A mudança no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode aumentar os resultados registrados pela economia brasileira nos últimos anos. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), conta dos investimentos no PIB, deve sofrer expansão com a soma dos aportes em pesquisa e desenvolvimento, exploração e avaliação de recursos minerais e softwares, explicou nesta segunda-feira (9), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em coletiva de imprensa. “Isso aumenta o PIB”, definiu o diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto.
Na metodologia atual, essas atividades são contabilizadas como despesas. “O que antes eram apenas gastos passam a ser considerados como investimentos, como, por exemplo, a prospecção mineral”, exemplificou Olinto.
Padrão internacional
Segundo o IBGE, a nova metodologia do PIB coloca os cálculos em padrões internacionais definidos em 2008. Os primeiros números revisados, sobre o PIB de 2010 e 2011, serão conhecidos nesta terça-feira (10).
O IBGE incluirá nos dados desses anos as informações de pesquisas estruturais anuais, usadas no cálculo do PIB definitivo. Tradicionalmente, o PIB definitivo é divulgado com dois anos de defasagem, mas, por causa da atualização na metodologia, os últimos dados completos anunciados pelo IBGE foram de 2009.
Como resultado de gastos menores e investimentos maiores nos últimos anos, o país pode escapar do resultado negativo em 2014 previsto pelos economistas mais pessimistas. Segundo o último Boletim Focus, do Banco Central, a expectativa média do mercado financeiro é que o PIB brasileiro tenha ficado estagnado no ano passado (0,01% ante 2013).”Aumenta a probabilidade que o PIB de 2014 venha positivo”, avaliou Eduardo Velho, economista-chefe da corretora INVX Global Partners.
A LCA Consultores estima que, após as revisões, o crescimento econômico médio do período de 2011 a 2014 passará dos atuais 1,6% ao ano (considerando os dados até o terceiro trimestre do ano passado) para em torno de 2,5% ao ano. Nas projeções da consultoria, o PIB de 2014 deveria ficar estagnado. Com as revisões, pode subir um pouco, mas nada além de 0,5%. “Nos outros países que adotaram a nova metodologia, houve revisão da taxa de crescimento para cima”, disse o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges.
Impacto relativo
O economista Claudio Considera, que chefiou a Coordenação de Contas Nacionais do IBGE durante a implantação do Sistema de Contas Nacionais na década de 1980, duvida de taxas de crescimento maiores e crê que o principal efeito será sobre o tamanho da economia, não tanto sobre as variações ano a ano. “Vamos descobrir que o PIB é um pouco maior do que se imaginava. O valor absoluto do PIB deve crescer e vai crescer em todos os anos”, disse Considera, que hoje é pesquisador associado da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Imposto de Renda
Além da ampliação dos itens classificados como investimento, o cálculo do PIB passa a contar com informações do Imposto de Renda de Pessoa Física, da Receita Federal, sobre o consumo das famílias. Também será incorporado o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que apura a variação de preços dos produtos da indústria de transformação, e o acionamento das usinas térmicas na geração de eletricidade.
Outra novidade é que as sedes administrativas das empresas industriais passam a contar como serviços e em seu local de origem. Antes, as atividades dessas sedes contariam no PIB industrial – assim, uma parte da indústria passa para serviços. Há implicação também na composição regional: o PIB de estados onde ficam as sedes, como São Paulo, pode aumentar.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast