Aplicativo e maquininhas da PagSeguro.| Foto: PagSeguro/Facebook

Na maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de uma empresa brasileira na Bolsa de Nova York (NYSE), o PagSeguro — sistema de pagamentos de compras que pertence ao UOL, do Grupo Folha — levantou pelo menos US$ 2,3 bilhões (R$ 7,4 bilhões) com a venda de seus papéis no mercado acionário americano.

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As ações foram cotadas a US$ 21,50 cada uma, acima da parte superior da faixa de preços estipulada no prospecto entregue à SEC (Securities and Exchange Commission, a Comissão de Valores Mobiliários americana), que era de US$ 20,50. O piso estava em US$ 17,50. Foi o maior IPO no mercado americano desde a oferta de ações do Snapchat. Em março do ano passado, a rede social de troca de imagens levantou US$ 3,4 bilhões.

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As ações da empresa operaram em alta ao longo do dia, subindo quase 36%. A demanda pelos papeis da brasileira foi quase dez vezes maior do que a quantidade de ações negociadas. A oferta envolveu 105,4 milhões de ações, sendo 50,9 milhões de novas ações e 54,5 milhões oferecidas pelo atual acionista, número superior ao previsto inicialmente. No fim do dia, as ações fecharam a US$ 29,20, uma alta de 35,8%. Com isso, o valor de mercado da PagSeguro chegou a cerca de US$ 9 bilhões. A sua principal concorrente no Brasil, a Cielo, vale cerca de US$ 3,6 bilhões.

“Eles têm o pedigree para atingir esse patamar de vendas. O setor de pagamentos no mercado de tecnologia é um bom setor para estar no momento”, diz David La Placa, diretor do Intellectus, grupo de análise financeira de San Francisco especializado em IPOs.

O dinheiro levantado pela PagSeguro, segundo a empresa, deve ser usado para realizar investimentos “em tecnologias ou em produtos que são complementares ao nosso negócio”.

O PagSeguro teve lucro líquido de R$ 290,2 milhões até setembro de 2017, alta de 225% em relação ao mesmo período de 2016. Para todo o ano de 2017, está estimado em até R$ 480 milhões, ante R$ 127,8 milhões de 2016.

Histórico

As ofertas iniciais de negócios brasileiros na Bolsa de Nova York voltaram com força expressiva no ano passado, quando várias empresas procuraram diversificar o risco provocado pela instabilidade política e econômica antes das eleições de 2018.

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Há 30 empresas brasileiras listadas na Bolsa de Nova York, das quais 26 emitiram ADRs (recibos de depósitos de ações). Existe a opção de lançar em dois mercados, no Brasil e nos EUA, como foi feito pela Cosan e pela Azul. Netshoes, Atento e Nexa (ex-Votorantim Metais Holding) optaram por lançar ações só nos Estados Unidos, assim como a PagSeguro.

A operação mais recente foi realizada em outubro de 2017 pela Nexa e levantou US$ 496 milhões. A Azul, que optou por listar ações em Nova York e na brasileira B3 em abril do ano passado, arrecadou US$ 645 milhões. O terceiro IPO de 2017 nos Estados Unidos foi da Netshoes, que levantou cerca de US$ 140 milhões.

No Brasil, o maior IPO recente foi da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, que movimentou R$ 5 bilhões no ano passado.