Estante Virtual tem 16 milhões de livros em seu acervo.| Foto: Fernando Souza/Reprodução/Facebook

Desde quando foi fundada em 2005, a Estante Virtual enfrenta um dos seus maiores desafios. A empresa foi pioneira ao lançar no mercado uma plataforma para que sebos de todos o país pudessem expor e vender os seus livros usados pela internet. A iniciativa, chamada de marketplace de nicho, deu sobrevida ao tradicionais livreiros e até pouco tempo reinava sozinha, com acervo de 16 milhões de livros e 2,6 mil estabelecimentos cadastrados. 

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Só que o cenário mudou. A Livraria Cultura, que foi a primeira empresa brasileira a lançar um e-commerce no país no ano de 1995, anunciou no mês passado a entrada no segmento de livros usados através do Sebinho, uma seção em seu site que comercializa obras seminovas com descontos que variam de 30% a 80%.  

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Por enquanto, somente quem é cliente do programa de fidelidade da Cultura pode vender pelo site, mas em breve será liberado o cadastro para sebos. O e-commerce da Cultura é o 22º maior do Brasil em termos de faturamento e, dentro do setor de livros, está somente atrás da Saraiva.  

Além da Livraria Cultura, a Estante Virtual enfrenta a concorrência da Amazon. A gigante mundial do comércio eletrônico também anunciou a sua entrada no segmento de marketplace de livros usados no Brasil em abril deste ano. O lançamento acrescentou 100 mil obras em português ao catálogo da companhia, que chegou a mais de 13 milhões de livros impressos, entre novos, seminovos e usados. A Amazon permite que tanto pessoas físicas quanto jurídicas anunciem em seu site.  

Competição benéfica

O CEO da Estante Virtual, Richard Svartman, afirma que, apesar dos novos nomes de peso na área de atuação da empresa, a competição é sadia para o mercado. “Quanto mais gente vendendo livros usados, mais vamos incorporar a cultura do reuso no dia a dia das pessoas, mais vamos empoderar os livreiros e mais vamos incentivar a leitura.”  

Ele também diz que a Estante Virtual se diferencia dos concorrentes por ter o maior acervo de livros usados do país. A empresa conta com 16 milhões de obras (algumas livros novos de ponta de estoque), 2.620 vendedores diferentes, quatro milhões de clientes cadastrados e três milhões de livros vendidos em 2016, o que representou um crescimento de 20% na receita da companhia.  

Pioneirismo

Tudo isso conseguido graças ao pioneirismo. Em 2005, André Garcia lançou o site da Estante Virtual, após constatar que poucos sebos na época possuíam um catálogo de livros e quase nenhum tinha um site com informações sobre as obras disponíveis. Ele e mais dois amigos desenvolveram a plataforma e bateram na porta de vários sebos para ajudar a catalogar os livros e colocá-los para vender na internet. Quando o site entrou no ar, com cerca de 20 sebos cadastrados e não mais de 10 mil itens, somente o Mercado Livre atuava como um marketplace - site que permite a venda de objetos por terceiros, mas não era focado no segmento de livros.  

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“A Estante Virtual permite que livreiros tenham acesso a vender pela internet, porque mesmo que eles montassem um e-commerce próprio, eles não conseguiriam ter a presença digital que nós temos”, explica Svartman. “Muitos já teriam fechado a porta se não fosse a Estante Virtual”, completa o CEO.  

Mudanças

Mas ser pioneira apenas não basta, principalmente quando concorrentes como Amazon e Livraria Cultura entram no mesmo nicho de mercado. Richard Svartman conta que a Estante Virtual já vem há cerca de um ano e meio - quando ele assumiu a direção da empresa e o fundador André Garcia ficou no conselho - preparando algumas mudanças em sua plataforma e visão de negócio para continuar competitiva no mercado.  

Além de começar a aceitar a venda de livros novos adquiridos em ponta de estoque, a empresa foca no empoderamento dos vendedores. “Percebemos que sem os livreiros somos uma estante vazia”, diz Svartman. A empresa melhorou o atendimento aos sebos parceiros e está desenvolvendo uma ferramento de inteligência de preço e estudando a possibilidade de pessoas físicas venderem livros para os sebos dentro da plataforma da Estante Virtual.  

A empresa também fez algumas melhorias no site, em especial na tecnologia de busca para que os usuários tenham acesso a uma ferramenta mais assertiva. Outras mudanças aconteceram no layout do site e na logo da marca.  

Tudo isso, afirma Svartman, para melhorar a Estante Virtual. Mas o que vai garantir mesmo a sustentabilidade do negócio ao longo prazo, completa, é a difusão da leitura e da cultura do reuso. “Por isso, não há como não dar boas-vindas aos novos concorrentes, que vão nos ajudar nessa missão.”

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