Nos Estados Unidos, Walmart quer automatizar as compras até a entrega na casa do cliente| Foto: Walmart/Flickr

Entregadores do Walmart responsáveis por levarem alimentos perecíveis poderão, em breve, trazê-los para sua cozinha e colocá-los em sua geladeira, mesmo que você não esteja em casa. 

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O maior varejista do mundo anunciou na sexta-feira (22) passada que está testando um programa de entregas no Vale do Silício que permite que os clientes usem tecnologias de casas inteligentes para abrir remotamente a porta para os entregadores. As pessoas também vão poder assistir a uma transmissão ao vivo da entrega conectando seus smartphones a câmeras de segurança doméstica. 

"Pense nisso — alguém faz compras para você e coloca tudo no lugar", disse Sloan Eddleston, vice-presidente de estratégia de e-commerce e operações de negócios do Walmart, em um blog da empresa

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"Como proprietário, estou no controle da experiência o tempo todo", acrescentou. "Assisto a todo o processo do início ao fim das minhas câmeras de segurança. Quando vejo o funcionário saindo pela porta da frente, eu até recebo a confirmação de que minha porta foi bloqueada automaticamente". 

Os executivos do Walmart apresentaram o programa como uma maneira de tornar as compras de mercado ainda mais convenientes para clientes que estão se acostumando a pedir comida online. Afinal, eles disseram que o aumento dos serviços de compartilhamento de viagens e de aluguel de quartos significa que muitas pessoas já estão acostumadas a entrar em carros de estranhos e a dormir em casas e apartamentos de pessoas desconhecidas. 

Mas especialistas em segurança e privacidade dizem que o novo serviço do Walmart levanta uma série de questões únicas para proprietários, companhias de seguros e outros envolvidos. 

"Sempre há consequências indesejadas que surgem com novas ideias", disse Albert Gidari, diretor de privacidade do Stanford Center for Internet and Society. "Pode ser assustador e intrusivo, mas também há uma série de riscos de segurança e questões de responsabilidade no caminho: o que acontece se houver um roubo ou dano, ou uma mordida de cachorro? A política de seus proprietários cobre esses cenários? Como as companhias de seguro reagirão a isso?" 

Disputa com Amazon

A mudança ocorre no momento em que Walmart e Amazon aceleram a corrida para conquistar clientes oferecendo tecnologias cada vez mais convenientes. No início da semana, o Financial Times informou que a Amazon está trabalhando em um sistema de câmeras de segurança domésticas que permita aos clientes acessar remotamente os streamings de vídeo para ver, por exemplo, quando encomendas são entregues em suas casas. 

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O segmento de supermercados, avaliado em US$ 600 bilhões, tem sido um ponto de competição especial após a aquisição pela Amazon da Whole Foods por US$ 13,7 bilhões no mês passado. O Walmart, atualmente o maior comerciante dos Estados Unidos, anunciou nesta semana que se tornaria o primeiro varejista a permitir que os clientes usassem cupons de descontos em papel para pagar compras feitas online. A empresa também anunciou recentemente uma parceria com o Google para permitir que os consumidores comprem seus produtos conversando com o dispositivo Google Home. 

A mais recente parceria da Walmart, essa das entregas monitoradas, foi feita com a empresa de tecnologias inteligentes August Home e o serviço de entrega com a Deliv. A nova tecnologia ainda está em estágio inicial, de acordo com o porta-voz da Walmart, Ravi Jariwala. Ele acrescentou que não está clara a duração da fase de testes atual ou como o programa evoluirá. 

"Queremos começar pequeno para que possamos testar e aprender", disse Jariwala. "Isso pode não se tornar necessariamente a norma. E pode não ser para todos, certamente não imediatamente, mas vemos um grande potencial aqui". 

Gidardi, de Stanford, disse que o programa provavelmente tem apelo para o público urbano que trabalha por longas jornadas e já está acostumado a contratar pessoas para limpeza, babás e outros serviços que são desempenhados em suas casas quando estão ausentes. 

"Este é um grupo de pessoas que já está acostumado a um certo nível de intrusão", disse ele. "Mas Deus ajude o adolescente à toa ou o cão da família que não estiver esperando o entregador".

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