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ELetrolar

O que atrai tantos chineses à maior feira de negócios e tecnologia do Brasil?

 | Rodrigo GhedinGazeta do Povo
(Foto: Rodrigo GhedinGazeta do Povo)

Quem viu a lista de expositores da Eletrolar, feira de negócios e tecnologia que ocorreu em São Paulo entre os dias 17 e 20 de julho, reparou na grande quantidade de nomes chineses. A Eletrolar é um tradicional evento no calendário anual de fabricantes, distribuidores e lojistas, mas a forte presença da China é recente. O que eles estavam fazendo ali?

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Negócios, claro. Mais de 120 expositores chineses vieram a São Paulo tentar fechar contratos com lojas e fabricantes já estabelecidas no Brasil e na América Latina. E embora tenham dividido o Transamerica Expo Center na capital paulista com nomes conhecidos dos consumidores brasileiros e seja um pedaço oficial da Eletrolar, esse lado da feira tem nome e área dedicadas: é a Latin American Electronics International Trade Show.

Resumir a participação chinesa na Eletrolar a uma palavra, porém, seria uma análise superficial. No terceiro dia da feira (19), conversamos com alguns representantes de empresas de lá e com Carlos Clur, CEO do Grupo Eletrolar, que organiza a feira, para entender a presença deles aqui.

As empresas chinesas atuam como ímã para compradores de outros países latino-americanos. Lojistas e industriais de países como Argentina, Bolívia, Colômbia e Paraguai, que já têm negócios com empresas chinesas, vêm a São Paulo, atraídos por elas, e acabam fazendo negócio com as empresas do lado nacional da feira.

Outro desdobramento interessante é os investimentos chineses feitos no Brasil. Clur explica: “Dois anos atrás, a TCL colocou um espaço aqui na feira e, hoje, temos a joint-venture TCL-Semp. Eles estão fabricando TVs e outros produtos no Brasil”. Outros exemplos dados pelo executivo foram o da Midea, que tem joint-ventures com a norte-americana Carrier em alguns países, Brasil entre eles; e a Lenovo, que comprou a divisão de computadores da IBM e a Motorola Mobility. “Tem empresa chinesa que faz investimento no país, não é só chinês querendo vender”, disse.

Clur disse ainda que “a indústria mais importante do mundo de eletrônicos está na China e o governo chinês apoia as feiras, a promoção [da indústria]. Por isso a China é a número um em vendas no mundo, o país mais exportador: porque o governo ajuda na promoção. Isso, mais a competitividade que o país tem”.

É o terceiro ano que a Eletrolar, que está na 12ª edição, abre espaço para empresas chinesas. “Estamos bem contentes com essa missão, que não é somente para a indústria e varejo nacionais, e sim ter uma feira que possibilita a abertura de novos mercados internacionais. A gente conseguiu fazer isso, temos muitos cases no mercado”, celebrou Clur antes de listar algumas empresas, como Mondial e Miller, que fecharam acordos de exportação na feira.

Li Ningyan, vice-diretora do centro de exibição da Câmara de Comércio para Importação e Exportação de Maquinário e Produtos Eletrônicos da China, disse que, além de vender para lojistas e fábricas locais, a feira é uma boa oportunidade para as empresas do país exporem suas marcas próprias ao público brasileiro.

Contrastes

Passear pelo lado chinês da feira revelava um contraste com a parte nacional. Além da variedade maior de produtos, que iam de tradicionais acessórios para computadores e celulares a coisas mais específicas, como coletes de massagem, grills elétricos e secadores de cabelo, os estandes eram mais apertados e padronizados, e o fluxo de gente, menor.

Damon Zheng, diretor de vendas da Crown Micro, uma empresa de acessórios para computador, era uma exceção ali em vários sentidos. Seu estande, um dos maiores do local, era personalizado e contava com tradutoras – e o próprio Zheng falava um inglês redondo. Questionado sobre o evento, ele disse que “até agora, [está] muito bom, acima das nossas expectativas. Conhecemos alguns clientes sérios e muito interessados em nossas linhas de produtos”.

A maioria dos que falaram com a reportagem, porém, não estava tão entusiasmada. Alguns, em conversas informais, reclamaram do movimento fraco e das dificuldades para vender, e atribuíram a culpa a diversos fatores, da crise à barreira do idioma – pouquíssimos contavam com tradutores, o que é um problema considerando que lojistas do Brasil inteiro passam pela Eletrolar, e nem o inglês era garantido.

Herry Yan, gerente de vendas no exterior da Boyue, uma fabricante de leitores de livros digitais (e-readers), disse que a feira estava “mais ou menos”. Para ele, o problema é que os brasileiros preferem tablets, por terem mais funcionalidades. A exemplo de outros expositores, a Boyue vende produtos com marca própria e também no regime “OEM”, quando aplicam a marca do cliente estrangeiro aos produtos, o que ajuda na localização e comercialização no novo mercado.

Clur brincou que os chineses “sempre reclamam”, mas que isso não é ruim “porque reclamar é ser exigente”. Para o executivo, trazer chineses para a Eletrolar é um caminho natural, dado que a China é um país-chave na indústria eletroeletrônica.

“As feiras internacionais, como as de Las Vegas (CES) e Berlim (IFA), não têm nada a mais que a Eletrolar. Estamos apresentando drones de última geração, TV 8K, o carro elétrico da Tesla, robôs aspiradores… [A Eletrolar] não deixa nada a desejar para qualquer feira internacional. E, se você ver essas, elas têm uma participação de chineses muito grande, maior do que a nossa”, disse.

*O jornalista viajou a convite da Positivo Tecnologia.

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