Um dos grandes desafios dos supermercados é lidar com as filas. Nos horários de pico, mesmo as unidades com uma vasta fileira de caixas não conseguem dar conta da alta demanda. Para atacar esse problema, o Condor está testando, na unidade da Rua Nilo Peçanha, em Curitiba, uma solução promissora: o Jade, um caixa semi-automático que é até cinco vezes mais rápido que o tradicional.
Assista: Vídeo do Jade, caixa semi-automático do Condor, em funcionamento
Posicionado bem no meio da fileira dos caixas tradicionais, o Jade chama bastante a atenção. O aparato relativamente volumoso em formato de “V”, sobre a esteira, é responsável por fazer a leitura automática dos produtos. Em seu interior, 16 câmeras e um conjunto de sensores trabalham em ritmo acelerado para identificar rapidamente tudo que passa ali no meio.
De acordo com Vladimir Torres, gerente de TI do Condor, o Jade chega a ser cinco vezes mais rápido que um caixa convencional e substitui, em produtividade, quatro desses.
Fábio Lopes, executivo da Datalogic, empresa que comercializa o Jade no Brasil, explica que suas câmeras e sensores tentam primeiro identificar o produto pelo código de barras. Para isso, eles fazem a análise de todos os ângulos — inclusive por baixo, através de uma faixa próxima ao final esteira.
Paralelamente, as câmeras também fotografam e guardam imagens dos produtos. Essas fotos servem tanto como alternativa ao código de barras, quando esse está ilegível ou avariado, quanto de método de entrada para os novos, ainda estranhos ao sistema. A tecnologia de imagem da Datalogic tira várias fotos de diferentes ângulos de cada produto e extrai das imagens nove informações como, por exemplo, cores, dimensões e tipo de fonte/letra. Ao serem combinadas, essas informações geram uma “impressão digital” e são registradas no sistema.
A abordagem híbrida traz uma vantagem imprescindível ao cliente: não é preciso posicionar os produtos de um jeito específico para que a leitura ocorra. Mesmo que o código de barras esteja virado para baixo ou até oculto, o Jade consegue fazer a leitura pelo reconhecimento de imagens. A única exigência é que os produtos sejam colocados em fila indiana (um atrás do outro). Torres diz, porém, que já estão sendo feitos testes para que o sistema reconheça produtos próximos, o que pode acelerar ainda mais a leitura.
Clientes e funcionários
Nos pouco mais de 40 minutos que a reportagem passou no Condor, vários clientes usaram a máquina. Os mais experientes demonstraram habilidade no uso da máquina elogiaram a velocidade e praticidade da solução, dizendo preferirem-na aos caixas tradicionais. Os que usaram o Jade pela primeira vez chegavam desconfiados, mas, com a ajuda de um funcionário do Condor, pegavam o jeito rapidamente. Em ambas as situações, a velocidade do processo foi notavelmente maior que a dos caixas tradicionais.
O procedimento para o cliente é simples. Na frente do caixa há uma tela sensível a toques. É preciso tocá-la para iniciar o sistema. Em seguida, ela pergunta se o cliente faz parte do clube de fidelidade do mercado e se deseja informar seu CPF.
Respondidas essas perguntas, é preciso colocar os produtos na esteira. A tela exibe em tempo real os que vão passando, com nome, preço unitário e total da compra. Se algum não é identificado, a cor do fundo da tela muda, de verde para vermelho, e uma faixa de LED na esteira também, nas mesmas cores. Terminada a leitura das compras, a tela pede para que o cliente avance alguns passos para efetuar o pagamento, que no momento só é feito com cartões de crédito ou débito em nome da velocidade, ao funcionário que opera o Jade.
Cada máquina precisa de dois funcionários humanos para funcionar. Lopes, da Datalogic, explica que embora se trate de “um sistema melhor e mais rápido de leitura”, e ele “não substitui o operador de caixa”.
Um dos funcionários monitora as leituras e intervém, com um scanner de mão, nos produtos que o Jade não consegue ler, aqueles indicados em vermelho na tela e na faixa de LED da esteira. (Segundo Torres, o índice de erros fica abaixo dos 2%.) Os hortifrúti também não são lidos pelo sistema; eles precisam ser pesados e lidos manualmente pelo funcionário no caixa.
O outro fica no empacotamento. Devido à velocidade das leituras, é preciso um funcionário dedicado para que essa parte não gere gargalos no processo. O Jade tem duas bocas para as compras lidas, outra medida para que essa parte final não gere lentidão e filas na outra ponta do caixa. Com essa bifurcação, é possível começar um novo atendimento enquanto o cliente anterior ainda estiver empacotando as suas compras.
Expansão
A unidade instalada no Condor foi a primeira a entrar em operação no Brasil, em fevereiro deste ano. Torres, gerente de TI do Condor, diz que 2017 está sendo a fase de testes e que se a aceitação e a produtividade se mantiverem boas, é possível que outras sejam implementadas. Desde o início da operação, conta, várias melhorias já foram feitas, no software e em partes físicas do equipamento, caso da esteira, que precisou ter os motores reforçados para aguentar as jornadas de 16 horas diárias de trabalho praticamente ininterrupto.
Mesmo que a expansão ocorra em 2018, não há perspectivas imediatas de que o Jade substitua todos os caixas convencionais. O maior entrave ainda é o preço, cerca de US$ 50 mil por unidade. Como a máquina visa atender compras de maior volume, o “melhor cliente do mercado”, segundo o executivo da Datalogic, continuará havendo espaço para caixas rápidos e mesmo os convencionais.
O primeiro Jade em operação no Brasil foi fruto de um investimento conjunto do Condor, Datalogic e da Fast, que faz os balcões usados nos caixas tradicionais e desenvolveu um especialmente para o Jade. De lá para cá, outros dois já entraram em operação e para os próximos dois meses, mais nove máquinas devem começar a funcionar. A do Condor de Curitiba continuará sendo a única do Paraná.
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