Comece a reparar: em um dia, quantos panfletos de ofertas e divulgação de serviços você recebe ao andar pelas ruas ou parado no semáforo? Às vezes eles se acumulam dentro dos carros, na bolsa, no lixo ou, pior, são jogados no chão e viram sujeira. Com isso em vista, empresas têm investido em levar para o meio digital seus panfletos. Alguns aplicativos já prestam este serviço, como o AondeConvem e o HitGo, que trazem mais eficiência para a divulgação das marcas e também mais comodidade para o o consumidor final.
O AondeConvem surgiu em 2010, na Itália, e chegou ao Brasil em 2013. Foram três anos construindo a base de usuários e em agosto de 2016 o aplicativo e o site começaram a funcionar. Neles, o usuário encontra panfletos digitais de grandes marcas, varejistas e serviços disponíveis de acordo com sua localização. Em pouco mais de um ano de funcionamento, o app já possui 10 milhões de usuários e 300 mil pontos credenciados no Brasil e também está presente em países como Itália, de onde veio, Estados Unidos, Espanha e México, com mais de 50 milhões de usuários espalhados pelo mundo. Os estabelecimentos, marcas e prestadores de serviço credenciados pagam à plataforma apenas quando seus panfletos são visualizados.
Segundo Clineu Junior, presidente do AondeConvem no Brasil, a ideia dos fundadores (os italianos Alessandro Palmieri e Stefano Portu) se baseou na utilidade do mobile para o consumidor final. “Somos uma plataforma gratuita para o usuário, que o ajude a economizar dinheiro e, principalmente, tempo”, diz. “Para os lojistas, também representa economia com impressão de panfletos e potencialmente maior conversão de compras, porque quando o consumidor usa nosso aplicativo, geralmente ele já está perto do estabelecimento físico e pode já tomar a decisão da compra”, completa Junior.
O HitGo opera de forma semelhante. Desenvolvido pela empresa curitibana Plug Apps, o aplicativo surgiu à princípio como um Snapchat de ofertas: os preços especiais ficavam disponíveis por apenas 24h, como é no aplicativo de fotos e vídeos. Após este período, o conteúdo era apagado. “Percebemos que era uma tentativa um pouco vanguardista, que as pessoas ainda não compreendiam bem o processo. Então resolvemos retirar este serviço e focar apenas nos catálogos e panfletos digitais”, conta o criador do app, Oziel Figueiredo.
O aplicativo está em funcionamento, mas passa por adaptações e deve, em 90 dias, estar aberto para novas parcerias. Por enquanto, o HitGo está disponível em Curitiba, mas nos planos para 2018 está a expansão a princípio para São Paulo, seguida de outras capitais e também destinos internacionais, como Miami. Segundo Figueiredo, o foco é especialmente em shoppings center, redes de farmácia, supermercados e postos de gasolina. “O HitGo abrevia o trabalho do consumidor. Antes mesmo de sair de casa, ele pode acessar as lojas do shopping que vai visitar e já ver o que gostaria de comprar”, aponta Figueiredo.
O HitGo oferece aos lojistas 6 meses de assinatura gratuita. Após este período, ele passa a pagar um plano de assinatura mensal. Segundo Figueiredo, os valores ainda estão sendo definidos.
Os dois aplicativos são gratuitos para os consumidores e estão disponíveis para os sistemas iOS e Android. O AondeConvem também funciona em Windows Phone.
Consumidores engajados
“Com o panfleto digital, temos a otimização de toda uma cadeia. Para o consumidor é um serviço de conveniência e para o anunciante é uma forma de ganhar mais visibilidade e ainda ter economia na impressão deste tipo de material”, afirma Clineu Junior. De acordo com o presidente da AondeConvem, como o consumidor age de forma ativa na busca pelo panfleto no aplicativo, a chance de conversão de compra é maior. “Não estamos falando de uma publicidade que interrompe a programação da televisão, o feed de notícias, mas de um engajamento em que o usuário interage proativamente com o estabelecimento ou marca. Logo, para o anunciante, a qualidade deste comprador é mais interessante”, reforça.
