A fabricante de semicondutores Qualcomm anunciou nesta terça (5) uma nova categoria de notebooks baseada em seu chip Snapdragon 835, anunciado em novembro de 2016 e originalmente concebido para uso em smartphones e tablets. A promessa é de que notebooks com essa tecnologia ficarão até um mês longe da tomada.
Em parceria com a Microsoft e fabricantes de notebooks como Asus, HP e Lenovo, a Qualcomm promete que, com seu chip, esta nova leva de notebooks terá três grandes vantagens em relação aos modelos convencionais: início instantâneo, conexão constante à internet e grande autonomia de bateria.
Na prática, esses novos notebooks ganharão características que os consumidores esperam de smartphones. O Snapdragon 835 se baseia numa arquitetura chamada e desenvolvida pela empresa ARM. Diferente da dos chips da Intel e AMD, tradicionalmente usados em notebooks e computadores, o foco dos chips ARM está em autonomia de bateria e conectividade.
Até então, havia incompatibilidades que inviabilizavam o funcionamento do Windows nesses chips.
A nova investida da Qualcomm e da Microsoft resolve essas incompatibilidades. De acordo com Cristiano Amon, vice-presidente executivo da Qualcomm, esse novo modelo "muda o comportamento do consumidor". O carregador de bateria do notebook, por exemplo, quase sempre presente em mochilas de profissionais móveis, poderá ficar em casa pois a bateria terá duração suficiente para passar o dia longe da tomada. A conectividade constante, hoje via redes móveis 4G e, a partir de 2019, nas futuras e ainda mais rápidas redes 5G, será encarada como algo trivial, da mesma maneira que se espera que smartphones funcionem.
O NovaGo da Asus, um dos dois notebooks anunciados no evento, tem até uma luz indicando o "modo avião", recurso que corta todas as conexões de um dispositivo e que, embora já estivesse disponível em computadores, é mais popular e proeminente nos smartphones.
A maior promessa, porém, está na autonomia da bateria. Terry Myerson, vice-presidente executivo do grupo de Windows e dispositivos da Microsoft, disse que vem usando um notebook com chip da Qualcomm há algum tempo e que costuma recarregar a bateria apenas uma vez por semana. As duas fabricantes que anunciaram produtos com Windows 10 baseados no Snapdragon 835 prometem duração de bateria sem igual na indústria.
Novos produtos
Jerry Shen, CEO da fabricante taiwanesa Asus, apresentou o NovaGo, primeiro notebook baseado na plataforma Qualcomm, com conectividade gigabit 4G LTE.
O NovaGo tem autonomia de bateria prometida de 22 horas. Em stand by, ou seja, com a tela desligada, mas acessível instantaneamente — como smartphones e tablets —, ele deve durar até um mês com a mesma carga. O produto traz várias tecnologias modernas da plataforma Windows 10, como o sistema de autenticação biométrica Windows Hello e as ferramentas de toques na tela do Windows Ink.
O NovaGo será lançado no primeiro trimestre de 2018, nos Estados Unidos, China e alguns países europeus, em duas versões, uma de US$ 599 e outra, com memórias de maior capacidade, por US$ 799.
A HP mostrou o Envy x2, com design fino, autonomia de 20 horas de uso e acabamento com materiais refinados. Ele será lançado no primeiro semestre de 2018, também ainda sem preço definido.
Quase no final da apresentação, Alex Katouzian, vice-presidente sênior e gerente geral de mobilidade na Qualcomm, revelou o Snapdragon 845, nova geração do chip topo de linha da empresa. Ele deve aparecer nos principais smartphones e tablets que serão lançados em 2018.
Segunda tentativa
Não é a primeira vez que Qualcomm e Microsoft tentam levar o Windows para a plataforma ARM. Em 2012, paralelo ao Windows 8, a Microsoft lançou o Windows RT, uma versão simplificada do sistema destinada a tablets.
O Windows RT aparecerem apenas em alguns sistemas e não agradou aos usuários, já que muitos programas clássicos do Windows não funcionavam nele. A variante foi engavetada algum tempo depois.
A diferença, desta vez, é que o Windows 10 para chips ARM não terá divergências entre seus pares tradicionais. Os mesmos aplicativos rodarão e as funcionalidades também serão as mesmas.
Para a Qualcomm, a entrada no mercado de notebooks é vista como uma grande oportunidade de aumentar o faturamento e um dos primeiros cenários do potencial de expansão que o 5G e a Internet das Coisas representa para seus negócios. De acordo com Amon, os últimos 30 anos foram baseados em interconectar pessoas; agora, começa a fase de conectar as coisas ao nosso redor — uma das grandes promessas do 5G e da Internet das coisas.
* O jornalista viajou a convite da Qualcomm.