Após a divulgação do balanço do terceiro trimestre e do ano de 2014 auditados, a meta da nova direção da Petrobras é reduzir o elevado nível de endividamento, que fechou o ano passado em R$ 282,1 bilhões. A mensagem foi transmitida nesta quinta-feira (23) pelos diretores da companhia em teleconferência a analistas de mercado. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, não participou.
Os analistas se mostraram mais preocupados com o futuro da companhia, fazendo muitas perguntas sobre os investimentos e o nível de endividamento, mas não fizeram qualquer questionamento em relação às baixas contábeis de R$ 50,8 bilhões por causa da corrupção apontada pela Operação Lava Jato e da má gestão nos projetos e da variação do câmbio.
Segundo Ivan Monteiro, diretor de Relações com Investidores da Petrobras, a prioridade é desalavancar a empresa. Ou seja, o objetivo é reduzir o nível de endividamento da companhia. “A diminuição da alavancagem é uma prioridade. O grau de alavancagem é elevado. O capex [investimento] já está sofrendo uma redução expressiva de 37% para 2016. Já o programa de desinvestimento é conduzido de forma confidencial. Mas essa será uma premissa importante para desalavancar a empresa.”
Segundo ele, o novo plano de negócios da companhia, que será divulgado em 30 dias, é baseado em algumas premissas como a redução da dívida. “Com relação ao fluxo de caixa, o novo plano de negócios tem como premissa a desalavancagem, o capex e a priorização de ativos com maior retorno. Vai ser um conjunto harmonioso de decisões.” Monteiro disse ainda que não existe projeto ou iniciativa em relação à capitalização ou conversão de dívida.
Grau de investimento
Segundo analistas do mercado e relatórios de bancos, com o balanço publicado, a principal ameaça agora é a perda do grau de investimento devido ao elevado nível de alavancagem. Na quarta-feira (22), a Petrobras informou que chegou ao fim de 2014 com uma relação entre a dívida e a geração de caixa de 4,77 vezes, maior que a relação de 3,52 vezes no fim de 2013. A empresa, assim como as agências de classificação de risco consideram o patamar aceitável de 2,5 vezes.
A Petrobras já perdeu seu grau de investimento na Moody´s, em decisão de janeiro deste ano. Já a Standard & Poor’s havia colocado a companhia, no mês passado, em perspectiva negativa. A Fitch, que também reduziu a nota da estatal, em fevereiro, embora ainda esteja com o grau de investimento, colocou a estatal com perspectiva negativa.
Na coletiva de divulgação do balanço de 2014 da estatal, a empresa informou que prevê investimentos de US$ 29 bilhões neste ano, menos que os US$ 35 bilhões do ano passado. Para 2016, o investimento cairá para US$ 25 bilhões. Monteiro classificou como “expressiva” a redução dos investimentos da empresa para 2016.