Fabricantes de turbinas eólicas iniciaram uma guerra de gigantes no mercado brasileiro, buscando vender no País equipamentos maiores, entre 4 e 5,8 megawatts (MW) e até 170 metros de diâmetro. Com isso, as torres eólicas terão alturas superiores a 200 metros, até a ponta da pá, a depender do projeto. Até então, o patamar era de 2 MW a 3 MW, com altura de até 130 metros. GE, Nordex, Siemens Gamesa, Vestas e WEG estão entre as empresas que vêm tentando vender os equipamentos de maior porte.
"O pulo de 2 MW para 5 MW, ou de 3 MW para 6 MW veio por conta da necessidade de mercado e do desenvolvimento tecnológico, inclusive de materiais, de todos os componentes da turbina", diz Rosana Santos, diretora de produto e marketing da GE Wind Onshore.
Segundo ela, turbinas maiores não são, necessariamente, melhores em todos os mercados. "Nos EUA, os clientes preferem turbinas entre 2 e 3 MW", diz. "No Brasil, as grandes turbinas se mostram adequadas, como em outros lugares, como Austrália e Europa."
A GE está em negociações avançadas para a venda desses novos produtos a projetos eólicos já viabilizados, isto é, com venda de energia já acertada. "Nos preparamos para atender ao mercado, mas temos de adequar a fábrica", diz Rosana. As primeiras turbinas devem ser entregues nos próximos anos."
A GE não foi a única a perceber a demanda do mercado. "O apetite por produto de turbina de potência maior existe e queremos estar nesse jogo", diz Felipe Ramalho, diretor da alemã Nordex para o Brasil. "Falamos basicamente de produzir mais energia com menos turbinas, o que é interessante para o investidor."
Para Ramalho, grosso modo, os projetos poderiam obter economia de 10% a 20%, a depender do projeto, não obstante o maior custo do equipamento. Isso porque o número de turbinas a ser instalado é menor, com consequentemente menos necessidade de infraestrutura de apoio.
Infraestrutura. Ao mesmo tempo em que continuará oferecendo as turbinas menores, o objetivo da Nordex é conseguir colocar as maiores nos próximos leilões do governo e também nos projetos em discussão no mercado livre. Para isso, a empresa corre para conseguir a homologação do novo equipamento junto ao BNDES, de maneira que os empreendedores possam utilizar as linhas de crédito do banco com os índices de nacionalização.
A liderança no movimento de ampliação do tamanho das turbinas foi da dinamarquesa Vestas, que anunciou a fabricação no País de equipamento de 4,2 MW. De lá para cá, a empresa fechou mais de 1.000 MW em pedidos, que começam a ser entregues neste ano. "O vento brasileiro é muito favorável para isso (grandes turbinas)" diz Rogério Zampronha, presidente da empresa no Brasil.
Dentre as empresas que lançaram recentemente nova geração de turbinas no Brasil, está a Siemens Gamesa, com um equipamento com capacidade até 32% maior em relação ao portfólio atual. O lançamento foi feito cerca de um mês depois do anúncio global, e os protótipos ainda não estão em operação. A produção deve ser iniciada até o primeiro trimestre de 2021.
"O Brasil é um mercado muito importante para a Siemens Gamesa, já que a energia eólica no Brasil é a fonte energética mais competitiva, com geração que dobra os números de outros países, graças à qualidade e intensidade do vento na região", diz Roberto Prida, diretor-geral de Onshore da Siemens Gamesa no Brasil.