Os executivos do WhatsApp participam nesta sexta-feira (2) de uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, para discutir os recentes bloqueios do aplicativo de mensagens instantâneas no Brasil. O objetivo é convencer as autoridades que o aplicativo não pode quebrar a criptografia para colaborar com investigações e mostrar outros meio de cooperar com a Justiça.
As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (31), em São Paulo, pela própria equipe de executivos do WhatsApp. Eles reuniram à imprensa para falar sobre a a importância do Brasil para a empresa, criptografia e também dos casos de bloqueio do aplicativo pela justiça brasileira.
O aplicativo tem mais de 1,2 bilhão de usuários espalhados em 180 países. No Brasil, são 120 milhões de usuários, ou 10% do total. "É um mercado [o brasileiro] extraordinariamente importante para nós", afirmou o responsável jurídico da empresa Mark Kahn. “É desproporcional bloquear um aplicativo de conversa usado por tantos brasileiros”, completou.
Bloqueios
O WhatsApp já foi bloqueado pelo justiça brasileira algumas vezes desde que entrou em funcionamento no país. Em todas, o aplicativo foi bloqueado em todo o território nacional porque a empresa não forneceu às autoridades informações referentes a investigações.
Devido a isso, a equipe de executivos do WhatsApp propuseram uma uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o fato de decisões judiciais impedirem o funcionamento do aplicativo.
“Respeitamos o sistema jurídico brasileiro e suas leis e vamos tentar ajustar nossas expectativas às dele”, disse Kahn. Mas deixou claro que não pode desfazer a criptografia. "Criar uma maneira de romper a criptografia do WhatsApp enfraquece o aplicativo para todo mundo, e nos deixa vulnerável a hackers", complementa Ehren Kret, engenheiro de software.
Kahn pretende mostrar às autoridades a importância do aplicativo e a inviabilidade de romper a criptografia, além de mostrar como o app pode cooperar com a Justiça sem prejudicar seus usuários. "A última coisa que nós queremos é ser bloqueados de novo por aqui", diz.
Entre as informações que a empresa pode liberar estão o número de telefone do usuário, nome (que não necessariamente é verdadeiro), qual plataforma (Android, iOS ou Windows Phone) o usuário usa, quando começou a usar o app, qual versão do app ele tem, quais grupos participa, qual foi o último acesso dele no app e os contatos dele.
Kahn disse ainda que a empresa já teve problemas em outros países, mas que o Brasil é o único país com o qual eles enfrentam dificuldades tais como os bloqueios. A empresa nunca teve que quebrar a própria criptografia e por isso não pretende fazer isso por aqui. "Somos uma empresa dos Estados Unidos, e nem mesmo lá nós já tivemos que quebrar nossa própria criptografia."
Criptografia
A criptografia de ponta a ponta adotada pelo WhatsApp começou a ser implantada no Brasil em abril de 2016 e aos poucos foi contemplando todos os usuários do app. Hoje 100% dos usuários usam a criptografia de ponta a ponta, sem precisar ativar nada. As mensagens, áudios e vídeos já saem do celular criptografadas.
Para entender melhor: segundo os executivos, as mensagens que você envia para alguém ou em algum grupo só podem ser vistas por você e por quem as recebe. Nem o servidor central do aplicativo é capaz de ver o conteúdo das mensagens, sabe apenas que houve uma troca de mensagens entre os envolvidos.
As mensagens que são entregues ficam apenas nos celulares dos respectivos usuários, não há cópias no servidor central da empresa. Cada mensagem tem sua própria chave criptografada, ou seja, se caso alguém decifrar o código de uma conversa terá acesso ao conteúdo de uma única mensagem enviada e não da conversa inteira.
Novos negócios
Os executivos do WhatsApp também informaram que a empresa pretende desenvolver novas funcionalidades que tornem o aplicativo um meio de comunicação entre empresas e cliente.
Matt Steinfield, gerente de comunicações e relações públicas da empresa, afirmou que essa nova frente não vai rechear o aplicativo de propagandas, e que o serviço oferecido aos usuários continuará gratuito.