A Toyota do Brasil quer entrar firme no segmento de veículos compactos, que representa 70% das vendas no país. É com esse objetivo que a montadora japonesa vai construir sua segunda fábrica em lugar e prazo que ainda não foram definidos. É certo, porém, que o investimento "não será em fábrica pequena" como a de Indaiatuba (SP), cuja produção é de 60 mil carros por ano, disse ontem em Curitiba Luis Carlos Andrade Júnior, vice-presidente da Toyota Mercosul. O porte da fábrica, segundo Andrade, será dimensionado para abastecer o mercado interno e fornecer veículos para exportação.
A presença do vice-presidente da Toyota na capital para a reinauguração da Sulpar, a concessionária mais antiga que a marca japonesa tem no Brasil não desfez o mistério sobre o local em que a montadora japonesa instalará sua segunda fábrica, mas deu motivos para o Paraná continuar no páreo pelo investimento. "Nunca se disse que o Paraná é ruim. Pelo contrário. Nossos concorrentes estão aí e aparentemente felizes", disse Andrade. O estado concorre bem nos três critérios apontados por ele como essenciais para a escolha do local: facilidade logística, qualidade da mão-de-obra e topografia.
Andrade explicou que definições sobre investimentos eram mais fáceis quando a Toyota do Brasil era separada da Toyota da Argentina. "Hoje, como está organizada como Toyota Mercosul, essa equação fica muito mais complexa, porque fazemos parte de uma plataforma global que é definida pela matriz, no Japão."
Por sinal, a Argentina também estaria concorrendo "em tese" ao investimento. Mas na prática, a hipótese está descartada e cada país seguirá sua vocação. "Nosso modelo de produção prevê a complementaridade. É por isso que a Argentina faz veículos comerciais e o Brasil faz automóveis para passageiros."
A especulação sobre o local da nova fábrica começou ainda no ano passado, quando vazaram à imprensa as primeiras visitas que executivos da Toyota fizeram a cidades de vários estados brasileiros. Como o Paraná abriga o terceiro maior pólo automotivo do país, empresários do setor logo se entusiasmaram com a idéia. Ela ganhou força quando uma imobiliária de São José dos Pinhais anunciou ter sido sondada pela montadora, que estaria à procura de áreas no município onde já estão instaladas a Volkswagen e o Complexo Ayrton Senna, que reúne Renault e Nissan.
A Toyota nunca se pronunciou oficialmente sobre a data para a definição da nova unidade, que segundo diversas fontes teria sido marcada para maio e, em seguida, para agosto. O presidente da Toyota para o Brasil e o Mercosul, Shozo Hasebe, disse há pouco mais de um mês que a decisão sairia em um ano.
Além do Paraná, são vistos como fortes candidados os estados de São Paulo, Bahia, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Embora tenha boa infra-estrutura logística se comparado à maioria dos concorrentes há anos o Porto de Paranaguá tem área específica para o embarque de veículos , o Paraná ainda perde para os gaúchos, por conta do investimento que a Toyota fez em 2005 na Grande Porto Alegre, onde inaugurou um centro de distribuição para o Mercosul.
O Paraná ganha pontos por ser sede de um pólo automotivo que reúne cinco grandes montadoras, mais de 70 fornecedoras de sistemas e autopeças e emprega cerca de 25 mil pessoas. Portanto, como quer a Toyota, o estado tem mão-de-obra qualificada. No entanto, os salários pagos pelo setor são mais altos na Região Sul do que nos concorrentes do Nordeste, o que pode dificultar a "candidatura" dos três estados sulistas.