Começará a ser desenvolvido a partir desta segunda-feira (21) o projeto-piloto do primeiro satélite 100% feito pela indústria nacional. Com a assinatura do contrato para o projeto, em Florianópolis (SC), a unidade Embrapii Instituto Senai de Inovação e a empresa Visiona Tecnologia Espacial iniciarão o desenvolvimento de um programa orçado em R$ 7,8 milhões, dos quais R$ 2,6 milhões serão financiados sem reembolso pela Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).
A intenção é desenvolver um satélite de pequenas dimensões que atinja 600 km de altitude – nível considerado baixo – e tenha peso de 11 quilos. O objetivo é colocar o satélite em órbita a partir de 18 meses, após o desenvolvimento do segmento espacial e do sistema de terra – com estação para controle e rastreio do satélite –, e utilizá-lo para experiências a partir da coleta de dados e imagens.
Além de o país avançar na indústria espacial, entre as possibilidades estão o monitoramento da agricultura e da pecuária em locais afastados, o controle de frotas de ônibus escolares e até mapas de calor para definir a distribuição de unidades de ensino em determinado lugar.
De acordo com Pierre Mattei, diretor de inovação do Senai de Santa Catarina, com o projeto o país poderá avançar em seu nível de maturidade para as tecnologias que faltam ao Brasil. “É um projeto absolutamente estratégico, vai permitir geração de empregos e produtos de alto valor agregado, que vão gerar impostos”, afirmou.
O diretor-presidente da Embrapii, Jorge Almeida Guimarães disse que o satélite terá enorme importância para a agricultura de precisão e para as cidades inteligentes. “Muitos setores serão beneficiados com esse tipo de atividade. Esse projeto fazia muita falta, pois o Brasil precisa desenvolver seus próprios satélites.”
Outros satélites já foram feitos no Brasil
O satélite será o primeiro a ser desenvolvido pela indústria, mas outros do gênero já foram feitos no país . “Temos alguns 100% nacionais feitos por universidades, mas a indústria nunca lançou um satélite completo, feito totalmente pela indústria nacional”, afirma Mattei.
Um exemplo é o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), lançado em órbita há um ano. Apesar de ser o primeiro satélite integralmente controlado pelo governo brasileiro, ele não foi desenvolvido 100% pela indústria nacional. A empresa francesa Thales Alenia Space desenvolveu o projeto do satélite em parceria com a Visiona.
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A Visiona é uma joint venture da Telebras, empresa de economia mista do setor de telecomunicações, e da Embraer, uma das maiores indústrias de aviação do mundo.
Empecilho para o projeto: falta de foguete lançador
Um empecilho para definir a data exata do lançamento é o fato de o Brasil não dispor de um foguete lançador. “Vamos olhar no mundo quais foguetes serão lançados em 18 meses, verificar um disponível e aí o contratamos, a partir da altura e formato que desejamos”, afirmou Mattei.
A Embrapii está em seu quarto ano de operação e prevê ultrapassar nos próximos quatro meses o montante de R$ 1 bilhão aplicados em inovação. Em 2015, eram 10 as empresas beneficiadas e, hoje, são 340. “Passamos de 9 projetos para 470, e de R$ 10 milhões para R$ 740 milhões aplicados no período”, afirmou Guimarães.