Embora empresas como Uber e Cabify tenham se tornado conhecidas por disputas (nem sempre pacíficas) com serviços de táxi mundo afora, a mobilidade urbana oferecida por essas startups tem aumentado consideravelmente seu rol de serviços ultimamente. São bicicletas, motos, até pedestres, barcos e helicópteros transportando pessoas, comida e documentos corporativos.
A última adição em território brasileiro é o sistema de motofrete premium disponibilizado pela Cabify em São Paulo (SP). Batizado de Cabify Express, o serviço oferece entregas por motocicleta para clientes corporativos, garantindo “profissionais 100% regulamentados” junto à prefeitura da cidade.
O funcionamento é semelhante ao do transporte de passageiros: o motoboy é solicitado por meio do aplicativo ou da plataforma web do Cabify, que então seleciona o que estiver mais próximo do local. Há a opção de dividir os custos do transporte entre destinatário e remetente.
“Temos a mobilidade urbana em nosso DNA, e sabemos que o transporte de pequenas cargas e documentos em grandes centros é uma necessidade de várias pessoas”, diz o diretor geral da Cabify do Brasil, Daniel Velazco-Bedoya, explicando a ideia por trás do Cabify Express. “Oferecendo uma nova modalidade dentro de uma mesma negociação corporativa e entregando faturas separadas, divididas por tipo de serviço, aumentamos nossa oferta de valor.”
Uma bicicleta ou um par de tênis já servem
A ideia de flexibilizar com serviços e meios de transporte alternativos aparece no Uber sob o título de “Deliver with Uber” (entregue com a Uber, em tradução livre). “Não tem um carro? Sem problema”, consta no site da startup. “Dependendo da cidade em que você resida, é possível utilizar uma bicicleta ou uma lambreta (...) para fazer entregas e ganhar dinheiro.”
No Brasil, o serviço está disponível apenas em São Paulo (SP), por meio da plataforma de entregas para restaurantes UberEATS. Para atuar como um entregador associado, é exigido que o candidato tenha mais de 18 anos (bicicleta) ou 19 anos (carro e moto), esteja apto a trabalhar e consiga se deslocar de forma eficiente pela cidade. Assim como os serviços para o transporte de passageiros, o UberEATS admite jornadas de trabalho flexíveis, com início e término escolhidos pelo parceiro. Segundo a Uber, há atualmente dezenas de ciclistas trabalhando com a modalidade na capital. Algumas, dependendo da distância, podem ser feitas até mesmo a pé.
Por fim, para quem quiser atuar com um carro, as entregas do UberEATS trazem a vantagem de critérios menos restritivos para a admissão do veículo. “Carros mais velhos e de duas portas são bem-vindos”, diz o site, exigindo apenas que o veículo não seja anterior a 1997.
Pelo ar, por terra e pela água
Longe de ficarem presas apenas aos transportes terrestres, as aplicações de mobilidade urbana aos poucos experimentam soluções na água e no ar. No Brasil, o UberCOPTER passou a oferecer translados de helicóptero para cidades do estado de São Paulo. Com preços comparáveis aos do UberBlack (modalidade de carro mais cara oferecida), o serviço aéreo é fruto de uma parceria com a Airbus e disponibiliza aeronaves com assentos para cinco passageiros – desde que não seja ultrapassado o limite de 500 Kg. O modelo de cobrança, entretanto, é individual.
Embora os táxis aquáticos por aplicativo ainda não estejam disponíveis por aqui, quem mora ou já passou por Istambul, na Turquia, ou por algumas cidades da Croácia provavelmente já teve a oportunidade de experimentar o UberBOAT. A modalidade utiliza lanchas com capacidade para até oito passageiros, conduzindo turistas e nativos entre pontos pré-determinados – normalmente, como uma forma de contornar o tráfego intenso dos centros urbanos.
Mas a Uber pretende ir além dos barcos, aviões, carros e motocicletas num futuro mais próximo do que parece. Em parceria com algumas empresas, inclusive a Embraer, a Uber espera lançar seu serviço de VTOL, sigla em inglês para “veículo de decolagem e aterrissagem vertical”, que seria, na prática, um helicóptero elétrico, até 2023. Antes disso, a tecnologia será testada em Dallas, no Texas, e em Dubai, no Emirados Árabes Unidos, onde deve ser apresentada ao público em 2020, na World Expo.
A expectativa da Uber é de que, a longo prazo, o custo das viagens por VTOL, que vem sendo chamada de o UberELEVATE, custe metade de uma corrida por UberBlack hoje.