A Nestlé e a Starbucks estão unindo forças para rejuvenescer seus impérios cafeeiros. A fabricante suíça do Nescafé pagará antecipadamente à Starbucks US$ 7,15 bilhões, em dinheiro, pelos direitos de vender produtos de café da Starbucks em supermercados, restaurantes e serviços de refeições, disseram as empresas nesta segunda-feira (7). A Nestlé usará a marca Starbucks em seus sistemas de cápsulas Nespresso e Dolce Gusto a partir de 2019.
A aliança ressalta os esforços da Nestlé para capturar mais consumidores de café nos Estados Unidos, onde a Nespresso e a Nescafé foram ultrapassadas pela JAB. A empresa de investimentos da bilionária família europeia Reimann gastou mais de US$ 30 bilhões para construir um império cafeeiro adquirindo ativos como a Keurig Green Mountain e a Peet’s.
“O acordo com a Starbucks permite à Nestlé manter a JAB à distância”, escreveu Jean-Philippe Bertschy, analista do Bank Vontobel, em nota. Ele acrescentou que o preço pode parecer caro, mas o investimento pode se pagar dentro de três a quatro anos. “Isso permite à Nestlé ganhar escala nos EUA, um ponto fraco até agora”.
As ações da Nestlé subiram até 0,8% no início do pregão de Zurique. No ano, as ações acumulam perdas de 9%.
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O acordo é o primeiro da Nestlé com um grande rival no café. A Nestlé espera que ele contribua positivamente para seus ganhos por ação e metas de crescimento orgânico a partir de 2019. O negócio tem vendas anuais de US$ 2 bilhões, cerca de 9% da receita total da Starbucks. A rede de cafeterias disse que usará os recursos para acelerar as recompras de ações, que, agora, deve trazer de volta cerca US$ 20 bilhões por meio de recompras e dividendos até o ano fiscal de 2020.
A Starbucks continuará a produzir os produtos de café na América do Norte, enquanto a Nestlé ficará responsável pela fabricação no resto do mundo. As vendas serão feitas pela Nestlé, que pagará royalties à Starbucks.
Cerca de 500 funcionários da Starbucks se juntarão à Nestlé e as operações continuarão a ser localizadas em Seattle. O acordo deverá ser fechado até o final de 2018.
A Starbucks disse que a Nestlé também obterá o direito de vender produtos de café embalados sob marcas como Seattle’s Best Coffee, Starbucks VIA e Torrefazione Italia. O acordo também inclui a marca de chá Teavana, embora exclua produtos prontos para beber e todas as vendas nas cafeterias da Starbucks.
“Com a Starbucks, Nescafé e Nespresso, reunimos três marcas icônicas no mundo do café”, disse Mark Schneider, presidente-executivo da Nestlé, em comunicado. O acordo é o maior da Nestlé desde que ele assumiu o comando da empresa no ano passado.
Schneider revogou a política da Nestlé de café torrado e moído, uma categoria que a empresa suíça começou a abandonar décadas atrás por considera-la um negócio de commodities com pouco valor agregado. A compra, em 2017, de uma participação na Blue Bottle Coffee por US$ 425 milhões foi um passo no sentido de retorno ao segmento, cujas perspectivas de crescimento se recuperaram à medida que os consumidores se tornam mais sofisticados em relação ao café.
Enquanto a Starbucks detém a coroa no mercado de café norte-americano de US$ 13,8 bilhões, a Nescafé e a Nespresso ocupam o primeiro lugar globalmente, segundo a Euromonitor. A Starbucks vem examinando cada uma de suas operações para otimizar sua atuação e focar naquelas que mais contribuem para as vendas e lucros, disse o diretor financeiro Scott Maw em uma teleconferência em janeiro.
A Nestlé adicionou a marca de nicho Chameleon Cold-Brew no ano passado para ampliar seu portfólio nos EUA. A Nespresso também apresentou uma máquina que está mais sintonizada com a preferência dos americanos por grandes copos de bebidas há vários anos.
Em novembro, a Starbucks concordou em vender a marca de chá Tazo à Unilever por US$ 384 milhões.
A Nestlé disse que seu programa de recompra de ações segue inalterado.