores podem optar por outras. Para o iPhone — se os rumores se mostrarem verdadeiros —, o reconhecimento facial pode ser a única opção biométrica.