![O jogo mais popular do momento tem 150 milhões de jogadores e já foi banido de diversas escolas No modo “battle royale”, 100 jogadores lutam entre si até sobrar apenas um. | Epic Games/Divulgação](https://media.gazetadopovo.com.br/2018/04/7135b631040ae561a7dfb11665b40bbc-gpLarge.jpg)
Quando a equipe de basquete da Universidade de Maryland, da cidade americana de Baltimore, conseguiu o maior feito da sua história no torneio nacional de basquete universitário dos Estados Unidos, o jogador Nolan Gerrity teve a metáfora perfeita para o que estava sentindo. “É como sua primeira vitória no Fortnite”, disse ele a repórteres após o time bater, pela primeira vez, o da Virginia, líder do ranking, por 20 pontos.
Para quem está por fora do assunto, foi uma declaração intrigante. Mas a frase de Gerrity fez todo o sentido para 150 milhões de pessoas em todo o mundo que tornaram o jogo Fortnite uma obsessão em 2018.
Fortnite pode ser descrito como uma mistura entre Minecraft e os populares jogos de tiro. Sobrevivência é o nome do jogo. Os jogadores lutam entre si, passando por uma noite de zumbis ou sobrevivendo até o final de uma batalha massiva, e usam a paisagem para encontrar materiais e construir abrigos.
O jogo foi lançado em julho do ano passado para consoles (PlayStation 4 e Xbox One) e computadoers, mas a franquia ganhou força após a adição de novos modos de jogo. O mais badalado é o “battle royale”, uma luta livre e maciça de 100 jogadores em que apenas um sobrevive ao final. Esse modo foi lançado como um jogo independente em setembro.
A nova modalidade ajudou a tonar o Fortnite um fenômeno. Ele se tornou o título mais jogado no Twitch, o site da Amazon para streaming de jogos, e no YouTube Gaming. De acordo com a empresa de dados de jogos Newzoo, Fortnite sozinho representou 12,8% de todo o tráfego nessas plataformas em fevereiro deste ano. A versão móvel para iPhone — que foi lançada em março e era um jogo apenas para convidados até pouco tempo — alcançou o topo das paradas nos Estados Unidos e em outros 12 países, segundo a App Annie. O aplicativo para Android está a caminho.
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O ponto alto do game aconteceu quando o astro do hip-hop anericabo Drake disputou em 14 de março uma partida com o “Ninja”, apelido de Tyler Blevins, um jogador profissional e estrela do streaming de videogames. Os dois atraíram um público de 628 mil pessoas no Twitch, um recorde da plataforma.
A ascensão de Fortnite aconteceu em um ótimo momento para que os jogos via streaming continuem em alta. O novo jogo já é comparado por analistas ao sucesso de títulos como World of Warcraft, de 2004, e Minecraft, de 2009, esse último tendo provocado uma frenesi fora do universo tradicional de jogadores online.
“Não é apenas o maior jogo do ano, é o primeiro jogo que vemos desde quando o Minecraft alcançou esse tipo de apelo”, disse Mat Piscatella, analista da NPD Reasearch que acompanha de perto a indústria de jogos. “O potencial ascendente é astronômico”.
O jogo em si ficou mais popular com estimativas da indústria dizendo que 65% das famílias americanas têm, pelo menos, uma pessoa que joga três horas por semana. Mas é raro ver um único jogo dominar a conversa da maneira da maneira que Fortnite tem feito, disseram analistas.
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O que faz o jogo Fortnite tão popular
O apelo de Fortnite como franquia é triplo, dizem os analistas. Por um lado, ele é grátis, o que lhe confere uma vantagem sobre jogos semelhantes, como Playerunknown’s Battlegrounds (PUGB). PUGB foi o primeiro a popularizar o gênero ”battle royale” (modelo em que há somente um jogador sobrevivente), mas ele pede aos jogadores que paguem antes de jogar, enquanto Fortnite é gratuito. A franquia ganha dinheiro com a venda de itens virtuais dentro no jogo.
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Outro aspecto do sucesso de Fortnite é a forma como ele encontrou força nas mídias sociais. A desenvolvedora do jogo, a Epic Games, recheou o título de referências culturais — as personagens podem fazer uma dança do seriado de TV Scrubs, dos anos 2000, por exemplo — e continua lançando novas atualizações e reviravoltas.
Finalmente, e talvez o mais importante, é um jogo de alta qualidade, algo raro entre os títulos gratuitos. É divertido e simples. O formato “último homem de pé” do modo “battle royale” de Fortnite é fácil de entender de primeira. Formar uma estratégia é inteligente, mas não um pré-requisito para a vitória. Seus personagens caricaturais tornam a violência mais fácil de suportar, dizem analistas. Tudo isso torna o título perfeito em uma época em que as franquias estão cada vez mais tentando atrair novos jogadores para o universo do streaming.
“O design é importante”, afirmou Gene Munster, sócio-gerente da empresa de capital de risco Loup Ventures. “Ele captura um equilíbrio, em que um novato pode se divertir em vez de ficar confuso”.
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Jogo ainda tem potencial para crescer e lucrar
É difícil saber exatamente quanto dinheiro Fortnite está gerando. A Epic Games é uma empresa privada e, portanto, não precisa publicar balanços financeiros. Estimativas da empresa de pesquisa SuperData colocaram a receita com o jogo Fortnite em US$ 126 milhões no mês de fevereiro.
Mas os analistas esperam que a franquia esteja pronta para crescer à medida que a Epic começa a transferir seu super sucesso para smartphones — um público muito mais amplo, mas muitas vezes mais instável.
Ainda é cedo para dizer como o smartphone afetará Fortnite, disse Piscatella. A Epic lançou uma versão para dispositivos móveis iOS, como um teste exclusivo para convidados, em 12 de março. Poucos dias depois, o jogo deu um sinal real da sua popularidade: irritou — e muito — as escolas.
Alunos e professores rapidamente se queixaram de que muitas crianças jogavam Fortnite em sala de aula e que as redes Wi-Fi das escolas eram sobrecarregadas por conta do jogo.
É difícil dizer quanto tempo essa popularidade vai durar, mas em seu auge o jogo já ganhou uma distinção, a mesma dos fidget spinners e do Tamagotchi: foi banido de várias escolas nos Estados Unidos.
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