| Foto: Rodrigo Ghedin/Gazeta do Povo

A Qualcomm e a USI, subsidiária da coreana ASE, anunciaram uma joint venture para construir uma fábrica de chips no Brasil voltada para dispositivos de internet das coisas (IoT). A previsão é investir US$ 200 milhões (R$ 647 milhões, na cotação atual) nos próximos cinco anos para erguer o empreendimento, na região de Campinas (SP).

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O acordo foi assinado nesta segunda-feira (5), no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Em março do ano passado, as duas empresas já haviam assinado um memorando de entendimento para a construção da unidade no país. Nesta segunda, elas fecharam o acordo e anunciaram a criação da join venture para dar início ao projeto.

Produto inédito no mundo

O produto que será fabricado, ainda novo no mundo, condensa em um pequeno chip a tecnologia que hoje requer uma placa de maior porte para rodar. A ideia é que, com um dispositivo muito menor, ele seja mais facilmente adaptado a diferentes aparelhos, afirma o presidente global da Qualcomm, Cristiano Amon.

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“Em vez de ter uma placa com 400 componentes, coloca tudo dentro de um módulo que cumpre todas as funções. Uma vantagem é simplificar o processo de desenho e fabricação dos aparelhos, que podem ser mais finos ou dar mais espaço para a bateria, por exemplo. Além disso, reduz o tempo para levar o produto à comercialização, por ser manos complexo.”

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O executivo completou: “Pegamos uma tecnologia que não existe no mundo, em vez de copiar algo da Ásia. O Brasil pode ser um polo de exportação de tecnologia”, disse Steinhauser. Em uma perspectiva otimista, a produção deve começar em 2020, segundo o presidente global da USI, CY Wei.

Entraves

O projeto, porém, pode ter alguns entraves, como alterações na Lei de Informática e a falta de mão de obra especializada no país. As duas fabricantes, porém, demonstram otimismos e dizem que os obstáculos serão superados.

O presidente da Qualcomm na América Latina, Rafael Steinhauser, afirma que o projeto, que terá apoio fiscal do governo federal e do Estado de São Paulo, não deverá ser afetado pela condenação da Lei da Informática, considerada ilegal pela Organização Mundial do Comércio (OMC). “Não acredito que vai acabar a Lei da Informática, o que a OMC pediu foi uma adaptação. O que nos atinge, acredito que não vai mudar”, disse o executivo.

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E, para reverter a escassez de trabalhadores especializados, a ideia é levar parte dos engenheiros brasileiros para um treinamento em fábricas estrangeiras, além de trazer técnicos de fora. As empresas também preveem a construção de um centro de tecnologia em parceria com alguma universidade, que futuramente poderá apoiar prefeituras a implementar soluções de internet das coisas às cidades.

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