O Google confirmou um acordo em que absorverá parte da equipe responsável pelo desenvolvimento de smartphones da fabricante taiwanesa HTC. De acordo com o New York Times, a empresa, parte da holding Alphabet, pagou US$ 1,1 bilhão para trazer 2 mil funcionários (metade) e o rol de patentes da HTC a fim de potencializar sua divisão de hardware, encabeçada pelo Pixel, smartphone de 2016 que não foi lançado no Brasil.
Os laços entre Google e HTC são de longa data. A fabricante foi responsável pelo primeiro smartphone Android comercial, o HTC Dream (também conhecido como T-Mobile G1), lançado em 2008; foi a primeira parceira do Google no programa Nexus, em 2010, que trazia aparelhos de ponta com o Android “puro”; e, em 2016, fabricou o Pixel e o Pixel XL, os primeiros smartphones desenvolvidos e distribuídos diretamente pelo Google.
O negócio, objeto de rumores há alguns dias, reforça a aposta do Google em hardware. Em 2016, além da linha de smartphones Pixel, a empresa lançou a caixa de som inteligente Google Home e o Chromecast Ultra, capaz de reproduzir vídeos em resolução 4K, todos orbitando o Google Assistente, sistema de inteligência artificial da empresa.
O Google controla o Android usado na maioria dos smartphones usados no mundo — com exceção da China, onde variações locais são mais populares graças à ausência do Google no país. A empresa, porém, distribui o sistema para outras fabricantes, como Samsung, LG e a própria HTC, que desenvolvem e o integram a seus produtos.
O objetivo do Google ao lançar seu próprio smartphone é ter um controle maior sobre a experiência entregue ao consumidor final, uma aposta similar à da Apple, que controla o hardware e o software (iOS) da linha iPhone. No blog oficial do Google, Rick Osterloh, líder da divisão de hardware, repercutiu a notícia, dizendo que a empresa está “focada em desenvolver os recursos mais importantes ao mesmo tempo em que cria um portfólio de produtos que ofereça às pessoas uma experiência única e prazerosa, possível apenas ao juntar o melhor do software do Google — como o Google Assistente — com hardware projetado de maneira bem pensada”.
O acordo também concede acesso não exclusivo ao Google da propriedade intelectual da HTC.
Peter Shen, CFO da HTC, afirmou que a empresa continuará no mercado de smartphones e que, mesmo com a baixa, ainda conta com 2 mil funcionários, entre engenheiros e designers, trabalhando nesses produtos. Além da telefonia móvel, a HTC também aposta em realidade virtual. O Vive, um capacete de realidade virtual de alta qualidade para computadores, foi lançado em 2016 em parceria com a Valve, empresa norte-americana especializada em jogos digitais. A empresa, porém, amarga prejuízos sucessivos há anos.
A história se repete
Em 2011, o Google adquiriu a Motorola Mobility, incluindo o acervo de patentes relacionadas, por US$ 12,5 bilhões. Comandada por Osterloh na época, a Motorola sob as asas do Google lançou smartphones altamente personalizados, como o Moto X, e alguns sucessos de custo-benefício, caso do Moto G.
Embora bem recebidos pela crítica e pelo público, eles não conseguiram tirar a empresa do vermelho e, em 2014, a Motorola Mobility foi vendida para a chinesa Lenovo por US$ 2,9 bilhões, menos de 1/3 do valor originalmente pago.
Osterloh escreveu, naquele post, que está “animado para a linha de produtos de 2017, mas ainda mais inspirado pelo que estará nas lojas ao longo dos próximos cinco, 10, ou mesmo 20 anos”, o que sinaliza uma aposta de longo prazo na incipiente divisão de hardware do Google.
O Google deve anunciar a nova geração da linha de smartphones Pixel, uma versão menor do Google Home e um notebook híbrido em um evento marcado para dia 4 de outubro. De acordo com vazamentos, um dos smartphones será fabricado pela HTC.
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