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O jogo mais popular do momento tem 150 milhões de jogadores e já foi banido de diversas escolas

No modo “battle royale”, 100 jogadores lutam entre si até sobrar apenas um. | Epic Games/Divulgação
No modo “battle royale”, 100 jogadores lutam entre si até sobrar apenas um. (Foto: Epic Games/Divulgação)

Quando a equipe de basquete da Universidade de Maryland, da cidade americana de Baltimore, conseguiu o maior feito da sua história no torneio nacional de basquete universitário dos Estados Unidos, o jogador Nolan Gerrity teve a metáfora perfeita para o que estava sentindo. “É como sua primeira vitória no Fortnite”, disse ele a repórteres após o time bater, pela primeira vez, o da Virginia, líder do ranking, por 20 pontos.

Para quem está por fora do assunto, foi uma declaração intrigante. Mas a frase de Gerrity fez todo o sentido para 150 milhões de pessoas em todo o mundo que tornaram o jogo Fortnite uma obsessão em 2018.

Fortnite pode ser descrito como uma mistura entre Minecraft e os populares jogos de tiro. Sobrevivência é o nome do jogo. Os jogadores lutam entre si, passando por uma noite de zumbis ou sobrevivendo até o final de uma batalha massiva, e usam a paisagem para encontrar materiais e construir abrigos.

O jogo foi lançado em julho do ano passado para consoles (PlayStation 4 e Xbox One) e computadoers, mas a franquia ganhou força após a adição de novos modos de jogo. O mais badalado é o “battle royale”, uma luta livre e maciça de 100 jogadores em que apenas um sobrevive ao final. Esse modo foi lançado como um jogo independente em setembro.

A nova modalidade ajudou a tonar o Fortnite um fenômeno. Ele se tornou o título mais jogado no Twitch, o site da Amazon para streaming de jogos, e no YouTube Gaming. De acordo com a empresa de dados de jogos Newzoo, Fortnite sozinho representou 12,8% de todo o tráfego nessas plataformas em fevereiro deste ano. A versão móvel para iPhone — que foi lançada em março e era um jogo apenas para convidados até pouco tempo — alcançou o topo das paradas nos Estados Unidos e em outros 12 países, segundo a App Annie. O aplicativo para Android está a caminho.

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O ponto alto do game aconteceu quando o astro do hip-hop anericabo Drake disputou em 14 de março uma partida com o “Ninja”, apelido de Tyler Blevins, um jogador profissional e estrela do streaming de videogames. Os dois atraíram um público de 628 mil pessoas no Twitch, um recorde da plataforma.

A ascensão de Fortnite aconteceu em um ótimo momento para que os jogos via streaming continuem em alta. O novo jogo já é comparado por analistas ao sucesso de títulos como World of Warcraft, de 2004, e Minecraft, de 2009, esse último tendo provocado uma frenesi fora do universo tradicional de jogadores online.

“Não é apenas o maior jogo do ano, é o primeiro jogo que vemos desde quando o Minecraft alcançou esse tipo de apelo”, disse Mat Piscatella, analista da NPD Reasearch que acompanha de perto a indústria de jogos. “O potencial ascendente é astronômico”.

O jogo em si ficou mais popular com estimativas da indústria dizendo que 65% das famílias americanas têm, pelo menos, uma pessoa que joga três horas por semana. Mas é raro ver um único jogo dominar a conversa da maneira da maneira que Fortnite tem feito, disseram analistas.

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O que faz o jogo Fortnite tão popular

O apelo de Fortnite como franquia é triplo, dizem os analistas. Por um lado, ele é grátis, o que lhe confere uma vantagem sobre jogos semelhantes, como Playerunknown’s Battlegrounds (PUGB). PUGB foi o primeiro a popularizar o gênero ”battle royale” (modelo em que há somente um jogador sobrevivente), mas ele pede aos jogadores que paguem antes de jogar, enquanto Fortnite é gratuito. A franquia ganha dinheiro com a venda de itens virtuais dentro no jogo.

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Outro aspecto do sucesso de Fortnite é a forma como ele encontrou força nas mídias sociais. A desenvolvedora do jogo, a Epic Games, recheou o título de referências culturais — as personagens podem fazer uma dança do seriado de TV Scrubs, dos anos 2000, por exemplo — e continua lançando novas atualizações e reviravoltas.

Finalmente, e talvez o mais importante, é um jogo de alta qualidade, algo raro entre os títulos gratuitos. É divertido e simples. O formato “último homem de pé” do modo “battle royale” de Fortnite é fácil de entender de primeira. Formar uma estratégia é inteligente, mas não um pré-requisito para a vitória. Seus personagens caricaturais tornam a violência mais fácil de suportar, dizem analistas. Tudo isso torna o título perfeito em uma época em que as franquias estão cada vez mais tentando atrair novos jogadores para o universo do streaming.

“O design é importante”, afirmou Gene Munster, sócio-gerente da empresa de capital de risco Loup Ventures. “Ele captura um equilíbrio, em que um novato pode se divertir em vez de ficar confuso”.

Jogo ainda tem potencial para crescer e lucrar

É difícil saber exatamente quanto dinheiro Fortnite está gerando. A Epic Games é uma empresa privada e, portanto, não precisa publicar balanços financeiros. Estimativas da empresa de pesquisa SuperData colocaram a receita com o jogo Fortnite em US$ 126 milhões no mês de fevereiro.

Mas os analistas esperam que a franquia esteja pronta para crescer à medida que a Epic começa a transferir seu super sucesso para smartphones — um público muito mais amplo, mas muitas vezes mais instável.

Ainda é cedo para dizer como o smartphone afetará Fortnite, disse Piscatella. A Epic lançou uma versão para dispositivos móveis iOS, como um teste exclusivo para convidados, em 12 de março. Poucos dias depois, o jogo deu um sinal real da sua popularidade: irritou — e muito — as escolas.

Alunos e professores rapidamente se queixaram de que muitas crianças jogavam Fortnite em sala de aula e que as redes Wi-Fi das escolas eram sobrecarregadas por conta do jogo.

É difícil dizer quanto tempo essa popularidade vai durar, mas em seu auge o jogo já ganhou uma distinção, a mesma dos fidget spinners e do Tamagotchi: foi banido de várias escolas nos Estados Unidos.

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