XBR-A1E, uma das novidades da Sony para o mercado brasileiro, ainda sem preço| Foto: SonyDivulgação

Depois de os executivos da Sony terem até frequentado o "churrasco na laje" para que pudessem conhecer hábitos de consumo da classe C e desenvolver eletrônicos populares, a companhia japonesa mudou de estratégia: voltou-se para itens mais sofisticados.

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"Até 2014, sofremos muito com essa estratégia mundial focada na produção de eletrônicos de menor valor com grande escala de produção. No Brasil não foi diferente", disse, nesta quinta-feira, 8, Hiroki Chino, presidente da Sony no país, ao mostrar as novas linhas de produto.

Entre as estrelas deste ano, está uma TV de 100 polegadas, 4K, com imagem oito vezes melhor do que obtida num televisor de alta definição. Fabricada sob encomenda e importada do Japão, a TV custa R$ 349,9 mil. Esse era um modelo top de linha, mas a companhia também apresentou TVs bem mais acessíveis.

Outro destaque é a XBR-A1E, de 65 polegadas e ainda sem preço sugerido para o mercado brasileiro, que tem como destaque o sistema “Acoustic Surface”, que dá a impressão de que o som sai diretamente da tela. O traço comum entre os novos aparelhos é a tela grande e a conectividade à internet.

Retorno à tradição

Dois anos e meio à frente da companhia no país e há 33 na corporação, Chino veio implantar a nova estratégia que, na prática, é um retorno à tradição, já que a marca sempre foi sinônimo de sofisticação. Ele contou que no fim de 2014 houve um grande encalhe de itens populares no mundo. "O Brasil sofreu da mesma maneira, pois era o início da recessão."

A mudança de foco do negócio, isto é, a fabricação de um menor volume de produtos mais caros destinados aos mais ricos e menos suscetíveis à crise, teve reflexos diretos nas linhas de produção da fábrica em Manaus (AM). O presidente contou que, em 2010, no auge do consumo popular, Manaus tinha mais de mil empregados. Hoje são cerca de 700, dependendo da época do ano.

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Com essa reviravolta, o carro-chefe de vendas da empresa em TV também mudou. Em 2010, o aparelho de 32 polegadas, que custava R$ 1.685, respondia por 57% da receita. Hoje essa fatia é da TV de 55 polegadas, que sai por R$ 5.600.

"Para a classe A não tem crise", disse o diretor da consultoria IT Data, Ivair Rodrigues. Segundo ele, a decisão da Sony de não brigar de frente com as coreanas (LG e Samsung) e TVs básicas foi acertada.

Desde 2015, o mercado está caindo e o volume de vendas da marca no país vem crescendo a duplo dígito, observou Chino, que afirmou que a projeção é dobrar a receita no país neste ano. No mundo, a Sony projeta lucro 500 bilhões de ienes (US$ 4,6 bilhões), o que deve fazer a empresa voltar ao recorde registrado há 20 anos.