Oziel Figueiredo destaca também uma outra situação, recorrente em shoppings centers. Muitas lojas não possuem canais virtuais próprios e a divulgação de promoções e ofertas específicas não é feita pelos shoppings. “Se fossem imprimir, ainda precisariam pensar na distribuição, que é mais um custo. É mais uma oportunidade desses lojistas de promoverem seus produtos de forma eficaz e com custos menores. O usuário acessa o shopping que deseja e vê todos os panfletos das lojas disponíveis”, afirma.
A alternativa dos panfletos digitais pode ser interessante para estes lojistas, mas a consultora de marketing digital e professora da PUC-PR Luisa Barwinski chama a atenção para a importância de também das empresas investirem em tecnologias próprias, nos dias de hoje. “Ter um site pode ser vantajoso para qualquer negócio, já que confere credibilidade justamente por poder ser encontrado no Google e outros buscadores. Ter um site garante mais relevância para sua marca, além de você ter o controle total sobre ele”, aponta.
Além disso, Barwinski reforça o que muitos já sabem, mas acabam não fazendo. “O primeiro passo é tentar compreender os hábitos do seu cliente. Para bastante simples, mas muitos empreendedores acabam não fazendo esta parte da “lição de casa” e acabam amargando alguns prejuízos pela falta desta informação”, completa.
A AondeConvem, há mais tempo em operação, possui um serviço de business inteligence que disponibiliza aos credenciados um relatório com a quantidade de engajamentos e de presença no ponto de venda. “Com isso, conseguimos demonstrar que sem desperdício de dinheiro é possível engajar, ter mais vendas e, quem sabe, repassar as vantagens para os consumidores, com melhores ofertas. É um processo em que todos saem ganhando, de quem vende a quem compra”, analisa Junior.
Segundo Luisa Barwinski, a atitude pró-ativa do consumidor depende muito do interesse do consumidor. “Tudo depende do nível de envolvimento do consumidor com este produto ou serviço que ele deseja comprar. O grau de interesse da pessoa é o que define se ela vai ter uma postura mais pró-ativa ou passiva em relação à busca de informações”, explica. Os canais digitais acabam reforçando, então, esta fase de busca por informação. “A quantidade de informação disponível online é gigantesca. Isso dá um suporte sólido à tomada de decisão do consumidor, já que ele pode ampliar sua busca em diversas fontes, desde conteúdos informativos produzidos pelas próprias marcas até comentários e avaliações feitas por outros consumidores”, acrescenta a consultora.
Consciência versus conveniência
Quando falamos em desperdício, não falamos só de dinheiro. “É também uma questão ambiental. Com a digitalização dos panfletos, diminuímos o uso de papel, a emissão de CO2, a poluição nas cidades, o entupimento de bueiros”, destaca o presidente da AondeConvem. “Quando você tira o desperdício, evita danos ao meio ambiente. É importante que as empresas se preocupem com isso e o consumidor vê esta consciência com bons olhos”, adiciona.
Figueiredo, da HitGo, também fala da mesma preocupação. “O empresário paga a impressão, a distribuição e não tem garantido que as pessoas vão ler seu material. A maioria pega e joga fora logo em seguida”, complementa.
De fato, empresas preocupadas com o meio ambiente ganham alguns pontos, mas Barwinski afirma que este é um ponto delicado. “Concluir que isso por si só é um motivador de compras pode ser arriscado. As iniciativas de responsabilidade são muito relevantes, mas, nestes casos, é muito provável que a conveniência de ter as ofertas sempre à mão seja maior que algum tipo de consciência ambiental”, afirma. “Este pode ser um bom argumento de vendas para o lojista que vai anunciar na plataforma, já que ele economiza em diagramação e impressão e ainda pode atingir mais pessoas por estar em uma plataforma digital. Porém, para o consumidor final, este apelo pode ser “mascarado” pela conveniência”, finaliza.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”