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Vale a pena? O que as primeiras análises dizem do iPhone X

iPhone X | Apple/Divulgação
iPhone X (Foto: Apple/Divulgação)

Na próxima sexta (3), o iPhone X será lançado nos Estados Unidos e em alguns outros países. Apresentado pela Apple como o futuro do smartphone, o aparelho é, antes de qualquer análise mais aprofundada, o que traz a mudança mais radical da linha. Melhor? Pior? As análises tentam responder.

O iPhone X traz, resumidamente, as seguintes mudanças em relação ao iPhone 8 e 8 Plus, anunciados ao mesmo tempo em setembro: 

  • Tela com tecnologia OLED em vez de LCD. O painel OLED é mais fino, leve, oferece brilho mais forte e um preto mais profundo — o que, de quebra, ajuda a economizar energia, já que pixels nessa cor são “desligados” individualmente. 
  • Design diferenciado, com a tela ocupando praticamente toda a superfície frontal. O botão de início, presente em todos os iPhone até então, sai de cena. 
  • Face ID, tecnologia de reconhecimento facial capaz de identificar o proprietário do aparelho com uma taxa de erros de 1 em 1 milhão. O Touch ID, baseado na impressão digital e usado desde o iPhone 5s, tem uma taxa de erros de 1 em 50 mil. 

Essas novidades encareceram o iPhone X, que sai por US$ 999 — no Brasil, rumores apontam que ele começará em R$ 5.999. O iPhone 8 começa em US$ 699, ou R$ 3.999. 

Abaixo, um “unboxing” (o que vem na caixa) do iPhone X por Marques Brownlee (em inglês):

Navegação por gestos 

Nicole Nguyen, do BuzzFeed, comenta que os novos controles do iPhone X derivados da ausência do botão de início são convenientes, apesar da curva de aprendizado: “Depois que aprendi a nova coreografia dos dedos, usar o novo iOS ficou ok. Mas nos dois primeiros dias, foi uma bagunça de deslizar de dedos”. 

Para quem está acostumado aos controles antigos, o novo sistema pode ser intimidador: “deslize de baixo para cima para voltar à tela inicial. Deslize de cima para baixo a partir do canto direito para a Central de Controle. Deslize de baixo para cima e segure [o dedo] para abrir a multitarefa. Aperte e segure o botão lateral de liga/desliga para ativar a Siri. Aperte e segure o botão lateral de liga/desliga e o de baixar o volume para desligar o celular… e assim vai”. 

No The Verge, Nilay Patel diz que os gestos são “basicamente as mudanças do iOS 11 no iPhone X, além dos vários arranjos relacionados à ‘testa’ da tela. Se você está comprando um iPhone X esperando uma mudança radical em sua experiência com o iPhone, bem, você provavelmente não terá isso. A menos que você realmente deteste desbloquear seu smartphone”. 

A ‘testa’ da tela 

O compartimento no topo da tela do iPhone X abriga o sofisticado mecanismo de autenticação usado pelo Face ID. É a chamada câmera TrueDepth. Desde o anúncio do modelo, ela tem sido fonte de discussões infinitas sobre o quanto ele atrapalharia ou não o uso. 

Steven Levy, da Wired, diz que a ‘testa’, como alguns chamam o entalhe na tela que abriga a TrueDepth, é algo a que se acostuma: “É um revés estético, mas você se acostuma a ele, como assistir a uma peça com alguém com um cabelo muito grande na fileira da frente fora do seu centro — uma pequena distração na sua visão periférica que você cedo ou tarde ignora”. 

O maior problema, ainda que um temporário, está nos apps que não foram adaptados à ‘testa’. Patel: “Infelizmente, o topo da tela é marcado pela ‘testa’ e até que muitos desenvolvedores façam um grande esforço para trabalhar em torno dela, será difícil extrair o máximo dessa tela. Digo, literalmente: muitos apps não usam boa parte da tela no momento”. 

Apps que não foram adaptados apresentam faixas em cima e embaixo, o que torna o iPhone X muito parecido com os modelos anteriores (6 ao 8). Nguyen aponta alguns apps que ainda não foram adaptados: todos do Google, Spotify e o da Apple Store. Segundo ela, “do jeito que está, o iPhone X não parece ser ‘o futuro do smartphone’ quando eu abro alguns dos apps que mais uso. Parece que estou olhando para o mesmo retângulo de vidro em que olhei na última década”. 

Ela também reclama da outra ponta da tela, a de baixo. Quando o teclado está visível, uma porção generosa da tela é desperdiçada sem exibir nada. Poderia haver ali, sugere, atalhos para pontuação, emojis frequentes ou qualquer coisa. “É intrigante por que a Apple não colocou algo mais útil ali embaixo, ou por que ela não acrescentou uma fileira de números ou emojis na parte de cima e empurrou o teclado para baixo a fim de deixa-lo mais amigável ao polegar”. 

Em modo paisagem (com o smartphone na horizontal), os problemas pioram. Voltando à análise de Patel: “O modo paisagem no iPhone X é, em geral, uma bagunça: a ‘testa’ vai de um elemento meio que ignorável na barra de status no topo para uma interrupção gigantesca no lado da tela. Ainda não vi nenhum app capaz de resolver esse problema. E a barra do início no rodapé da tela geralmente fica sobre o conteúdo, lembrando a você eternamente que é possível, com um deslizar do dedo, sair para sempre do caos do modo paisagem”. 

