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Nova pista do Afonso Pena é impasse

Entorno do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, que precisa ser desapropriado. Sem nova pista, terminal fica fora da rota dos voos longos de cargas | André Luís Rodrigues/Gazeta do Povo
Entorno do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, que precisa ser desapropriado. Sem nova pista, terminal fica fora da rota dos voos longos de cargas (Foto: André Luís Rodrigues/Gazeta do Povo)

A construção de uma nova pista para o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, só sairá do papel se União e governo do estado chegarem a um acordo sobre quem deve bancar a desapropriação do entorno do terminal. Atualmente, a estimativa é de que sejam necessários pelo menos R$ 300 milhões para que as áreas tornem-se espaços de utilidade pública. A medida é fundamental para que a ampliação do aeroporto, avaliada em outros R$ 350 milhões, seja finalizada.

O imbróglio não é de simples solução. Via de regra, obras de desocupação entram como contrapartida para investimentos deste tipo, mas, segundo informações da Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado do Paraná (Seil), nenhuma exigência foi feita ao governo estadual quando o plano de ampliação do Afonso Pena foi lançado. A secretaria informou também que R$ 127 milhões já foram desembolsados para as desapropriações da área nos últimos anos, mas que espera um convênio com o governo federal para a liberação dos recursos restantes.

No entanto, não há indício de que este acordo esteja próximo de acontecer. "O processo está sendo amarrado entre estado e município, tanto os recursos como a licença ambiental", afirmou o superintendente do aeroporto Afonso Pena, Antônio Pallu, quando a segunda fase das obras iniciaram.

Projeto

Outro empecilho é que desde a assinatura do decreto de desapropriação o plano já foi alterado. Inicialmente, a ideia era construir uma pista de 3,4 quilômetros. Hoje, a pretensão é fazer a obra em duas fases: primeiro abrir uma área de 3,2 quilômetros e depois expandi-la em mais 800 metros. No entanto, com a pista em seu tamanho máximo, seria preciso redefinir o desenho rodoviário do entorno, já que a área de pouso e decolagem chegaria até o Contorno Sul – o que demanda um novo decreto.

Estudos

A Infraero indica que para que se chegue a qualquer acordo, é preciso aguardar o resultado dos estudos preliminares de construção da nova pista. Em maio, a IQS Engenharia venceu um leilão para fazer este trabalho, que tem previsão de conclusão em dezembro. Em nota, a Infraero afirma que a definição da área complementar a ser desapropriada, bem como o detalhamento da obra a ser feita, depende da conclusão dos estudos topográficos e geotécnicos. Após essa etapa, a Infraero diz depender do processo de desapropriação, que, segundo a empresa, será conduzido pela secretaria estadual.

Obra é crucial para transporte de cargas maiores

Enquanto aguarda a solução do impasse, o Paraná segue perdendo voos de cargas para outros estados. Com pistas mais longas e aptas para o pouso e decolagem de aviões cargueiros, os aeroportos de Porto Alegre e Campinas são a porta de entrada de algumas cargas de alto valor agregado que chegam ao estado.

Condições

Para que aviões possam passar pelo Afonso Pena repletos de cargas e combustível, seria necessária uma pista pelo menos mil metros maior que a atual, que tem 2,2 quilômetros. "Os aviões precisam passar por outro aeroporto dentro do país para encher o tanque e aproveitar o espaço ocioso de carga. Para ser um destino final com o máximo de produtividade, somente com uma nova pista", afirma o professor de Engenharia Aeronáutica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Alfredo Manhagal.

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