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USB-C

Transição para o USB-C, nova versão do conector que não tem “lado errado”, pode demorar

MacBook com tela de 12 polegadas e sua única porta USB-C | Maurizio PesceFlickr
MacBook com tela de 12 polegadas e sua única porta USB-C (Foto: Maurizio PesceFlickr)

Em maio, a Microsoft anunciou dois novos computadores, o Surface Laptop e a nova geração do Surface Pro. (Nenhum está disponível no Brasil.) As portas da nova conexão USB-C, que, aposta a indústria, em breve será o novo padrão, não são vistas em nenhum deles. Em paralelo, os últimos notebooks da Apple, o MacBook com tela de 12 polegadas e o novo MacBook Pro, têm apenas portas USB-C. O futuro já chegou, trazido pela Apple, ou a empresa queimou a largada?

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O USB-C tem algumas vantagens importantes em relação ao padrão atualmente em uso, o USB-A. Além de taxas de transferência de dados mais altas e de compartilhar o formato físico com o Thunderbolt 3, outro padrão de conexão ainda mais rápido, o USB-C é menor e não tem “lado errado.” Assim como o conector Lightning, da Apple, o USB-C pode ser espetado de qualquer lado em celulares, computadores e outros dispositivos. E, como ele transporta mais carga do que o velho USB-A, pode ser usado para recarregar com rapidez baterias diversas. É o caso dos MacBooks.

O problema é que nenhuma vantagem, por melhor que seja, é capaz de suscitar uma troca imediata e total dos acessórios e cabos que as pessoas usam atualmente. E, com algumas exceções, quase todos ainda usamos o velho USB-A. Em empresas, onde aquisições costumam ser feitas em volume e os gastos precisam ser melhor justificados, a transição é ainda mais delicada. Basta ver a confusão que se desenhou no mercado consumidor para antecipar o que será no corporativo.

Convivendo com adaptadores

Clientes da Apple que compraram o novo MacBook Pro reclamam frequentemente da dificuldade que é conviver com a ausência de portas USB-A e acessórios mais antigos que usam o padrão. Nem mesmo o iPhone é compatível – na outra ponta do cabo Lightning, ainda temos uma velha USB-A.

Hoje, a aquisição de um desses notebooks é acompanhada, quase que obrigatoriamente, de adaptadores vendidos à parte. A demanda por eles foi tão grande (e as reclamações, tão altas) que, em novembro de 2016, a Apple derrubou os preços dos seus adaptadores oficiais.

Panos Panay, vice-presidente de dispositivos da Microsoft, brincou com a situação em entrevista ao site norte-americano The Verge: “Se você adora USB-C, significa que você adora adaptadores. Estamos dando um adaptador às pessoas que adoram adaptadores.” A brincadeira tem um fundo de verdade, já que a Microsoft venderá mesmo um cabo adaptador de USB-A para USB-C para ser usado em seus computadores.

Se nos Estados Unidos o assunto é incerto, aqui no Brasil, onde a Apple tem um volume de vendas menor, a transição pode demorar mais. Pedro Hagge, analista da consultoria IDC Brasil, disse que “a Apple aposta um pouco antes que o mercado como um todo em novas tecnologias,” e que “isso vai demorar um certo tempo no Brasil, ao contrário dos EUA onde os produtos são mais acessíveis. Aqui, são nicho, pela [baixa] acessibilidade decorrente dos preços.”

Mesmo empresas que trabalham com computadores mais acessíveis no país, como a Acer, têm implementado o USB-C apenas em modelos mais caros. O Switch Alpha 12, da Acer, é um híbrido que vem com portas do tipo e custa R$ 5.999.

Outras fabricantes, como a Lenovo, dona da famosa marca de computadores ThinkPad, adotam uma política de transição. A nova versão do ThinkPad X1 Carbon, notebook premium anunciado em janeiro, traz duas portas USB-A e duas USB-C. Hagge acha que a abordagem híbrida pode ajudar nesse período de transição. 

Transição é inevitável

Transições de padrões costumam ser difíceis e polêmicas. A Apple tem o histórico de acelerá-las, porém: foi a primeira a remover o slot para disquetes em seus computadores e a acabar com o leitor de CDs e DVDs. A situação do USB se assemelha a esses casos.

O  consumidor que embarca no USB-C hoje sofrerá um pouco, mas, caso o formato vingue, estará tranquilo pelos próximos anos – e, considerando o tempo de vida que computadores costumam ter, é uma aposta válida. Hagge acha que esse tipo de evolução é inevitável, embora “leve algum tempo até que tudo seja adaptado.”

Até a Microsoft concorda. Na mesma entrevista, Panay disse que “adoro a tecnologia do USB-C, e acredito nela. Quando o USB-C estiver pronto para os consumidores, para facilitar [a vida deles], nós estaremos lá.” Se depender da indústria, é apenas questão de tempo para que aqueles segundos tentando acertar o lado certo do conector USB se juntem à lembrança dos CDs riscados e ao limitado espaço dos antigos disquetes.

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