A construção de uma nova pista para o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, só sairá do papel se União e governo do estado chegarem a um acordo sobre quem deve bancar a desapropriação do entorno do terminal. Atualmente, a estimativa é de que sejam necessários pelo menos R$ 300 milhões para que as áreas tornem-se espaços de utilidade pública. A medida é fundamental para que a ampliação do aeroporto, avaliada em outros R$ 350 milhões, seja finalizada.
O imbróglio não é de simples solução. Via de regra, obras de desocupação entram como contrapartida para investimentos deste tipo, mas, segundo informações da Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado do Paraná (Seil), nenhuma exigência foi feita ao governo estadual quando o plano de ampliação do Afonso Pena foi lançado. A secretaria informou também que R$ 127 milhões já foram desembolsados para as desapropriações da área nos últimos anos, mas que espera um convênio com o governo federal para a liberação dos recursos restantes.
No entanto, não há indício de que este acordo esteja próximo de acontecer. "O processo está sendo amarrado entre estado e município, tanto os recursos como a licença ambiental", afirmou o superintendente do aeroporto Afonso Pena, Antônio Pallu, quando a segunda fase das obras iniciaram.
Projeto
Outro empecilho é que desde a assinatura do decreto de desapropriação o plano já foi alterado. Inicialmente, a ideia era construir uma pista de 3,4 quilômetros. Hoje, a pretensão é fazer a obra em duas fases: primeiro abrir uma área de 3,2 quilômetros e depois expandi-la em mais 800 metros. No entanto, com a pista em seu tamanho máximo, seria preciso redefinir o desenho rodoviário do entorno, já que a área de pouso e decolagem chegaria até o Contorno Sul o que demanda um novo decreto.
Estudos
A Infraero indica que para que se chegue a qualquer acordo, é preciso aguardar o resultado dos estudos preliminares de construção da nova pista. Em maio, a IQS Engenharia venceu um leilão para fazer este trabalho, que tem previsão de conclusão em dezembro. Em nota, a Infraero afirma que a definição da área complementar a ser desapropriada, bem como o detalhamento da obra a ser feita, depende da conclusão dos estudos topográficos e geotécnicos. Após essa etapa, a Infraero diz depender do processo de desapropriação, que, segundo a empresa, será conduzido pela secretaria estadual.
Obra é crucial para transporte de cargas maiores
Enquanto aguarda a solução do impasse, o Paraná segue perdendo voos de cargas para outros estados. Com pistas mais longas e aptas para o pouso e decolagem de aviões cargueiros, os aeroportos de Porto Alegre e Campinas são a porta de entrada de algumas cargas de alto valor agregado que chegam ao estado.
Condições
Para que aviões possam passar pelo Afonso Pena repletos de cargas e combustível, seria necessária uma pista pelo menos mil metros maior que a atual, que tem 2,2 quilômetros. "Os aviões precisam passar por outro aeroporto dentro do país para encher o tanque e aproveitar o espaço ocioso de carga. Para ser um destino final com o máximo de produtividade, somente com uma nova pista", afirma o professor de Engenharia Aeronáutica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Alfredo Manhagal.