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Ralph Macchio e William Zabka estão de volta. | YouTube/Reprodução
Ralph Macchio e William Zabka estão de volta.| Foto: YouTube/Reprodução

O YouTube tem uma versão paga chamada YouTube Red. Além de recursos que enriquecem a experiência de uso do app, ela também oferece séries originais exclusivas, nos moldes da Netflix e do Amazon Prime Video. Cobra Kai é a primeira que colocou o serviço em evidência — e pode apontar um novo direcionamento para a versão paga do YouTube.

A série é composta por dez episódios de cerca de 30 minutos cada e marca o retorno dos protagonistas do filme Karate Kid, de 1984. Ralph Macchio e William Zabka interpretam Daniel Larusso e Johnny Lawrence, mais de 30 anos após os eventos do filme original.

Cobra Kai teve uma recepção bastante positiva. No Rotten Tomatoes, um site em que os espectadores avaliam filmes e séries, ele está com nota máxima. No Metacritic, que compila críticas profissionais, a nota da série é 72 de 100 — Stranger Things, outro arrasa-quarteirão carregado de nostalgia, tem nota 76. Macchio e Zabka têm aparecido com frequência em programas matinais norte-americanos para falar e promover a série. No YouTube, o primeiro episódio de Cobra Kai, que é gratuito (veja no final da matéria), já contabiliza 26 milhões de visualizações.

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O grande acerto da série é o respeito ao legado da trilogia original e o bom trabalho que faz ao dar continuidade àquela história em 2018. Os novos personagens são carismáticos, as referências a eventos dos filmes aparecem na medida e nos tons certos e há cenas bem humoradas, por vezes anacrônicas, que equilibram a carga por vezes pesada, como quando ela trata de bullying ou de dilemas familiares. Alguns elementos icônicos dos filmes são postos à prova, como a legalidade do famoso golpe derradeiro desferido por Larusso contra Johnny no final do primeiro filme, mas de uma maneira respeitosa e, ao mesmo tempo, interessante.

É um entretenimento leve, que atrai um público que não se identifica com o que o YouTube Red oferecia até então — basicamente, séries melhor produzidas de estrelas que despontaram no próprio YouTube.

Ao anunciar a primeira leva de originais do Red, na reformulação do serviço promovida no final de 2015, o Google disse que “queria dar a eles [youtubers] uma oportunidade de materializarem suas ambições criativas de longa data no desenvolvimento de novos conteúdos para o YouTube”. Mesmo com algumas estrelas atraindo legiões de milhões de fãs, o impacto no público em geral não parece ter sido dos maiores.

O Google não revela quantos assinantes o YouTube Red tem, mas é perceptível como nenhuma série exclusiva dele, até então, havia se tornado popular em igual medida às várias da Netflix — Stranger Things, House of Cards e 13 Reasons Why, para citar algumas — e até mesmo do Hulu — que tem o fenômeno The Handmaid’s Tale.

Pesa ainda mais o fato de que o Google teve que brigar contra esses pesos-pesados do streaming para garantir Cobra Kai no YouTube Red. Netflix, Hulu e a rede AMC estavam na disputa pela série. O sucesso se pagar é um importante sinal para futuros investimentos e no que o YouTube Red deve oferecer para ganhar tração frente aos outros players mais estabelecidos.

Cobra Kai também se revela uma franquia menos imprevisível frente a problemas inesperados com as “pratas da casa” do YouTube. PewDiePie, o youtuber com o maior número de seguidores do mundo, teve a sua série exclusiva no YouTube Red cancelada, antes mesmo de ir ao ar, após publicar vídeos com piadas antissemitas no começo de 2017. Logan Paul, outro astro nascido no YouTube, chegou a lançar uma série no Red, chamada The Thinning. No final de 2017, o YouTube rompeu todos os acordos comerciais que mantinha com Paul após ele divulgar um vídeo em que filma uma pessoa morta em uma floresta, famosa no Japão, por atrair suicidas.

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A grande vantagem dos youtubers é que o custo é menor que o de ganhar disputas acirradas contra a Netflix por séries com astros consagrados. E, dada a indisposição do Google em abrir seu caixa para esse fim, Cobra Kai corre o risco de ser uma exceção, e não um indicador do futuro do YouTube Red. Em fevereiro, fontes do YouTube que não quiseram se identificar disseram à Bloomberg que o Google pretende investir “poucas centenas de milhões [de dólares]” em séries e filmes originais.

Parece bastante, mas é um valor relativamente tímido perto do que os rivais estão investindo. A Netflix gastará US$ 8 bilhões em produções exclusivas somente em 2018. A Amazon gastou, em 2017, US$ 4,5 bilhões com vídeos. Até a Apple, que ainda não entrou nesse mercado para valer, mas deve fazê-lo em breve com a adaptação do livro Fundação, de Isaac Asimov, pretende gastar US$ 1 bilhão nessa área ao longo do ano — a mesma quantia planejada pelo Facebook em sua iniciativa Watch.

Benefícios do YouTube Red

YouTube Red: indisponível no Brasil.YouTube/Reprodução

O YouTube Red está disponível apenas em quatro países: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul. Nos EUA, o custo da mensalidade é de US$ 9,99 — o mesmo que a Netflix cobra pelo seu plano intermediário, com qualidade em alta definição e até duas sessões simultâneas.

Além do acesso irrestrito às séries originais/exclusivas, o assinante do Red não vê mais anúncios no site e nos vídeos, pode baixar músicas para ouvir offline e ganha o direito de ouvir vídeos em segundo plano. (Faça o teste: se você abrir um vídeo no app do YouTube e alternar para outro app, o vídeo é pausado.) De brinde, ele também ganha uma assinatura do Google Play Music, um equivalente ao Spotify do próprio Google.

A série Cobra Kai também está disponível em outros países — inclusive no Brasil — e para quem não é assinante do YouTube Red. Os dois primeiros episódios são gratuitos e os sete últimos podem ser “alugados”, ao custo de R$ 3,50 por episódio.

A segunda temporada de Cobra Kai já foi confirmada pelo Google e deve ser lançada em 2019. Veja, abaixo, o primeiro episódio da série (em inglês, com legendas em português do Brasil):

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