Face ID 

O Face ID é, provavelmente, o ponto mais enigmático do iPhone X. No material promocional da Apple, ele funciona maravilhosamente bem. Na prática? As opiniões são mistas. 

Levy: “Funciona? Bastante. Ele parece confiável no sentido de barrar intrusos. Como ele lidou com o meu verdadeiro rosto é outra questão. Houve vezes em que, mesmo com uma visão clara do meu rosto, o iPhone X me ignorou”. 

Ao relatar o problema à Apple, a empresa disse que talvez Levy tenha ativado a função que exige que o usuário olhe diretamente para a “testa” do iPhone X para desbloqueá-lo. Nguyen aborda essa função com maior profundidade, dizendo que a exigência de se olhar para os sensores vem ativada por padrão e “oferece uma camada extra de segurança”, de acordo com a Apple. 

Com ela, aliás, o Face ID foi consistente. Por uma (in)feliz coincidência, Nguyen foi atacada na pálpebra por um mosquito na véspera de pegar o iPhone X e teve que configurar o Face ID com o olho direito inchado. Ela relata: “mas, de modo notável, ao longo dos dias que se seguiram, na medida em que me rosto voltava ao normal, o Face ID se manteve a par do meu olho mutante e eu não tive que reconfigurá-lo nenhuma outra vez”. 

Leia também: O que acontece quando um policial aponta o iPhone X para seu rosto?

A repórter do BuzzFeed comenta outras funções espertas possíveis pelos sensores do Face ID: “Se o seu alarme dispara ou alguém te liga e ele sente que você está olhando para a tela, o volume diminui. Se ele consegue reparar que você está olhando para a tela, mas não está tocando a tela (talvez lendo alguma coisa mais densa), a tela não apaga sozinha”. 

Animoji 

Animoji é como a Apple chama os 12 emojis que, com o poder da câmera TrueDepth, falam e fazem expressões faciais idênticas à do dono do iPhone X. Você pode se transformar em um macaquinho, um unicórnio ou até mesmo o montinho de fezes e mandar essa animação para amigos através do iMessage. 

Surpreendentemente, sobraram elogios a esse recurso. “É provavelmente o melhor recurso do iPhone X”, escreve Patel. Levy escolheu o Animoji para para exibir o iPhone X a amigos que perguntavam “o que ele faz?” ao vê-lo com o aguardado smartphone. Mas ele se justifica: “embora algo aparentemente frívolo — e, pelo menos até que o fator novidade suma, meio que divertido —, esses Animojis condensa alguns dos avanços tecnológicos mais sofisticados do iPhone X, os traços que o torna único: reconhecimento facial, sensores exóticos, uma câmera avançada e chips poderosos que potencializam gráficos e aprendizagem de máquina”. 

Há, de fato, muita tecnologia por trás desses emojis animados. Somente assim foi possível a eles, por exemplo, capturar o olho inchado de Nguyen nos primeiros dias do seu teste. 

Tela 

Patel: “a tela de OLED do iPhone X é brilhante, definida, vibrante sem cair na paródia e , em geral, um prazer constante de se olhar. O sistema True Tone da Apple ajusta automaticamente a temperatura da cor à luz ambiente, as fotos são exibidas em uma gama maior de cores e há até suporte ao Dolby Vision HDR, de modo que filmes em HDR da iTunes Store são exibidos com mais brilho e maior alcance dinâmico”. 

Levy constata que o design “all screen”, ou seja, com a tela ocupando toda a parte frontal do iPhone X, permite que ela seja grande sem aumentar o tamanho do aparelho em si. A tela do iphone X tem 5,8 polegadas, ligeiramente maior que a do iPhone 8 Plus, de 5,5 polegadas; seu tamanho físico, porém, está mais próximo do iPhone 8, que tem tela de apenas 4,7 polegadas. “O iPhone X é um telão em um formato compacto — um cinema dentro de uma cabine de fotos instantâneas”. 

Nguyen diz que “comparada à de outros iPhone, é muito mais fácil de ler, assistir a vídeos e, resumidamente, de *ver* a tela [do iPhone X], especialmente sob a luz direta do Sol, e mesmo usando óculos escuros”. Tais características seriam vantagens do uso do painel OLED. 

Vale a pena? 

Steven Levy acredita que, embora seja uma grande atualização, o iPhone X é o vislumbre do que está por vir a seguir: “É possível que o iPhone X seja lembrado como o precursor de uma nova leva de apps que nos deixa mais próximos de tornar a tecnologia realmente invisível”. 

Mais pragmática, Nguyen indica o iPhone X a quem gosta muito de fotografar, graças à câmera — bem parecida com a do iPhone 8 Plus, mas com a lente grande angular com estabilização ótica de imagem e abertura maior —, e para quem gosta de ter os últimos lançamentos do mercado. Em ambos os casos, esse perfil deve poder arcar com o alto custo do aparelho e seus eventuais reparos. 

Nilay Patel atesta: “É, claramente, o melhor iPhone já feito”. Mas ele não é, no estágio atual, uma atualização indispensável: “O iPhone X pode ser um grande salto em termos de hardware, mas ele roda o iOS 11 do mesmo jeito que outros iPhone recentes e você realmente não perderá nada exceto, talvez, o Animoji. O FaceID parece ter feito uma boa estreia, mas ele é definitivamente inconsistente em certas condições de iluminação. E até que seus apps favoritos sejam atualizados, você não será capaz de usar toda aquela linda tela”. 

Leia as análise na íntegra (em inglês) seguindo estes links: BuzzFeed, The Verge, Wired.

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