A Apple lançou, nos Estados Unidos, uma nova campanha de marketing que apresenta algumas vantagens que usuários do Android teriam ao migrarem para um iPhone. Essa movimentação entre plataformas sempre existiu, mas os motivos, inclusive os apresentados pela empresa na campanha, não são mais tão fortes quanto eram alguns anos atrás.
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Além da página “Switch” em seu site oficial, a Apple divulgou uma série de vídeos curtos para promover a campanha:
Segundo a empresa, o iPhone estaria à frente do Android nos seguintes aspectos: facilidade de uso, facilidade de migração, qualidade da câmera, velocidade, privacidade e segurança, iMessage, suporte e responsabilidade ambiental.
Em alguns desses aspectos a liderança da Apple ainda existe e é, de fato, inquestionável. O Google tem seu modelo de negócio baseado em publicidade direcionada, o que significa que os dados do usuário são processados pela empresa para que ela consiga entregar anúncios mais relevantes e, por tabela, refinar os produtos e serviços que oferece.
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A Apple, por sua vez, fatura com hardware, ou seja, na venda do iPhone, iPad e dos computadores das linhas MacBook, iMac e Mac Pro. Isso a permite ignorar a publicidade direcionada como fonte de renda e fazer disso um importante diferencial. Episódios como o do iPhone 5c do atirador de San Bernardino, que estava bloqueado e a Apple nada pode fazer para quebrar a segurança do aparelho, reforçam a imagem de empresa preocupada com a privacidade do usuário.
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O iMessage também é apontado como um diferencial, embora seja por necessidade. Nos Estados Unidos, alguns usuários se sentem “reféns” do app, que é exclusivo para iPhone e, lá, muito popular. Migrar para o Android significa abdicar do app favorito para conversar de amigos e familiares. (Para ter uma ideia do impacto, imagine-se abrindo mão do WhatsApp.)
Em outras áreas, a vantagem é pequena, se não for nula. Qualidade de câmera, por exemplo. As do iPhone são ótimas, mas não estão mais sozinhas. Nos últimos anos, Samsung e Google (com seu celular próprio, o Pixel) subiram o nível da competição. Semana passada, a taiwanesa HTC lançou o U11, celular que, para o site especializado em fotografia móvel DxOMark, tem a melhor câmera da atualidade. O HTC U11 não está disponível no Brasil.
Facilidade de uso e velocidade também são tidos como pontos de vantagem históricos do iPhone, mas uma que diminuiu nos últimos anos graças ao trabalho do Google em melhorar o Android. O iPhone ainda é mais rápido, como apontam testes diversos a cada novo aparelho topo de linha lançado, mas não é como se os outros fossem muito mais lentos, pelo menos em termos práticos.
Critérios subjetivos
No fim, são critérios mais subjetivos e externos os determinantes para ganhar a preferência do usuário em 2017. Gazeta do Povo conversou com pessoas que recentemente trocaram celulares Android por um iPhone para saber se a decisão foi amparada em algum dos pontos elencados pela Apple em sua campanha.
Sergio de Oliveira, editor de conteúdo de Natal, Rio Grande do Norte, trocou seu Moto X Style, da Lenovo, por um iPhone 7 Plus no começo do ano. Segundo ele, o que pesou foi a confiança na marca: “[o iPhone] dura três, quatro anos sem dar problema e, quando dá problema, a assistência técnica funciona. Eles te dão um novo se for algo grave, você não fica sem aparelho,” disse.
Foi durante uma viagem ao Canadá que o estudante universitário Jean Prado, de Bauru, São Paulo, aproveitou para trocar seu Moto X 2 por um iPhone 7. Embora a compra tenha sido motivada pela oportunidade, Prado disse que “o iPhone é mais rápido que qualquer Android” e, no dia a dia, acabou se afeiçoando ao iOS, sistema exclusivo da Apple que roda no aparelho. O fato do celular se integrar bem com o MacBook, notebook da Apple que ele também usa, foi uma surpresa positiva.
Adriel Mattos, jornalista de Campo Grande-MS, teve seu primeiro contato com o iPhone alguns anos atrás, quando ganhou um sorteio na escola. Era um iPhone 5c que, posteriormente, foi roubado. Ele recorreu a um Android e, há seis meses, comprou um iPhone 6s. Para Mattos, “depois que se acostuma com o iOS, você não gosta mais do Android. Você usa o aparelho por vários anos e o sistema roda tranquilo, sempre tem atualizações. Isso não atrapalhava [no Android], mas incomodava.”
Já para o médico Augusto Avelar, de Curitiba, a qualidade da câmera, a fluidez do iOS e os preços de revenda, que não costumam cair para produtos da Apple, o levaram a decidir pela compra de um iPhone 7 em detrimento do Galaxy S7, da Samsung. Há dois meses com o aparelho e vindo de um Moto X 2, Avelar diz satisfeito e comenta que “a evolução foi relativamente grande.”
Design e lucratividade
Jan Dawson, analista e consultor de tecnologia para consumo, comentou ter sentido falta da ênfase em design na nova campanha da Apple. No passado, a empresa foi pioneira no uso de materiais mais nobres em celulares, como metal e vidro, e tinha um design claramente à frente dos rivais. Hoje, aparelhos como o recém-lançado Galaxy S8, da Samsung, parecem mais futuristas que o iPhone – que, aliás, repete o mesmo design desde o iPhone 6, de 2014.
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O iOS 10, o software exclusivo do iPhone, ainda é um diferencial relevante. O sistema está maduro e desde a oitava versão vem se abrindo para suprir lacunas que o tornavam mais “fechado” em comparação ao Android. Os apps, que costumavam trabalhar em silos, ou seja, isoladamente, hoje conversam com mais facilidade. Mas a qualidade e oferta deles, que já foi o grande ponto de venda do iPhone e motivou a famosa frase “tem um app para isso,” não são mais exclusividade da Apple. Há bons apps para Android, muitos deles originários do iOS.
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Apesar da distância entre iPhone e Android ter diminuído, e das fabricantes Android venderem, juntas, muito mais que a Apple, o iPhone continua sendo a galinha dos ovos de ouro da empresa e uma força lucrativa sem igual na história.
Em 2016, o celular trouxe, sozinho, 63% do faturamento da Apple, o que significa US$ 136 bilhões, e capturou 83,6% do lucro global dos smartphones – US$ 44,9 bilhões de um total de US$ 53,7 bi, segundo levantamento da Strategy Analytics.
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