Após a aprovação do plano de recuperação judicial da Oi, o presidente da operadora, Eurico Teles, afirmou nesta quarta-feira (20) que a companhia "está pronta para qualquer um que queira comprar ela". A empresa tem recebido manifestação de interesses de possíveis compradores, incluindo chineses, mas até agora não houve propostas formais.
"É uma companhia que tem abrangência, que tem capilaridade como poucas", disse ele, em entrevista após a assembleia de credores que aprovou o plano de recuperação depois de 18 meses de negociações e embates entre acionistas e credores. A Oi é a maior concessionária de telefonia do país e tem cerca de 63 milhões de clientes em telefonia fixa e móvel, banda larga e TV por assinatura.
O interesse de dois dos maiores grupos de telecomunicações do mundo – a China Telecom e a China Mobile – em comprar parte da Oi começou a ser noticiado no segundo semestre deste ano. A China Telecom foi a companhia que chegou mais perto de fazer uma proposta formal, mas recuou diante da dificuldade de a operadora resolver sua crise com acionistas, credores e o próprio governo.
A China Telecom estaria disposta a investir de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões na Oi em troca de até 70% da operadora. Mas, segundo noticiou o Estadão, eles desistiram de fazer uma proposta formal e preferiram esperar o desfecho do plano de reestruturação da empresa. Os chineses também teriam condicionado o investimento a uma mudança na Lei Geral des Telecomunicações, que prevê que as operadoras de telefonia fixa podem mudar do regime de concessão para autorização, com liberdade de preços e sem a obrigação de universalização dos serviços. O projeto está parado no Senado.
Entenda o caso
Maior empresa de telefonia do país, a Oi pediu recuperação judicial em junho de 2016, com uma dívida de cerca de R$ 64 bilhões. O plano aprovado na madrugada desta quarta reduz a dívida financeira para R$ 23,9 bilhões e garante um aporte de R$ 4 bilhões, em troca de participação acionária para os maiores credores.
Teve grande apoio dos detentores de títulos internacionais, mas desagradou acionistas minoritários, incluindo a holding Pharol e o empresário Nelson Tanure, os maiores deles, pela diluição de suas fatias. Tanure chegou a tentar barrar a assembleia na Justiça, mas foi derrotado em primeira e segunda instância.
O plano também foi rejeitado pela AGU (Advocacia Geral da União) e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), por propor o parcelamento de dívidas públicas, o que não tem amparo legal, segundo eles.
Teles disse que não espera reviravoltas judiciais após a aprovação, diante da expressiva votação a favor do plano. "É unanimidade que o plano é bom", argumentou.
O plano prevê a instalação de um conselho de administração de transição, que terá três representantes dos credores, dois da Pharol e dois do fundo Société Mondiale, ligado à Tanure, além de três conselheiros independentes.
Teles permanecerá no cargo por um ano, até que a operação seja concluída e diz acreditar que a operação de capitalização da companhia seja realizada antes desse prazo.