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Troca no comando

Petrobras terá nova presidente; o que suas ideias indicam para o futuro da estatal

A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, demonstra alinhamento às intenções de Lula para a estatal. (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

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Indicada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da Petrobras no lugar de Jean Paul Prates, Magda Chambriard deve assumir em breve o cargo. Seu nome foi aprovado nesta quarta-feira (22) pelo comitê de pessoas e provavelmente será chancelado nesta sexta (24) pelo conselho de administração da estatal.

Engenheira civil, ex-funcionária de carreira da Petrobras e diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) no governo de Dilma Rousseff (PT), Magda demonstra estar alinhada às intenções de Lula para a estatal.

Em publicações recentes na revista Brasil Energia, da qual é colunista desde 2020, e em postagens em redes sociais, ela já se mostrou favorável à retomada da indústria naval brasileira, à ampliação do parque de refino da Petrobras e à exploração da Margem Equatorial, entre outros temas caros ao governo.

Confira a seguir algumas das ideias defendidas por Magda Chambriard, provável nova presidente da Petrobras.

Magda Chambriard pediu intervenção de Lula para explorar petróleo na Foz do Amazonas

Assim como o antecessor, Jean Paul Prates, Magda já se manifestou favoravelmente à exploração de petróleo na região do Foz do Amazonas, alvo de críticas de ambientalistas. No ano passado, após o Ibama indeferir uma licença solicitada pela Petrobras para perfurar um bloco na região, a engenheira questionou a decisão.

O pedido, caso aprovado, daria início à exploração da área mais promissora da Margem Equatorial, uma extensa faixa que vai da costa do Amapá até o Rio Grande do Norte com grande potencial de fornecimento de petróleo e de gás natural, que tem previstos investimentos de US$ 3,1 bilhões pela Petrobras até 2028.

“Esse penoso processo, que ainda em 2023 agrega exigências adicionais, faz parte de um aprimoramento regulatório ou é um perigoso sinal de elevação do risco Brasil?”, escreveu em artigo publicado na revista Brasil Energia.

No texto, ela diz considerar certo não “ser inconsequente e licenciar a qualquer custo”. “Mas também é certo que se precisa estar mais preparado para enfrentar o desafio do licenciamento tempestivo, sob pena de condenar o Brasil à estagnação”, afirmou.

Para ela, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), ao qual o Ibama está subordinado, não poderia “usurpar o poder de concessão da Presidência da República” e, nesse contexto, caberia ao chefe do Executivo intervir. “É ele [Lula] que tem o mandato para estabelecer as prioridades nacionais, em nome do povo, já que essas outorgas têm o aval do CNPE [Conselho Nacional de Política Energética] e da Presidência”, afirmou.

Nova presidente da Petrobras defende ampliação do parque de refino

Em outra coluna recente na mesma revista, alinhada às ideias do atual governo, Magda defendeu a ampliação do parque de refino da Petrobras. A tese bate de frente com o programa de desinvestimento iniciado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que previa a venda de oito das 13 refinarias da companhia, além de ativos relacionados ao transporte de combustíveis.

Desde a mudança de governo, o Planalto tem defendido a retomada de investimentos em refinarias. Entre os projetos que Lula pretende concluir estão a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

“O Brasil é um país continental, carente de cada vez mais energia para seu crescimento. Ou amplia-se a capacidade de processamento do petróleo cru e agrega-se valor a ele no Brasil (diga-se de passagem, que foi assim que a Petrobras cresceu) ou estar-se-á desembolsando cifras bilionárias para importar cada vez mais derivados, apesar da transição energética ser uma realidade no Brasil há décadas (hidráulica, etanol, biodiesel, eólica etc)”, escreveu a engenheira.

Em abril, ela publicou na rede social LinkedIn uma matéria da revista Oil&Gas Journal que fala sobre a construção de novas unidades de refino de baixo carbono da ExxonMobil no Reino Unido. “Para quem acha que ampliar refino é inviável, vale a leitura”, comentou.

Apoio à indústria naval nacional: Magda Chambriard já cobrou "estaleiros lotados"

Também deve caber à provável nova presidente da Petrobras a retomada da construção de embarcações petroleiras, por meio da subsidiária Transpetro. Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, um dos motivos para a insatisfação de Lula com Prates foi o baixo investimento previsto para a estatal recuperar a indústria naval brasileira.

Nos mandatos anteriores do PT, a estratégia de desenvolvimento da indústria naval brasileira, financiada com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fracassou em razão de altos custos com a produção local, além de problemas de administração e corrupção.

No fim do ano passado, Magda defendeu a ideia de retomar o programa. “Aguarda-se pelos estaleiros lotados, conforme promessa da empresa, veiculada por diversos veículos da mídia especializada, em agosto de 2023”, escreveu em novembro na revista Brasil Energia.

Futura presidente da Petrobras quer mais investimentos no Rio de Janeiro

Na mesma coluna, intitulada “Petróleo gera riqueza para quem?”, Magda defendeu que a Petrobras gere mais retorno a estados produtores de petróleo, destacando o Rio de Janeiro, estado onde atuava como consultora, na área de gás, óleo e biocombustíveis.

Segundo ela, a partir da descoberta da camada do pré-sal, havia uma expectativa de geração de riqueza que seria revertida para a sociedade, o que não teria se tornado realidade.

“Acreditou-se na constituição de um Fundo Soberano para investimentos em saúde e educação e na obrigação contratual de investimentos relevantes em bens e serviços no Brasil. Acreditou-se que a produção dessa riqueza geraria mais bem-estar social, em sintonia com as expectativas de desenvolvimento sustentável, nas quais estão incluídas a erradicação da pobreza, a educação e saúde de qualidade, redução de desigualdades, dentre outras”, escreveu.

Após mais de uma década, mudanças de governo e a pandemia de Covid-19, prossegue, “as obrigações das petroleiras de investimento no Brasil foram desfeitas e os investimentos da estatal muito reduzidos”.

“Espera-se, agora, que esse mesmo governo, assim como sua estatal, retribuam o esforço da sociedade em seu benefício e direcione ao Rio de Janeiro e demais estados capazes de fornecer bens e serviços, uma fatia de seus investimentos um pouco maior do que a que vem sendo destinada”, defendeu Magda.

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