Byoung Gyu Yu, presidente do Instituto Coreano de Economia Industrial e Comércio – KIET (Coréia do Sul).| Foto: Cesar Ogata

Inteligência artificial, computação de alta performance, robótica e simulações virtuais são alguns avanços tecnológicos que mudarão os rumos da indústria nos próximos anos. E o Brasil é um dos poucos países da América do Sul que pode ter destaque nessa revolução.

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Do mesmo modo que ocorreu com a Revolução Industrial, no século 18, a indústria passa por um processo de modernização que está revolucionando o modo de produção das fábricas e reformulando o mercado mundial. No passado, a revolução foi marcada pela mecanização das linhas de produção, que até então se baseava na manufatura. Hoje, digitalização e incorporação do mundo virtual nos processos industriais levam a melhorarias do aproveitamento, aumentam os rendimentos e maximizam a lucratividade das companhias.

“Agora entramos na Indústria 4.0, em que os computadores e a automação se unirão de uma maneira totalmente nova”, explica Bernard Marr, consultor e palestrante especializado em negócios, tecnologia e dados, em análise publicada pela Forbes.

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“A Indústria 4.0 apresenta o que é chamado de ‘fábrica inteligente’, na qual os sistemas ciberfísicos monitoram os processos físicos da fábrica e tomam decisões descentralizadas. Os sistemas físicos formam a Internet de Coisas, comunicando-se e cooperando entre si e com humanos em tempo real através de uma rede sem fio.”

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Velocidade das mudanças

A chamada indústria 4.0 incorpora os aspectos da revolução industrial, com mudanças no processo de produção industrial que revolucionam o mercado e o consumo. A diferença está na velocidade das mudanças e inovações tecnológicas.

“A velocidade dos avanços atuais não tem precedentes históricos”, explica Klaus Schaub, fundador do World Economic Forum. “Está acontecendo em quase todas as indústrias em todos os países. E a amplitude e a profundidade dessas mudanças anunciam a transformação de sistemas inteiros de produção, gerenciamento e governança.”

Inovações como impressão 3D, robôs integrados na manufatura e processamento de grandes quantidades de dados em tempo real já fazem parte da realidade das indústrias e são a promessa para os próximos passos do setor.

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“A quarta revolução industrial pode ajudar as indústrias em setores de alta tecnologia e áreas competitivas, como a fabricação de automóveis e aviões de passageiros, aumentando o valor agregado por unidade através de redução de custos em toda a cadeia de valor”, afirma Byoung Gyu Yu, presidente do Instituto Coreano de Economia Industrial e Comércio – KIET (Coréia do Sul).

“É de particular importância que o governo impulsione mudanças drásticas nos currículos educacionais e reciclagem industrial para produzir uma força de trabalho melhor equipada para realizar o trabalho de conhecimento do futuro.”

Byoung Gyu Yu, presidente do KIET (Coréia do Sul)

Características brasileiras trazem vantagens competitivas

Essa nova revolução industrial foi tema do 1º Congresso Brasileiro de Indústria 4.0, realizado nos dias 05 e 06 de Dezembro, em São Paulo, em uma iniciativa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP). Em visita ao país para o evento, o presidente do KIET (Coréia do Sul), Byoung Gyu Yu, destacou o potencial do Brasil nesse mercado.

“O Brasil é considerado um dos poucos países da América do Sul que poderiam se beneficiar da indústria 4.0, já tendo cumprido os pré-requisitos de industrialização, podendo estar em posição de obter ganhos reais de novas tecnologias”, diz Yu em entrevista à Gazeta do Povo.

Segundo Yu, características específicas do país trazem vantagens competitivas nesta nova fase da indústria: com 31% de terras cultiváveis, inovações como fazendas inteligentes e cidades inteligentes podem explorar esse potencial para uma expansão contínua da economia brasileira.

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As maiores possibilidades de inovação estão no agronegócio, setor responsável por 48% das exportações totais do país e 23% do PIB (Produto Interno Bruto). Tecnologias 4.0 que garantem a automação e a digitalização de processos da agropecuária podem garantir ganhos de eficiência e aumentar a competitividade internacional dos produtos agrícolas brasileiros.

“Para transformar a área agrícola existente em fazendas inteligentes, é necessário que os atores da indústria adotem tecnologias de agricultura de precisão, tecnologias de informação e comunicação convergentes, automação e tecnologias relacionadas para melhor aproveitar suas terras, aumentar os rendimentos e aumentar a lucratividade”, explica.

Incentivo à inovação

Para garantir o destaque do mercado brasileiro na indústria 4.0, são necessárias políticas públicas de incentivo à inovação. De acordo com Yu, o desenvolvimento contínuo da indústria 4.0 no Brasil será facilitada com a implementação de medidas que reforcem os pontos fortes do mercado nacional.

“Para melhor perceber os benefícios sociais, culturais e econômicos da Quarta Revolução Industrial, é importante que o governo evite tentativas imoderadas de engenharia social ou de mercado através de iniciativas políticas e, em vez disso, se concentre em criar incentivos para que os cidadãos participem ativamente de novos esquemas revolucionários”, aponta. 

Nas organizações, as mudanças para se alinhar ao novo contexto devem começar pela capacitação de mão de obra especializada. “É necessário construir uma infraestrutura digital através da qual essas tecnologias possam ser amplamente manipuladas, e que inclui o treinamento ou reciclagem dos recursos humanos — os trabalhadores — necessários para aproveitar essas tecnologias”, destaca Yu.

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