Uber criticou a decisão da Câmara| Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Publicas

A aprovação do projeto de lei 5587/16 na Câmara dos Deputados, ontem, coloca em risco o funcionamento dos apps de corridas compartilhadas no Brasil. Embora a matéria ainda precise passar pelo Senado e ser sancionada pela Presidência para passar a valer, os principais apps do tipo em operação no Brasil já se manifestaram.

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O ponto mais polêmico do projeto de lei é o que muda a natureza do transporte individual de passageiros de privada para pública. Incluída através de um destaque do PT, a medida travaria a operação dos apps até que a atividade fosse regulamentada pelas prefeituras e essas teriam a opção de regulamentar ou não a atividade. O deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), autor do substitutivo ao projeto original que, posteriormente, foi alterado pelo referido destaque, criticou a mudança: “Até que o município regulamente, o sistema de aplicativos está inviabilizado. É transformar o sistema de aplicativo privado em táxi, que é tudo o que ninguém quer, porque cria tumulto”.

Atualmente, apenas quatro cidades brasileiras já regulamentaram os aplicativos de transporte individual de passageiros: Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Vitória. Em outras, como Aracaju, alguns apps como o Uber atuam graças a liminares concedidas pelo Judiciário.

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Se o projeto de lei aprovado na Câmara entrasse em vigor hoje, ainda assim não haveria a garantia de que essas cidades estariam adequadas à legislação federal. Brasília, por exemplo, ainda não recolhe tributos porque alguns tópicos da legislação municipal estão pendentes de regulamentação.

Reação dos apps

Protesto do Uber em frente ao Congresso. 

Antes mesmo da votação na Câmara, 99 e Uber iniciaram campanhas nas redes sociais, estimulando seus usuários a se manifestarem contrariamente ao projeto de lei com as hashtags #DireitodeIreVir e #DireitodeEscolha. O Uber levou três mil placas com fotos e mensagens de apoio publicadas por seus usuários para a frente do Congresso (foto acima) a fim de pressionar os parlamentares.

A Gazeta do Povo procurou as assessorias dos serviços para saber o posicionamento delas em relação à aprovação do projeto de lei na Câmara. Confira:

99
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A 99 destacou dois pontos, agradeceu o apoio de motoristas e usuários e espera que mudanças significativas aconteçam no Senado:

“A 99 salienta dois pontos da votação desta terça-feira à noite a respeito do PL 5587/16:

1. A votação não gera nenhum efeito prático para a população, que segue tendo acesso normalmente aos serviços de carros particulares, já que o projeto ainda precisa ser analisado pelo Senado;

2. A supressão do termo ‘transporte privado’ do texto do Projeto de Lei é tecnicamente inconsistente.

A 99 agradece a todos os passageiros e motoristas que aderiram à mobilização #DireitodeIre Vir. E segue confiante de que estes pontos poderão ser alterados no Senado.

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A 99 acredita que o momento é de debate livre de ideias. Um aprofundamento das discussões, com a participação de todos, taxistas, motoristas de carros particulares, passageiros, poder público, empresas de aplicativo e a sociedade.

Nascemos 99 Taxi e hoje temos o 99Pop, porque entendemos que é necessário termos as duas modalidades de serviço para atender melhor o passageiro.

Somos a favor da liberdade de escolha, da igualdade de oportunidades e da livre iniciativa.”

Uber

Mais incisivo, o Uber classificou o projeto de lei como “retrógrado” e que também espera que “a voz de milhões de pessoas no Brasil” seja ouvida no Senado:

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“É importante frisar que o PL 5587/16 propõe uma lei retrógrada que não regula a Uber no Brasil, mas tenta transformá-la em táxi, proibindo entāo este modelo de mobilidade. O PL segue agora para o Senado Federal, onde o debate sobre a tecnologia deve continuar, garantindo que seja ouvida a voz de milhões de pessoas no Brasil que desejam ter seu direito de escolha assegurado.”

Cabify

O Cabify, que recentemente anunciou um investimento de US$ 200 milhões no Brasil, disse que embora favorável à regulamentação, se posiciona contra o PL 5587/16 por entender que as mudanças trazidas por ele, entre outras coisas, “inviabilizam o modelo atual de negócios dos aplicativos intermediadores”. Leia a íntegra da nota:

“A Cabify, plataforma espanhola de soluções inteligentes de mobilidade urbana, sempre se posicionou a favor de uma regulamentação justa. A empresa, inclusive, desde sua chegada ao País, em junho do ano passado, vem trabalhando junto aos municípios onde está presente para que o serviço seja regulamentado de forma que permita uma competição saudável e harmoniosa do setor e garanta a segurança jurídica para todos os envolvidos, sejam eles os motoristas de táxi, motoristas parceiros, as plataformas tecnológicas, o poder público e a sociedade civil . Nesse sentido, a Cabify se posiciona contra o PL 5587/2016, aprovado nesta terça-feira (04/04/2017) na Câmara dos Deputados, que visa transformar o transporte privado de passageiros. A Cabify entende que tais mudanças inviabilizam o modelo atual de negócios dos aplicativos intermediadores, vão contra a voz da população e simbolizam um retrocesso ao movimento que acontece hoje no País – e no mundo – em prol da mobilidade urbana, oferecendo entraves que prejudicam o direito de ir e vir da população da maneira que lhe é mais conveniente. Ainda cabe dizer que as plataformas tecnológicas contribuem consideravelmente para a economia do Brasil, que segue em estágio de recuperação, por meio do aumento e geração de renda dos motoristas parceiros e do próprio erário público dos municípios onde atua.”

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O comunicado da Easy ressalta que o poder de escolha deve pertencer à população:

“A Easy é a favor da regulamentação justa, aquela que beneficia e compreende todas as partes, sempre de olho na qualidade de vida de toda a população.

A Easy, portanto é contra o texto aprovado ontem na Câmara dos Deputados (04/04/2017) que transforma o transporte privado em transporte público, inibindo a livre iniciativa e dificultando a geração de empregos no país. O texto aprovado, além de descaracterizar o transporte privado, amplamente aceito pela população brasileira, traz para o setor inúmeras ineficiências (contra as quais a Easy luta amplamente) existentes atualmente no setor de táxi. A caracterização de transporte público irá burocratizar o credenciamento de novos motoristas; não garante a qualidade do serviço prestado; e irá limitar a competitividade entre os sistemas, tão benéfica para a redução de preços aos passageiros.”

Por ora, a decisão da Câmara não afeta o funcionamento dos apps. A matéria segue para o Senado, onde será novamente debatida, e depois precisa da sanção presidencial para entrar em vigor.

Atualizado às 15h25 para incluir o posicionamento da Easy.

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Atualizado às 14h36 para incluir o posicionamento do Cabify.