No interior do Paraná, surgiu um pequeno robô com vontade de ajudar as pessoas no trabalho e cuja personalidade é maleável. Batizado de Tinbot, o robô da DB1, sediada em Maringá, é fruto do interesse de um programador pelo assunto e virou uma das grandes apostas para o futuro da empresa.
Em junho de 2016, Marco Diniz Garcia Gomes, programador da DB1, decidiu colocar em prática o conhecimento que havia adquirido em eletrônica e robótica. Unindo o útil ao agradável, ele resolveu tentar criar um robô que pudesse ajudá-lo no trabalho que desempenhada na DB1, como programador. Batizou-o de Tinbot e começou o trabalho.
“A primeira versão do Tinbot era feita com palitos de sorvete, bem caseira, bem hobby, sem nenhuma expectativa”, contou Gomes. O objetivo era torna-lo um “scrum master”, uma espécie de líder de projetos de programação que aponta erros em códigos de programação e coordena equipes.
A ideia foi bem vista pela DB1, que, seis meses depois, acelerou o projeto a partir de uma parceria com Gomes a fim de transformá-la em um produto para o mercado. O reforço foi bem-vindo e, em meados de 2017, os primeiros modelos estavam sendo usados dentro da DB1 e vendidos a alguns parceiros pioneiros.
Na equipe de Gomes, o Tinbot aponta os erros e critica códigos ruins gerados por humanos — em tom bem humorado e com piadas entre uma bronca e outra. A personalidade do robô foi atribuída pela equipe, que é mais descontraída e receptiva às brincadeiras. Para ilustrar a flexibilidade do Tinbot, Gomes contou que a outra unidade em uso na DB1, no setor de licitações, é mais séria: não faz piadas e fala menos, interferindo só quando é estritamente necessário.
O formato do Tinbot, simpático e mais parecido com a imagem que muitos têm de um robô, ou daqueles que vemos em filmes e na literatura, é um fator-chave do projeto. Questionado se as funções dele não poderiam ser implementadas em software puro, numa espécie de aplicativo para computadores ou celulares, Ana Maria Cimadon Garcia, coordenadora de marketing da DB1, disse que, embora possível, isso tiraria o apelo dele: “É impressionante como as pessoas se encantam com o hardware. Percebemos o sorriso que as pessoas dão [quando veem o Tinbot]. A aceitação das broncas é mais positiva do que se fosse um humano”.
Personalidade e habilidades
Além do uso interno, o Tinbot já foi comprado por outras empresas, como o banco Sicoob e a Unicesumar. O robô já vem com algumas funcionalidades pré-definidas, como a de se apresentar e pequenas interações, mas pode ser personalizado para atender as demandas do cliente.
A lista de habilidades do Tinbot é vasta. Ele tem reconhecimento de fala e facial, captura fotos, movimenta a cabeça, os braços, mãos e o torso, e tem LEDs coloridos e no lugar dos “olhos” para exprimir emoções. A autonomia da bateria é de duas horas.
São dois níveis de personalização, ou modos de configurá-lo. A mais acessível envolve ações simples como apontar locais e se movimentar. Ela é programada com comandos em português e aceita até emojis, que podem ser usados para alterar o humor do Tinbot.
A outra, baseada em integrações a outros sistemas da empresa-cliente, é mais complexa e exige um programador especializado em JavaScript. Além da voz, o Tinbot também pode ser acionado por agendamento ou via aplicativos externos que conversem com a sua programação.
Apesar desse obstáculo, Gomes garante que o objetivo é tornar o Tinbot um robô acessível. E, apesar do visual, não há planos para comercializá-lo no segmento de consumo, como se fosse um brinquedo. O Tinbot foi feito exclusivamente para trabalhar.
Expansão
Cada unidade do Tinbot custa R$ 10 mil, “o equivalente a um bom notebook”, segundo Ana Maria.
Até o momento, cinco unidades foram vendidas e outras cinco já encomendadas no modelo que a DB1 chama de “protótipo”, em que os Tinbots são fabricados dentro da empresa, com o auxílio de impressoras 3D, e vendidos diretamente.
A DB1 planeja vender 50 unidades do Tinbot nesse modelo “protótipo”. Em paralelo, planeja uma expansão da investida, colocando o Tinbot em caixas e vendendo o robô no varejo. A expectativa, segundo Ana Maria, é que esse canal de vendas seja iniciado na metade de 2018.