Não é de hoje que paranaenses criam marcas de sucesso. Um dos pioneiros foi Agostinho Ermelino de Leão Junior, criador do Matte Leão, em 1901. Nem todos os nomes populares, no entanto, tiveram a sorte de permanecer. Companhias como Bamerindus, Hermes Macedo (HM) e Prosdócimo, todas conhecidas do grande público, desapareceram antes da virada do milênio. Mas enquanto esses símbolos do empreendedorismo do Paraná morriam, outros nasciam nas mais variadas regiões do estado e conquistavam o país.
Hoje, as marcas paranaenses que caíram no gosto popular em todo o Brasil e até no exterior atuam em diversos setores. Por onde se anda é possível ver estampados logotipos do Positivo, O Boticário, Morena Rosa, Vapza e Madero, só para citar alguns nomes mais conhecidos da população.
A moda que veio do interior
Muitas das companhias com DNA paranaense de sucesso nacional se consolidaram depois da virada do milênio e em locais distantes da capital. É o caso de uma pequena confecção montada pelo empresário Marco Franzato, em 1993, com apenas quatro máquinas, na cidade de Cianorte (PR). Hoje, a Morena Rosa é um dos maiores grupos de moda do Brasil.
Com 1,3 mil colaboradores diretos e unidades fabris e escritórios em vários estados, a Morena Rosa produz dois milhões de peças por ano, comercializadas em mais de 6 mil multimarcas brasileiras, lojas próprias e franquias Clube Morena Rosa. O grupo detém ainda mais três marcas de sucesso: Maria.Valentina, Zinco e Leboh. E a expansão não para aí. Com presença em dez países, a companhia avança para conquistar o mundo.
“A Morena Rosa é um caso de empreendedorismo de necessidade, que veio ao encontro do perfil de nossa região. Se a pessoa tem uma ideia, tem que acreditar e apostar. O Brasil e o Paraná são muito bons para isso. O consumidor está mudando sempre, surgem novas formas de consumo. Isso abre espaço para novas ideias, novos projetos”, diz Lucas Franzato, filho do fundador e hoje vice-presidente e diretor de mercado do grupo. Amante do futebol. Lucas ainda consegue tempo para ser presidente do Cianorte Futebol Clube.
O chef que virou empresário
Outro caso da novíssima geração é o Madero. A história começou faz bem pouco tempo, em 2005, com o chef Junior Durski, nascido em Ponta Grossa. Ele abriu seu primeiro restaurante, especializado em comida polonesa, no centro histórico de Curitiba. O negócio não foi bem, mas o chef insistiu e abriu o primeiro Madero – um steakhouse ao estilo americano. Era o início de um empreendimento de sucesso.
Depois de viajar para os Estados Unidos, Durski criou o slogan “The Best Burger in The World” ou “O Melhor Hambúrguer do Mundo”. E passou a fazer de tudo para entregar o que prometia. Pouco mais de dez anos depois da iniciativa, os números empolgam. Hoje são mais de 100 restaurantes Madero no país e um time de mais de 4 mil colaboradores.
“Um dos segredos é a qualidade. Elevamos a qualidade acima do que existia. A combinação de qualidade mais alta com produto mais saudável fez com que conquistássemos as pessoas”, conta Junior Durski. Outro ponto decisivo, segundo o chef, é trabalhar muito. “É suor na testa. Trabalhar muito, claro que só trabalhar não adianta, tem outros ingredientes, mas sem trabalho não vai pra frente.”
Tudo começou com uma batata
Não poderia ficar de fora desse grupo de novíssimas uma empresa inovadora de Castro, nos Campos Gerais. Foi lá que um grupo de empreendedores fez nascer a Vapza. O primeiro produto da fábrica, a Batata Vapza, foi lançado em 1996 e rapidamente conquistou consumidores. Em seguida vieram o Feijão Vapza e a Canjica Vapza, dois cases de grande sucesso. Atualmente, são muitos os produtos embalados a vácuo da marca – Carne Seca, Frango Desfiado, Mandioca e também vegetais orgânicos.
“O principal é ter um produto de qualidade e foco no que o mercado está pedindo”, ressalva Enrico Milani, diretor-executivo da Vapza.
Um sinal de positivo
Outras marcas paranaenses de sucesso foram contemporâneas das irmãs que desapareceram. O Positivo está nesse time. Neste ano, o grupo completou 45 anos de uma história pra lá de triunfante. Tudo começou em 1972, com um grupo de professores que decidiu construir uma nova oportunidade para a educação em Curitiba.
O nome do Positivo foi criado e sugerido pelo professor de Biologia Samuel Ramos Lago: ao propor o nome, ele apontou com o seu dedo o sinal “positivo” para a criação da marca.
Rapidamente a proposta de ensino pegou e em 1991 já eram 200 mil alunos estudando em escolas próprias e conveniadas espalhadas pelo Brasil. A partir daí o salto foi maior ainda. Logo vieram a Positivo Informática (hoje Positivo Tecnologia), a Gráfica Positivo, a Universidade Positivo e Editora Positivo.
“Os desafios são distintos para as diferentes divisões da empresa hoje. No Ensino Superior, o desafio passa pela expansão do ensino a distância e pelo crescimento via aquisições de novas unidades. No Ensino Básico, a ampliação da nossa atuação se dará principalmente por meio de novas aquisições, ainda que projetos orgânicos não estejam descartados. A Editora Positivo tem como principal desafio manter a liderança do Sistema Positivo de Ensino (SPE). Já a Positivo Tecnologia continua focada na operação eficiente de fabricação e venda de computadores e celulares em larga escala, sem deixar de vislumbrar como oportunidade em áreas como a internet das coisas, big data e inteligência artificial”, resume Lucas Guimarães, vice-presidente do Grupo Positivo.
Fragrância para todo o país
Se no século passado a marca Hermes Macedo era um símbolo no comércio de ruas de inúmeras cidades, hoje O Boticário – em que pese ser de um ramo totalmente diferente da antiga HM – está presente não só nas ruas, mas em shoppings e outros centros comerciais país afora. A marca apareceu entre as mais lembradas dos brasileiros em pesquisa do Datafolha, realizada no ano passado. Também não era para menos.
O Boticário foi fundado pelo bioquímico Miguel Krigsner em 1977 como uma farmácia de manipulação no centro de Curitiba. Nos quarenta anos seguintes não parou de crescer. Hoje tem cerca de 4 mil unidades espalhadas pelo Brasil e é considerada a maior rede de franquias nacional em número de unidades pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
As marcas do grupo também crescem, com o lançamento da Eudora, Quem Disse Berenisse e The Beauty Box. Das suas indústrias saem 300 milhões de produtos a cada ano, comprados por brasileiros e consumidores de mais uma dezena de países.