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Por que seu Wi-Fi fica tão lento às vezes

 | Christiaan ColenFlickr
(Foto: Christiaan ColenFlickr)

Randall Munroe, criador da popular tirinha xkcd, é gente como a gente: ele luta para conseguir uma conexão à Internet estável. Em uma recente, Munroe explica a estranheza de, para conseguir velocidades mais rápidas às vezes, ter que desligar a conexão Wi-Fi do seu celular e mudar para os dados móveis da operadora móvel.

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Para alguns, isso pode soar contraintuitivo. Afinal, o Wi-Fi o conecta com sua Internet de banda larga fixa – que, imagina-se, é muito rápida. Então por que, vez ou outra, o Wi-Fi fica lento?

A tira (abaixo, em inglês) oferece uma ótima oportunidade para falar dos detalhes de uma tecnologia que todos damos para garantida – o Wi-Fi – e que políticas poderíamos implementar para melhorar as coisas.

Tudo se resume às ondas que transportam informações para o seu dispositivo eletrônico. Você pode pensar nessas ondas como faixas em uma rodovia. Hoje, você encontra duas pistas na maioria dos roteadores Wi-Fi domésticos. Em uma delas, as ondas operam a uma freqüência de 2,4 GHz; na outra, a 5 GHz. Os dados viajam do mundo exterior para sua casa e passam pelo roteador, momento em que ele é transmitido, sem fios e pelo ar, ao seu dispositivo através dessas faixas específicas.

Há algumas coisas importantes que podem diminuir a velocidade nas faixas, mesmo se você estiver relativamente perto do roteador. Uma é a interferência externa e a outra, congestionamento. A primeira é bastante controlada por reguladores, que testam dispositivos sem fio e impõem restrições para garantir que todos permaneçam na faixa correta – sejam roteadores Wi-Fi, celulares ou satélites.

A segunda é mais difícil, porque bilhões de pessoas estão constantemente conectando novos dispositivos sem fio e exigindo mais acesso às rodovias da informação. Pense em uma residência típica, onde, nos últimos anos, computadores de mesa ganharam a companhia de notebooks, celulares, tablets, relógios e termostatos inteligentes, pulseiras fitness, entre outras coisas. Há pouco tempo, muitos desses gadgets eram raridade; mesmo hoje, existe em média 1,5 dispositivo móvel para cada norte-americano de acordo com a Cisco, empresa especializada em soluções de conectividade. Até 2020, esse número deve dobrar: para cada americano, haverá três dispositivos móveis.

Muitos desses dispositivos estão, em um ponto ou outro, trafegando dados através de conexões Wi-Fi. Ano passado, dois terços de todas as informações baixadas e enviadas de dispositivos móveis foram via Wi-Fi. Até 2020, será 70%. À frente de grande parte desse crescimento futuro está a proliferação de aparelhos domésticos conectados e dispositivos inteligentes, também conhecidos como Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês).

Com todos esses dispositivos sem fio congestionando as faixas Wi-Fi, não é de se admirar que as coisas possam parecer um pouco mais lentas.

(O texto de Munroe sugere que a velocidade do seu Wi-Fi é culpa do seu provedor de Internet, mas, apenas para deixar claro, os gargalos entre o seu computador e o roteador Wi-Fi tem mais a ver com o que mais está consumindo a capacidade da rede local. Sua conexão real com o resto da Internet é outra coisa e pode realmente ter a ver com seu provedor, dependendo da situação.)

Soluções

Assim como a rodovia para carros, uma das soluções mais óbvias para uma “rodovia Wi-Fi” congestionada é ampliá-la – ou trocar totalmente de rodovia, o que você faz quando desliga a conexão Wi-Fi e passa a usar a conexão da operadora móvel.

A rodovia do da sua operadora móvel é como uma privada e pedagiada. Ao contrário do Wi-Fi, em planos de dados móveis você paga ao provedor um valor mensal pela capacidade de usar sua rede exclusiva. As ondas da sua operadora funcionam em diferentes frequências e, em alguns lugares, pode haver mais banda ociosa, o que acelera a conexão.

As operadoras de telefonia móvel atualizam suas redes para serem mais rápidas e abrangentes, construindo mais torres de celulares, melhorando os grandes tubos que transportam dados das torres para o resto da Internet e adicionando mais faixas de frequência a essa mistura, tudo isso a fim de ampliar a rodovia pedagiada.

Mas ninguém controla Wi-Fi. É um bem público – o que significa que alguém pode enviar e receber dados por ele, sem custo. É por isso que tantas startups e novos dispositivos começam a se comunicar com a Internet sobre essas ondas "não licenciadas". E é por isso que muitos defensores de políticas pedem aos reguladores federais para que designem mais partes do espectro para uso não licenciado.

Como parte de um leilão recentemente concluído de ondas de rádio, a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos, regulador máximo das telecomunicações do país, colocou um grande pedaço de espectro para Wi-Fi e outras aplicações não licenciadas. E o presidente da agência, Ajit Pai, disse a um comitê do Senado que espera explorar outras oportunidades na área.

"Se dermos a esses inventores sem licença amplas faixas de espectro – bandas de baixa, média e alta [frequência] –, não há como antecipar o tipo de inovações que eles poderão criar", disse Pai.

Em relação a se a Internet doméstica sempre é mais rápida que a Internet móvel: nem sempre, especialmente em locais onde a banda larga fixa é cara ou não tem concorrência. A Internet móvel também se tornou muito mais confiável desde que começou a funcionar e os Estados Unidos são conhecidos como líderes mundiais na tecnologia 4G LTE, uma realidade que também já se nota em outros países como o Brasil. Para não perder essa liderança, muitas operadoras como a AT&T e a Verizon já estão correndo para testar o 5G, a próxima geração de Internet móvel.

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